palavras aos homens e mulheres da Madrugada

Mês: agosto 2010 Page 2 of 6

Paul Johnson fala sobre criatividade e literatura

 Paul Johnson

« …o papel desempenhado pelas atividades. O castelo de cartas de Einstein era mais um exemplo de treinamento de caráter do que uma ajuda real ao pensamento criativo. Mas a maioria dos cientistas e muitos escritores têm sobre a mesa de trabalho apetrechos, bugigangas, jogos, quebra-cabeças, provavelmente por considerá-los úteis para o raciocínio. Não tenho dificuldade de concentração, e começo a escrever logo que sento à minha mesa (no cavalete ou na mesa de desenho), por isso não entendo com facilidade o raciocínio por trás desses apetrechos. Porém, em inúmeros casos, é evidente que a atividade espasmódica ou periódica ajuda o pensamento imaginativo. Assim, o fato de Dickens se levantar da mesa onde escrevia para fazer caretas diante de um espelho grande em seu estúdio não é, de forma alguma, algo incomum entre os escritores. Alguns deles desenvolvem tal resistência a escrever ou a continuar a escrever que é necessário recorrer a meios físicos para forçá-los a se concentrar. Certa ocasião, quando era editor, tive de trancar dois colaboradores em um sala vazia com uma máquina de escrever para que escrevessem ou terminassem um artigo, só permitindo que saíssem depois de concluído o trabalho. Mas muitos escritores não conseguem ter pensamentos criativos em uma sala de trabalho. Todos sabem que Wordsworth costumava compor seus versos enquanto caminhava ao ar livre, em torno do lago em Grasmere ou Rydal Water, ou descendo e subindo uma montanha. Ele memorizava as linhas que imaginava e só as colocava no papel quando voltava para casa. Às vezes, passavam-se vários dias, até semanas, para que ele colocasse no papel as palavras que tinha na cabeça. Não está claro se Wordsworth precisava caminhar para fazer poesia porque via coisas lá fora que poderia transformar em verso ou porque o simples movimento de caminhar estimulava seus pensamentos. Acredito na última opção, pois Wordsworth era, de alguma maneira, um homem distraído. Foi sua irmã Dorothy quem observou os trabalhos da natureza em detalhes surpreendentes e os anotou. Quando ambos estavam em Gowbarrow Bay, em Ullswater, quando os narcisos dançavam ao vento, foi Dorothy quem os observou e anotou em seu diário, transmitindo sua experiência visual ao irmão, que, algumas semanas mais tarde, compôs seu famoso poema. Sem Dorothy, o poema não existiria.

« No entanto, a experiência é a mãe, ou pelo menos uma das mães, da criatividade, e o que chamo de experiência é a combinação de observação e sentimento que leva a um momento criativo. Emily Dickinson não apenas observava as coisas na natureza (como Dorothy Wordsworth fazia); ela também se sentia forte, profunda ou perceptivelmente ligada a elas – e é isso que transforma seus pequenos poemas em algo de grande força e emoção. Os fortes sentimentos de Charlotte Brontë sobre sua vida, combinados a olhos e ouvidos perspicazes, a tornaram capaz de transformar a experiência, na primeira metade de Jane Eyre, em algo tão surpreendente em arte – um ato de criação raro, por sua beleza apaixonante, nos anais da literatura. Os escritores, em especial os romancistas, são extremamente criativos quando registram, embora transformados em ficção, suas experiências profundamente sentidas. Dickens sempre considerou David Copperfield seu melhor livro por esse motivo. Poder-se-ia dizer o mesmo sobre The Mill on the Floss, pois Maggie Tulliver é a jovem Mary Ann Evans, e tudo o que ela viveu e sentiu. Nesse romance maravilhoso, nas histórias de Scenes from Clerical Life, em Adam Bede e, até certo ponto, em Middlemarch, George Eliot escreve sobre coisas e pessoas que conheceu por intermédio da própria experiência direta e de seus sentimentos. Mais tarde, embora mais experiente como escritora, foi menos convincente. Para Daniel Deronda, seu romance sobre o problema judeu, e para Romola, passado na Florença renascentista, ela fez leituras cuidadosas, digeridas pela inteligência. Mas essas histórias não ganham vida do mesmo modo. Para o romancista, os livros não compensam a ausência do conhecimento direto e dos sentimentos. Flaubert escreveu Madame Bovary com emoção, a partir de suas últimas experiências com livros, e a diferença é clara. Bouvard et Pécuchet surgiu de uma biblioteca completa – natimorta. Quando vejo alguma romancista que conheço, sentada atrás de uma pilha de livros na sala de leitura da London Library, e tomando notas sem parar para seu próximo trabalho de ficção, digo com meus botões: “Ai, meu Deus!”

