palavras aos homens e mulheres da Madrugada

Mês: agosto 2010 Page 3 of 6

Um singelo videoclipe: “Fuck Me, Ray Bradbury!”

Algumas señoritas não têm a sorte de conhecer seu escritor predileto antes de ele ficar velhinho. Essa aí curte o Ray Bradbury, que completa este mês 90 anos de idade…

(Esse videoclipe me lembra este post que publiquei em meu antigo blog, O Garganta de Fogo. )

Do Livro dos Sonhos, de Jorge Luis Borges

Jorge Luis Borges

Episódio do Inimigo

« Tantos anos fugindo e esperando, e agora o inimigo estava em minha casa. Da janela eu o vi subir penosamente pelo áspero caminho da montanha. Ajudava-se com um bastão, um bastão rústico que em velhas mãos jamais poderia ser uma arma, mas tão-somente um báculo. Custei a dar-me conta do que esperava: a fraca batida em minha porta. Olhei, não sem nostalgia, meus manuscritos, o rascunho não terminado e o tratado de Artemidoro sobre os sonhos, um livro um tanto anômalo neste conjunto, já que não sei grego. Outro dia perdido, pensei. Tive que fazer força com a chave. Receei que o homem despencasse dali; porém, deu alguns passos incertos, soltou o bastão (que não voltei a ver) e caiu vencido em minha cama. Minha ansiedade o havia imaginado muitas vezes, mas só então notei que se parecia, de um modo quase fraternal, com o último retrato de Lincoln. Deveriam ser quatro horas da tarde.

Inclinei-me sobre ele para que me ouvisse:

— A gente pensa que os anos passam somente para nós mesmos — disse —, porém eles passam também para os outros. Aqui nos encontramos, afinal, e o que aconteceu antes não tem sentido.

Enquanto eu falava, ele havia desabotoado o sobretudo. Sua mão direita estava no bolso do paletó. Apontava-me algo, e senti que era um revólver.

Disse-me, então, com voz firme:

— Para entrar em sua casa, recorri à compaixão. Tenho-o agora à minha mercê e não sou misericordioso.

Ensaiei algumas palavras. Não sou um homem forte, e somente as palavras poderiam salvar-me. Consegui dizer:

— É verdade que há tempos maltratei uma criança, mas você já não é aquela criança nem eu sou aquele insensato. Além disso, a vingança não é menos vaidosa e ridícula do que o perdão.

— Precisamente porque já não sou aquela criança — replicou — é que tenho que matá-lo. Não se trata de uma vingança, mas sim de um ato de justiça. Seus argumentos, Borges, são meros estratagemas de seu terror para que eu não o mate. Você já não pode fazer nada.

— Posso fazer uma coisa — respondi.

— Qual?

— Acordar.

E assim o fiz. »

Jorge Luis Borges

 

Teologia

« Como vocês não ignoram, viajei muito. Isso me permitiu corroborar a afirmação de que a viagem é sempre mais ou menos ilusória, de que não há nada de novo sob o Sol, de que tudo é uma única e mesma coisa, etcétera, mas também, paradoxalmente, de que é infundada qualquer desesperança de encontrar surpresas e coisas novas: em verdade o mundo é inesgotável. Como prova disso, basta lembrar a crendice peregrina que encontrei na Ásia Menor, entre um povo de pastores, que se cobrem com peles de ovelha e que são herdeiros do antigo reino dos Magos. Essa gente crê nos sonhos. “No instante em que dormes”, explicaram-me, “conforme tenham sido teus atos durante o dia, irás ao céu ou ao inferno.” Se alguém argumentasse: “Nunca vi partir um homem adormecido; de acordo com minha experiência, permanecem deitados até que os despertem”, responderiam: “O afã de não acreditar em nada te leva a esquecer tuas próprias noites (quem não terá conhecido sonhos agradáveis e sonhos aterrorizantes?) e a confundir o sono com a morte. Cada um é testemunha de que há outra vida para o sonhador. Para os mortos é diferente o testemunho: eles permanecem, convertendo-se em pó”. »

H. Garro, Todo o mundo (1919)

Os dois textos acima são excertos do Livro dos Sonhos, de Jorge Luis Borges.

A Negação da Morte: Ernest Becker fala de Otto Rank e Kierkegaard

 Ernest Becker

« …nossa missão capital neste planeta é a heróica.»

(…)

« O instinto comum da natureza humana para com a realidade… sempre sustentou ser o mundo essencialmente um teatro para o heroísmo.» [William James, citado por Ernest Becker]

(…)

« É natural que o homem seja um animal maluco; deve viver uma vida maluca devido ao seu conhecimento da morte.»

