schiller

« Pela beleza o homem sensível é conduzido à forma e ao pensamento; pela beleza o homem espiritual é reconduzido à matéria e recupera o mundo sensível.

« Disto segue, aparentemente, que, entre matéria e forma, entre passividade e ação, deva existir um estado intermediário, ao qual a beleza nos daria acesso. Este é o conceito que a maior parte dos homens forma, tão logo começa a refletir sobre os efeitos da beleza; toda a experiência parece confirmá-lo. De outro lado, porém, nada é mais desencontrado e contraditório do que um tal conceito, já que é infinita a distância entre matéria e forma, passividade e ação, sensação e pensamento, impossível de ser mediatizada por coisa alguma. Como superar, então, esta contradição? A beleza liga os estados opostos de sensação e pensamento, e ainda assim não há mediação entre os dois. A certeza daquilo nos vem pela experiência, a disto, imediatamente através da razão.

« Este é o ponto essencial a que leva toda indagação sobre a beleza; se chegarmos a uma solução satisfatória deste problema teremos encontrado o fio que irá conduzir-nos por todo o labirinto da estética.»

Carta XVIII — Cartas sobre a Educação Estética da Humanidade, de Friedrich Schiller.