Reflexões sobre Arte e Literatura no romance O Doutor Jivago, de Boris Pasternak

 Boris Pasternak

« Ao lado de meu serviço, do trabalho da terra ou da prática da Medicina, gostaria de tirar a lume uma obra duradoura, essencial, quer seja uma obra científica, quer uma obra de arte!

« Ao nascer todo homem é um Fausto que deve tudo abraçar, tudo experimentar, tudo exprimir. Foram os erros de seus predecessores e de seus contemporâneos que fizeram de Fausto um sábio. Os progressos das Ciências obedecem à lei da repulsão: para dar um passo adiante, é preciso começar por derrubar o domínio do terror e das falsas teorias.

« Mas foi o exemplo contagioso de seus mestres que fez de Fausto um artista. Os progressos da Arte se fazem segundo a lei da atração: para dar um passo adiante, é preciso começar por seguir e por imitar seus precursores e inclinar-se diante deles.

« Que é que me impede de fazer meu trabalho de médico e escrever? Penso que não são nem as privações, nem nossa vida errante, nem o sentimento de instabilidade que me causam todas essas mudanças, mas antes o espírito do tempo, esse espírito de ênfase agora tão difundido: o gênero “aurora do futuro”; “edificação dum novo mundo”; “archotes da humanidade”. Quando ouvimos tais frases, dizemos em primeiro lugar: que imaginação grandiosa, que riqueza! Mas vendo-se de perto, a ênfase só está ali por causa da ausência de talento.

« Só as coisas comuns são mágicas, desde que as aflore a mão do gênio. A melhor lição é-nos dada por Puchkin. Que hino à glória do trabalho consciencioso, dos hábitos quotidianos! Em nossos dias, o termo pequeno-burguês, homem da rua, tomou entre nós o valor duma censura. Os versos da Genealogia vão ao encontro dessa censura:

“Eu sou burguês, eu sou burguês”

E na Viagem de Onieguin:

“Tenho agora como ideal
“Uma bem boa dona de casa.
“Como desejo, um canto calmo,
“Sopa de couve — um terrinão!”

« Em tudo quanto é russo, o que prefiro agora é o espírito de infância de um Puchkin, dum Tchekhov, e a indiferença pudica deles a respeito de coisas tão barulhentas como os fins derradeiros da humanidade ou sua própria salvação. Tinham também suas idéias a esse respeito, mas não tinham a vontade de abordar tais assuntos tão pouco discretos; não era de seu gosto, nem de sua competência. Gogol, Tolstói, Dostoiévski preparavam-se para a morte, inquietavam-se, buscavam o sentido da vida, tiravam conclusões, mas, até o fim, estiveram absorvidos pelos miúdos cuidados com sua profissão de artistas e nesse encadeamento de pormenores sua vida passou imperceptivelmente, como se ela não fosse também senão um pormenor íntimo e que nada tinha que ver com os outros; e agora, esse pormenor pertence a todo mundo, e, como maçãs colhidas ainda verdes, amadurece sozinho, na posteridade, ganhando sempre em sabor e significação.»

(…)

« Em resposta à devastação que a morte deixara no grupo que o seguia a passos lentos, um movimento imperioso como o da água que se afunda a cavar seus turbilhões levava-o a sonhar e a pensar, a obstinar-se nas formas, a criar beleza. Mais claramente do que nunca, via agora que a Arte, sempre e sem trégua, tem duas preocupações. Medita incansavelmente na morte e, por esse meio, incansavelmente cria a vida. A grande Arte, a Arte verdadeira, aquela que se chama Apocalipse e que o completa.»

(…)

« Três anos de mudanças, de imprevistos, de viagens; a guerra, a revolução, todos os seus transtornos, as fuzilarias, as cenas de ruína, as cenas de morte, as destruições, os incêndios, tudo isso se transformou num vácuo, nu de qualquer sentido. Após longo intervalo, o primeiro acontecimento de importância era aquela corrida vertiginosa do trem para uma casa ainda intacta, da qual a menor pedra era preciosa. Era isto a vida, era isto a experiência, era este o alvo dos buscadores de aventuras, era esta a meta final da Arte: reencontrar os seus, retornar à casa, recomeçar a existência.»

_______

O Doutor Jivago, de Boris Pasternak (1890-1960)

Arnold Toynbee fala sobre literatura e a “verdadeira arte pela arte”

Arnold Toynbee

« Não acho que seja função da literatura propagar qualquer Weltanschauung particular, boa ou má. A literatura com objetivo social ou metafísico consciente será, talvez, contraproducente. Sua função apropriada é a de descrever e comentar os fatos e problemas da vida humana. Penso que ela deve ser sincera e corajosa.»