(…)

« A aspiração por heroísmo é natural e admiti-lo é honesto. Se todos o admitissem, provavelmente se liberaria tamanha força represada que devastaria as sociedades tais como agora existem…»

(…)

« Não há [na cultura atual] um centro vital pulsante.»

(…)

« […] a religião não é mais eficaz como um sistema de heroísmo, e por isso os jovens menosprezam-na. Se a cultura tradicional é desacreditada como manifestação de heroísmo, então a igreja que a apóia automaticamente se desacredita. Se a igreja, pelo contrário, decide insistir em seu heroísmo característico, talvez constate que, de maneiras cruciais, terá de agir contra a cultura, recrutar jovens para serem anti-heróis face aos estilos de vida da sociedade em que vivem. Este é o dilema da religião em nossa época

(…)

« Todo ser humano é… igualmente preso, isto é, nós… criamos uma prisão com a liberdade…» [Otto Rank, citado por Ernest Becker]

(…)

« A pergunta […] mais importante que o homem pode fazer a si mesmo é simplesmente esta: até onde tem ele consciência do que está fazendo para alcançar um senso de heroísmo?»

(…)

« E esta é a singela verdade: viver é sentir-se perdido — aquele que aceita isso já começou a encontrar-se, a colocar-se em terreno firme.»

(…)

« A Tragédia da vida a que Searles se refere é aquela que estivemos examinando: a finitude do homem, seu pavor da morte e da enormidade esmagadora da vida. O esquizofrênico sente essas coisas mais do que outro qualquer por não ter sido capaz de formar as defesas seguras que uma pessoa normalmente emprega para negá-las.»

(…)

« […] o caráter de uma pessoa é uma defesa contra o desespero, uma tentativa de evitar a insanidade por causa da verdadeira natureza do mundo.»

(…)

« Neurótico é alguém que não consegue rodear sua animalidade com uma ilusão convincente.»

(…)

« …a essência da normalidade é a recusa da realidade.»

(…)

« Isto é neurose em poucas palavras: o insucesso de mentiras desajeitadas no tocante à realidade.»

(…)

« …normalidade é neurose e vice-versa. Chamamos a um homem de “neurótico” quando sua mentira começa a demonstrar efeitos nocivos nele ou em pessoas que o cercam e ele procura ajuda clínica para isso — ou outros procuram por ele. Sob outros aspectos, chamamos a rejeição da realidade de “normal” por não ocasionar qualquer problema perceptível.»

(…)

« O que está em jogo em toda repressão humana: o medo da vida e da morte

(…)

« Uma das circunstâncias que percebemos quando estudamos a história é que a consciência de animalidade é sempre absorvida pela cultura. Esta opõe-se à natureza e transcende-a. A cultura, em sua mais recôndita intenção, é uma negação heróica da animalidade.»

(…)

« A própria salvação não mais é atribuída a uma abstração como Deus, mas pode ser procurada “na beatificação do outro”. Poderíamos chamar esta de “beatificação transferencial”. O homem agora vive em uma “cosmologia de dois”. […] O homem moderno realiza seu impulso de auto-expansão no objeto amoroso tal como outrora foi realizado em Deus. […] Como diz uma canção hindu: “Meu amor é meu Deus; se ele me aceita minha existência é utilizada”. Não é de espantar que Rank pudesse concluir que o relacionamento amoroso do homem moderno é um problema religioso.»

(…)

« As pessoas precisam de um “além”, mas elas pegam primeiro o mais próximo; isto lhes dá a satisfação de que precisam, mas, ao mesmo tempo, limita-as e escraviza-as. Você pode considerar o problema todo de uma vida humana desta maneira. Pode perguntar: em que tipo de além esta pessoa tenta expandir-se e quanto de individualização obtém nele?»

(…)

« O limite entre a rendição natural, ao querer ser parte de algo superior, e a rendição masoquista ou autonegadora é deveras tênue, como Rank assinalou. O problema é ainda mais complicado por algo que as mulheres, como todos os mais, detestam admitir: sua própria incapacidade natural para se manterem sozinhas em liberdade

(…)

« O que Kierkegaard está dizendo, em outras palavras, é que a escola da angústia leva à possibilidade só pelo fato de destruir a mentira vital do caráter.»

