«Fazer amor e contar histórias, ambos exigem mais do que boa técnica — mas é só da técnica que podemos falar! (…) escrever e ler ou contar e ouvir eram literalmente maneiras de fazer amor. (…) o próprio relacionamento entre o contador e o ouvinte era de natureza erótica. O papel de quem contava, ele achava, sem levar em consideração o seu sexo, era essencialmente masculino e o do ouvinte ou leitor, feminino, e a história era o veículo de seu relacionamento. (…) A narrativa, para resumir (…), era uma relação de amor, não uma violação: seu sucesso dependia do consentimento e da cooperação do leitor, que ela poderia reter ou a qualquer momento retirar; também da sua própria combinação de experiência e talento para o trabalho, e a habilidade do autor em suscitar, manter e satisfazer o seu interesse — uma habilidade da qual dependia sua vida figurativa, tão certamente como a literal, de Scheherazade.»
John Barth, em Quimera
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