(…)

« A verdadeira arte pela arte é também arte pela vida. Claro, a arte se esteriliza se o artista se transformar num especialista profissional que escreve primária e exclusivamente para outros especialistas, e não para todos os seus semelhantes. Da forma como entendo a situação, essa não é a arte pela arte, mas a arte pelo artista. Trata-se de uma falsa visão até mesmo dos interesses do artista. Sustento, por conseguinte, que é lamentável, e sintoma de doença social, quando literatura, ciência ou erudição se tornam esotéricas.»

Arnold J. Toynbee

Fonte: Um dos meus velhos blocos de anotações…

Atualizações semanais no Twitter em 2010-08-23

  • A Amazon diz que publica nosso ebook em 2 ou 3 dias úteis, mas já se passaram uns 6 dias úteis. Mandaram traduzi-lo por acaso? #amazonfail #
  • Ah, tudo bem, agora o Kindle está mais bonito mesmo. (Devem ter ficado com vergonha quando viram o Sony eBook reader.) http://j.mp/aVa3TL #
  • Teste para saber se vc realmente tem alguma noção sobre a saúde da democracia brasileira: se vc pensa que Serra é de direita, não tem noção. #
  • Meu antivírus,segundo os especialistas,não acusa "falsos positivos" e ele sempre bloqueia esta URL: e.busca.uol.com.br/404.html @UOLHomepage #
  • Será que um CMS (Content Management System) para uma loja virtual de ebooks própria pode tornar o escritor independente de intermediários? #
  • ¿Quem aí comentou que se sente um van Gogh cada vez que espera ser super retuitado e ninguém o retuíta? Achei ótimo. B^) #
  • Além da sujeira nas imediações do Parque Vaca Louca, digo, Vaca Brava, agora ainda incendiaram o bambuzal.Cidadão se assemelha a político… #
  • Fim da ordem social na Venezuela: «somente no mês de Julho, ingressaram à morte de Monte Belo, em Caracas, 469 cadáveres» http://j.mp/dkbkEf #
  • O Tea Party é impossível no Brasil porque não é um movimento de intelectuais, mas do povo e, aqui, o povo já foi comprado http://j.mp/aW4G7Y #
  • Parlamentares usam o programa A Voz do Brasil para fazer campanha antecipada impunemente: http://j.mp/cyzuMV (via @instmillenium) #
  • Qdo Lula foi reeleito, gravei essa conversa com o @odecarvalho: http://j.mp/aJLY9s Creio que ela vale para o caso de a Dilma ser eleita. #
  • Em Brasília, não se esqueça de tirar uma foto em frente ao Ministério da Igualdade Racial. Útil para provar aos netos que essa coisa existiu #
  • Pretismo = racismo + petismo. Aliás, eis o único site que realmente explica o que é o Ministério da Igualdade Racial: http://j.mp/9cqzoS #
  • «Não podemos "tornar-nos imortais" depois da morte se não somos imortais desde já.» http://j.mp/bTQYpD #
  • Essa promoção póstuma do Vinicius de Moraes… Ai ai… Esses politiqueiros não têm mais o que inventar. Só falta pagarem a tal indenização. #
  • O eBay está sendo inundado pelas versões antigas do Kindle… http://j.mp/csaVpu #ebooks #
  • Há 12anos,no Teatro Nacional,o já deputado @pedrowilson131 comprou um exemplar do meu livro:nunca + vi uma carteira tão recheada de dinheiro #
  • Para ser justo, os verbetes da Desciclopédia sobre a revista Veja, o Diogo Mainardi, o Olavo de Carvalho, etc. são muito engraçados também. #
  • Depois do piquenique da semana passada, toda vez que fico com fome só me lembro dos sanduíches da minha namorada… "/ #
  • Pena que Serra, Dilma, Lula, Marina, Plínio, etc. não tenham discussões assim: RT @revistabula Mais uma superprodução: http://bit.ly/9gF7Jg #
  • De novo: alguns trechos de um dos livros mais impressionantes que já li e que a Hilda Hilst fez questão que eu lesse: http://bit.ly/axWNWQ #
  • Para baixar o PDF dos meus livros: A Tragicomédia Acadêmica: http://bit.ly/b0xMx8 e A Bacante da Boca do Lixo: http://bit.ly/bgry7Q #ebooks #
  • Quem quiser mais informações sobre meus livros, inclusive imagens das capas (para julgá-los), comprá-los ou baixá-los: http://bit.ly/aSOur5 #
  • À meia-dúzia que andou me perguntando, não, infelizmente meu Twitter não é patrocinado pela McDonald's. E eu nunca como na McDonald's… :^/ #
  • Mas tenho amigos que já foram salvos da fome pela McDonald's, até em desertos de outros países. Né, @rfiume ? #
  • A idéia da imagem, em meu Twitter e blog, é mostrar o único fator a manter o capitalismo na linha… saca? E, claro, uma visão da Madrugada. #
  • No blog de um pastor da Igreja Universal (ou de qualquer outra neopentecostal), o M de McDonald's (ou D de dólar) seria maior que a cruz… #
  • Quanto à palavra Madrugada no tweet anterior, com M maiúsculo, Mário Ferreira dos Santos, com a ajuda de Nietzsche, explica… #
  • Chá de cogumelo. Chá de cogumelo é o que falta aos debates dos candidatos à presidência. Queria vê-los de quatro delirando toda a verdade… #
  • «Artista plástica cria cílios postiços feitos com pernas de moscas mortas» (saudade de artista saudável feito o van Gogh) http://j.mp/blEO0l #
  • Todos já pensaram e disseram isso: os candidatos à presidência deveriam ficar encerrados no BBB por dois meses, 24 horas sob nossos olhos. #
  • Arnaldo Jabor: «É arrepiante ver a mentira com 80% de ibope». http://j.mp/9FH5i8 #
  • Aqueles escravos que ficavam abanando seus senhores deviam aparentar a mesma satisfação dessa gente que agita bandeiras políticas na rua… #
  • Nesse BBB de candidatos, dá até para imaginar o Serra e a Dilma juntos, fazendo coiselhas úmidas debaixo dos lençóis. E o Plínio fofocando. #
  • A Marina, no BBB de candidatos,seria igual a uma tia velha e chata, exigindo que todos limpem a cozinha.E o Plínio a chamando de autoritária #
  • «Ray Bradbury Refuses To Touch eReaders» (Deixa de frescura mr. Bradbury.) http://j.mp/b43PwZ #
  • Este videoclipe http://j.mp/ckBkKI endossa o que escrevi neste post ("Literatura não é rock"): http://j.mp/cIIyID (Azar o delas…) #
  • Puts, se o Serra já está comendo todo mundo agora http://goo.gl/cpZp , imagine então depois de eleito. (via @abcaldas) #
  • Imagine como seria dar de cara com uma inimiga super gata armada até os dentes… 8^0 http://goo.gl/dFRn #
  • Gostei tanto disso que vou postar de novo (mas vê se dá um jeito de comer a candidata Dilma figa também, né): http://bit.ly/dn7M4G #
  • A Generación Y, como já repetiu Yoani várias vezes,se deve à geração com nomes estúrdios iniciados com Y.Que eu saiba, sou o único no Brasil #
  • Isto é, enquanto escritor… #
  • ¿O que será mais caro? ¿Pagar pelo resultado das pesquisas ou bancar um mensalão? Este é um problema para a @dilmahussein #
  • Os candidatos que apoiam a liberação da maconha deveriam participar dos debates fumando unzinho. Seria mais divertido e, claro, instrutivo. #
  • «O governo brasileiro se empenhará em investir milhões de dólares para recuperar o falido porto de Mariel, em Cuba» http://j.mp/baL9ho #