(…)

« E assim se chega à nova possibilidade, à nova realidade, pela destruição do eu ao se fazer face à angústia do terror da existência. O self tem de ser destruído, reduzido a nada, a fim de ter início a transcendência de si próprio. Então, o self pode começar a relacionar-se com poderes além de si mesmo. Ele tem de debater-se em sua finitude, tem de “morrer” para interrogar essa finitude e poder ver para além dela. Para onde? Responde Kierkegaard: para a infinitude, para a transcendência absoluta, para o Poder Final da Criação que fez as criaturas finitas. Nossa moderna interpretação da psicodinâmica confirma ser essa progressão bastante lógica — se você admite ser um animal, conseguiu uma coisa fundamental: demoliu todos os seus elos ou apoios de força inconscientes. Como vimos no último capítulo — e vale a pena repetir aqui —, cada criança firma-se em algum poder que a transcende. Geralmente é uma combinação de seus pais, seu grupo social e os símbolos de sua sociedade e nação. Essa é a trama irracional de apoio que lhe permite acreditar em si própria, enquanto funciona na segurança automática de poderes delegados. Ela, está claro, não admite para si mesma que vive com forças tomadas de empréstimo, pois isso a levaria a duvidar de sua própria ação segura, daquela mesma confiança de que necessita. Ela negou sua animalidade exatamente por imaginar que dispõe de poder seguro, e esse poder seguro foi obtido apoiando-se inconscientemente nas pessoas e coisas de sua sociedade. Uma vez que você revele essa fraqueza e vacuidade básicas da pessoa, sua incapacidade, então é obrigado a reexaminar todo o problema das ligações de poder. Você tem de pensar em refazê-las em uma fonte real de poder criativo e gerador. É nesta altura que uma pessoa pode começar a posicionar sua condição de criatura vis-à-vis um Criador que é a Causa Primeira de todas as coisas criadas, não meramente os criadores de segunda mão, intermediários, da sociedade, os pais e a panóplia de heróis culturais. Esses são os pais sociais e culturais, que, por sua vez, foram causados, que, por sua vez, estão enleados em uma teia de poderes de outrem.

« Uma vez que a pessoa se ponha a examinar seu relacionamento com o Poder Final, com a infinitude, e a reformular seus vínculos desligando-os dos que a rodeiam para ligá-los a esse Poder Final, ela se franqueia o horizonte da possibilidade ilimitada, da verdadeira liberdade. Essa é a mensagem de Kierkegaard, a culminação de todo o seu raciocínio a respeito dos becos sem saída do caráter, o ideal de saúde, a escola da angústia, a natureza da verdadeira possibilidade e liberdade. Passa-se por tudo isso para chegar-se à fé de que a própria condição de criatura tem certo significado para um Criador; que, a despeito da verdadeira insignificância, fraqueza, morte de cada um, sua existência tem um certo sentido definitivo porque existe dentro de um projeto eterno e infinito das coisas produzidas e mantidas dentro de determinado modelo por uma força criadora. Repetidamente, em seus trabalhos, Kierkegaard volta à fórmula básica da fé: a gente é uma criatura que nada pode fazer, mas existe diante de um Deus vivo para quem “tudo é possível”.

« Toda a sua argumentação agora torna-se clara como água, segundo a qual a chave de abóbada da fé coroa a estrutura. Podemos entender por que a angústia “é a possibilidade de liberdade”, por que a angústia derruba “todas as metas finitas”, e assim “o homem que é educado pela possibilidade é educado de acordo com sua infinitude”. A possibilidade a nada conduz se não conduzir à fé. Ela é uma etapa intermediária entre o condicionamento cultural, a mentira do caráter e a abertura da infinitude com a qual a pessoa pode relacionar-se por meio da fé. Mas sem o salto para a fé o novo sentimento de desamparo por ter abandonado a armadura do próprio caráter infunde puro terror. Isso significa que se vive desprotegido pela couraça, exposto à sua solidão e desamparo, à angústia constante. Nas palavras de Kierkegaard:

« “Agora o pavor da possibilidade conserva-o como sua presa, até poder entregá-lo a salvo nas mãos da fé. Em nenhum outro lugar encontrará ele repouso… ele, que atravessou o currículo do infortúnio oferecido pela possibilidade, perdeu tudo, absolutamente tudo, de forma que ninguém o perdeu na realidade. Se nessa situação ele não se comporta falsamente face à possibilidade, se não tenta falar desviando-se do pavor que o salvaria, então receberá tudo de volta novamente, como na realidade ninguém jamais conseguiu mesmo que tenha recebido dez vezes mais, pois o aluno da possibilidade recebeu a infinitude…”

