Conheci José Castello na Casa do Sol, residência da escritora Hilda Hilst, em 1999, ocasião em que foi entregar, em mãos, um exemplar do seu livro O Inventário das Sombras, no qual há um capítulo dedicado à própria Hilda. O curioso é que, naquele mês, eu havia lido Qadós, conto dela, cuja descrição do protagonista — mormente sua loucura e suas vestes — me lembrou Arthur Bispo do Rosário. Eu comentara a respeito com Hilda, que nunca tinha ouvido falar dele. E aí apareceu Castello com seu livro: um outro capítulo tratava justamente de Bispo do Rosário… (Devo observar que, tal como James Joyce, Hilda também se impressionava profundamente com qualquer coincidência. Ela não conseguia esquecer-se do fato enquanto lia o que Castello escrevera sobre Rosário. Também achava ali muitas semelhanças.)
Ah, sim: O Inventário das Sombras é um ótimo livro. O capítulo sobre Clarice Lispector é bizarro, sua histeria diante do gravador linda simultaneamente com o cômico e o patético, fica difícil concluir se ela era adepta do happining — da pegadinha (digamos) –, ou se era de fato doida de pedra…
Primeira parte:
Segunda parte:
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