Os anticapitalistas: os Bárbaros chegam aos portões

Os anticapitalistas: os Bárbaros chegam aos portões from Mises Brasil on Vimeo.

Esse discurso foi apresentado na Austrian Scholars Conference (Conferência dos Acadêmicos Austríacos), ocorrida no Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, em memória de Ludwig von Mises.

O texto deste discurso traduzido para o português encontra-se aqui.

(Via Cavaleiro do Templo.)

A fé de Jesus

 Jesus, by Alex Grey

« JESUS possuía uma fé sublime, e de todo o coração, em Deus. Ele experimentou os altos e baixos comuns da existência mortal, mas religiosamente nunca duvidou da certeza da vigilância e do guiamento de Deus. A sua fé era fruto do discernimento nascido da atividade da presença divina do seu Ajustador residente. A sua fé não era nem tradicional nem meramente intelectual; era totalmente pessoal e puramente espiritual.

« O Jesus humano via Deus como sendo santo, justo e grande, assim como verdadeiro, belo e bom. Todos esses atributos da divindade, ele os focalizava na sua mente como a “vontade do Pai no céu”. O Deus de Jesus era, ao mesmo tempo, “O Santo de Israel” e “O Pai vivo e amoroso do céu”. O conceito de Deus, como um Pai, não foi original de Jesus, mas ele exaltou e elevou essa idéia como uma experiência sublime, realizando uma nova revelação de Deus e proclamando que todo ser mortal é um filho desse Pai de amor, um filho de Deus.