« Se colocarmos toda essa progressão em função de nosso exame das possibilidades de heroísmo, o resultado será o seguinte: o homem irrompe através dos limites do heroísmo meramente cultural; destrói a mentira do caráter que o fazia portar-se como herói no plano social cotidiano das coisas; e, ao fazê-lo, ele se abre para o infinito, para a possibilidade de heroísmo cósmico, para o próprio serviço de Deus. Sua vida, portanto, adquire valor definitivo em vez de valor simplesmente social e cultural, histórico. Ele liga seu eu interior secreto, seu talento autêntico, seus mais profundos sentimentos de originalidade, seu anelo íntimo por um significado absoluto ao próprio substrato da criação. Nas ruínas do eu cultural demolido permanece o mistério do eu particular, invisível, interior, que anelava por significado definitivo, por heroísmo cósmico. Esse mistério invisível no coração de toda criatura agora alcança significado cósmico ao afirmar sua conexão com o mistério invisível do âmago da criação. Esse é o significado da fé. Ao mesmo tempo, é o significado da fusão da psicologia e da religião no pensamento de Kierkegaard. A pessoa verdadeiramente aberta, aquela que se desfez de sua couraça de caráter, da mentira vital do seu condicionamento cultural, está além do auxílio de qualquer mera “ciência”, de qualquer padrão meramente social de saúde. Ela está absolutamente só e tremendo à beira do esquecimento, que é, ao mesmo tempo, o umbral da infinitude. Dar-lhe o novo apoio de que carece, a “coragem para renunciar ao pavor sem qualquer pavor… disso só a fé é capaz”, afirma Kierkegaard. Não que essa seja uma saída fácil para o homem, ou uma panacéia universal para a condição humana — Kierkegaard nunca é fácil. Ele fornece uma idéia extraordinariamente bela:

« “Não que a fé aniquile o pavor, mas, permanecendo sempre jovem, ela está continuamente se formando da convulsão mortal do pavor”.

« Por outras palavras, desde que o homem é um animal ambíguo nunca poderá abolir a angústia; o que pode fazer, em vez disso, é usar a angústia como eterna mola para crescer em novas dimensões de pensamento e confiança. A fé apresenta uma nova missão para a vida, a aventura da abertura para uma realidade multidimensional.

« Podemos entender por que Kierkegaard só tinha de concluir seu grande estudo da angústia com as seguintes palavras que possuem o peso de um argumento evidente:

« “O verdadeiro autodidata [isto é, aquele que por si só transpõe a escola da angústia até a fé] é, exatamente no mesmo grau, um teodidata… Tão logo a psicologia tenha acabado com o pavor, nada mais tem a fazer senão entregá-lo à dogmática”.

« Em Kierkegaard, psicologia e religião, filosofia e ciência, poesia e verdade fundem-se indistintamente reunidas nas aspirações da criatura.»

(…)

« A dinâmica do mal é devida fundamentalmente à negação da condição de criatura

(…)

« Segundo Otto Rank, a dinâmica do mal é a tentativa de fazer o mundo ser diferente do que é, de fazer dele o que ele não pode ser, um lugar livre de acidentes, um lugar livre de impurezas, um lugar livre da morte.»

(…)

« No ponto mais alto da fé existe júbilo porque se compreende que este mundo é de Deus e, uma vez que tudo está nas mãos d’Ele, que direito temos nós de ficarmos tristes — o pecado da tristeza?»

_____

A Negação da Morte, de Ernest Becker (1924-1974).

Osman Lins e o mais profundo meio de comunicação

Osman Lins

« Nenhum meio de comunicação está apto a substituir a literatura. A liberdade de um escritor é a sua pobreza. Ele depende apenas de um lápis. Nem de papel ele necessita. Os muros das prisões estão cheios de palavras, de coisas escritas, de expressões humanas … Está havendo atualmente uma mística das conquistas científicas. Isso não significa que essas conquistas sejam mais avançadas. Elas são apenas mais novas. O fato de serem mais novas não significa que sejam mais avançadas. Nenhuma é tão avançada, enquanto conquista espiritual, como a escrita. Difícil será ultrapassar a capacidade crítica de uma obra literária. É, de todas as comunicações, a mais profunda.»

Osman Lins, citado por Ermelinda Maria Araújo Ferreira, no ensaio Motivos medievais em molduras hipertextuais (PDF).