« Jesus não se apegou à fé em Deus como o faria uma alma que se debate em luta contra o universo, ou que se agarra à luta de morte contra um mundo hostil e pecaminoso; ele não recorreu à fé meramente como uma consolação em meio a dificuldades, ou como um conforto em meio à ameaça do desespero; a fé não era apenas uma compensação ilusória para as realidades desagradáveis e os sofrimentos da vida. Ao enfrentar todas as dificuldades naturais e as contradições temporais da existência mortal, ele experimentou a tranqüilidade da confiança suprema e inquestionável em Deus e desfrutou a imensa emoção de viver, pela fé, na própria presença do Pai celeste. E essa fé triunfante foi uma experiência viva de realização real do espírito. A grande contribuição de Jesus para os valores da experiência humana não foi de haver revelado tantas idéias novas sobre o Pai no céu, mas foi mais por ele haver, tão magnífica e humanamente, demonstrado um tipo novo e mais elevado de fé viva em Deus. Nunca, em todos os mundos deste universo, na vida de qualquer mortal, Deus tornou-se uma tão viva realidade como na experiência humana de Jesus de Nazaré.

« Na vida do Mestre, em Urântia, este e todos os outros mundos da criação local descobriram um tipo novo e mais elevado de religião, baseada em relações espirituais pessoais com o Pai Universal e totalmente validada pela autoridade suprema da experiência pessoal genuína. Essa fé viva de Jesus era mais do que uma reflexão intelectual, e não era uma meditação mística.

« A teologia pode fixar, formular, definir e dogmatizar a fé, mas, na vida humana de Jesus, a fé era pessoal, viva, original, espontânea e puramente espiritual. Essa fé não era uma reverência à tradição, nem uma mera crença intelectual que ele mantinha como um credo sagrado, era mais uma experiência sublime e uma convicção profunda mantendo-o em segurança. A sua fé era tão real e todo-inclusiva que varreu para longe, absolutamente, quaisquer dúvidas espirituais e destruiu efetivamente todos os desejos conflitantes. Nada foi capaz de afastá-lo de ancorar-se espiritualmente nessa fé fervorosa, sublime e destemida. Mesmo na derrota aparente ou nas fortes dores do desapontamento e do desespero ameaçador, ele permaneceu calmamente na presença divina, livre de medo e totalmente consciente da invencibilidade espiritual. Jesus desfrutou da certeza revigorante da posse de uma fé inflexível e, em cada uma das situações de provação, demonstrou infalivelmente uma lealdade inquestionável à vontade do Pai. E essa fé magnífica não se intimidou, mesmo diante da ameaça cruel e esmagadora de uma morte ignominiosa.

« Em um gênio religioso, uma fé espiritual muito forte, com freqüência, leva diretamente ao fanatismo desastroso, ao exagero do ego religioso, mas não aconteceu assim com Jesus. Ele não foi afetado desfavoravelmente, na sua vida prática, pela sua extraordinária fé e pela realização espiritual, porque essa exaltação espiritual era uma expressão totalmente inconsciente e espontânea, na sua alma, da sua experiência pessoal com Deus.

Søren Kierkegaard y la búsqueda del caballero de la fe

Kierkegaard

« Lo confieso con sinceridad: no he podido encontrar, a lo largo de mis experiencias, un solo ejemplar de caballero de la fe digno de confianza, sin que con esta afirmación quiera negar que quizás una de cada dos personas lo sea. Pero se da la circunstancia de que llevo muchos años buscando en vano. Generalmente viajamos por el mundo con el fin de ver ríos y montañas, estrellas de otras latitudes, pájaros variopintos, peces deformes y razas humanas grotescas; nos abandonamos a un estupor animal, que nos deja con la boca abierta ante lo existente, y concluimos por creer que hemos visto algo. Nada de eso me interesa. Pero si yo viniera a saber dónde habita un verdadero caballero de la fe, me pondría en el acto en camino hacia aquel lugar, pues esa es la clase de maravilla que me interesa. Una vez encontrado no lo perdería de vista un solo momento, observando constantemente todos y cada uno de sus movimientos. Me sentiría como quien ha encontrado un sustento en esta existencia y dividiría mi tiempo dedicando una parte de él a observarlo y otra a ejercitarme yo mismo, de modo que todo mi tiempo sería empleado en admirar-lo.»

Temor y Temblor, de Søren Kierkegaard.

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