Atualizações semanais no Twitter em 2010-08-16

  • Literatura não é rock – http://bit.ly/cIIyID #
  • A prova de que estou há dez anos às voltas com ebooks: publiquei meus, da Hilda Hilst e do Mora Fuentes em 2000, aqui: http://bit.ly/cmp30r #
  • Lei nº 12.292, de 20/07/2010: «Fica o Poder Executivo autorizado a doar recursos à Autoridade Nacional Palestina» (!!!) http://bit.ly/aJ8sfb #
  • Conhece o FON? Parece interessante: comunidade p/ criar pontos de acesso WiFi gratuitos e até ganhar dinheiro com isso. http://bit.ly/9Hwugh #
  • « Literatura e paranóia » – (sim, relendo meu ex-blog) – http://bit.ly/dbg5dp #
  • Depois das denúncias, as FARC pararam de fornecer o pó RT @Alessandro_M: Será q não passaram pó de propósito na Dilma? Ela está suando muito #
  • Rir ou chorar? RT @_lLeandroRS: Militante PTista me questionando: @AUGUSTO21 @_lLeandroRS SERRA&FHC CONHESSE MUITO BEM O BRASIL #FAZ MIM RIR #
  • Comida virtual? Puts…RT @revistagalileu: Realidade aumentada simula sabores e odores e “engana” paladar das pessoas – http://bit.ly/c0OsLD #
  • E a entrevista da candidata Dilma Figa no Jornal Nacional já está no You Tube: http://bit.ly/crzYVF #
  • Se as vendas do livro mais recente do Paulo Coelho derem chabu, já sabemos a causa… http://twitpic.com/2d8358 #
  • «Gastos secretos de R$ 3,2 milhões de Lula com cartões, Watergate petista e deslizes no Judiciário valeriam CPIs» http://j.mp/aiDNQr #
  • « Mas a pergunta é: Esse trem-bala é necessário?» http://j.mp/9kODRP #
  • «A democracia consiste portanto numa assembléia de esquerdistas que se xingam uns aos outros de direitistas. That’s all.» http://j.mp/9JRM1H #
  • A propaganda política + sincera de todos os tempos, tipo «vote em mim e o Estado se intrometerá em tudo» http://j.mp/dtsTx3 via @mariliassis #
  • «Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria» http://j.mp/cCBqre #
  • «Páginas Negras: Angeli – Edição 191» – {Revista Trip} http://j.mp/9fJVcK #
  • Se entendessem que Autoritarismo, Ganância e Egoísmo não são sinônimos de Direita, muitos notariam que sempre foram direitistas sem o saber. #
  • «Uma Absolvição Climática – Os alarmistas ainda não conseguem separar a ciência das ações políticas» http://j.mp/djB4PE #
  • «Uma questão empírica: se o fato de cidadãos comuns terem armas fará com que cresça ou decresça a violência.» http://j.mp/d0ke0l #
  • Dar uma olhada no Twitter antes de trabalhar é o mesmo que ir pra roça passando por um atoleiro… #
  • Ulisses(Odisseu), antes de abrir o navegador,e para não conseguir teclar,exigiu ser amarrado ao mastro,evitando assim as sereias do Twitter. #
  • Serra, de perfil, sorrindo, é de fato a cara do Mestre Yoda. ¿Será o suficiente para impedir Dilma de concluir a Estrela do PT da Morte? B^/ #
  • «As “Horas” de Bruno Tolentino, um gigante da poesia e do pensamento» http://j.mp/c01Ofd #
  • Dois textos que escrevi sobre a época em vivi sob o mesmo teto que Bruno Tolentino e Hilda Hilst: http://j.mp/9GdrNx e http://j.mp/dzyeFg #
  • Ao ler o blog do Carlos Vereza, encontro apenas um ponto de discórdia: as posições de 70% das vírgulas. No demais… ;^) http://j.mp/d10JuJ #
  • RT @vanguardapop: Yuri Vieira (@yurivs), vc foi desmascarado! Fazendo campanha para @Dilmabr, companheiro? –> http://twitpic.com/2dv#
  • Guitar Hero de músicas pernambucanas… http://j.mp/bDbl2Q #
  • «TCU decide rever R$ 4 bilhões pagos a anistiados» http://j.mp/d9zNGl #
  • Agora que vc finalmente assistiu ao #ToyStory3 irá entender a piadinha… http://twitpic.com/22r3au (Em defesa da liberdade de expressão.) #
  • «Relatos de um infiltrado no inferno: a fábrica da Foxconn na China» http://j.mp/dxsFv4 #
  • Ferreira Gullar: «Eu tenho pavor que a Dilma ganhe essa eleição porque ela é uma invenção do Lula. Ela não é política, não entende de nada». #
  • Ferreira Gullar: «O acordo ortográfico é uma perda de tempo». http://j.mp/apeBG4 #

G.K. Chesterton fala sobre insanidade e criação literária

G.K. Chesterton

« É verdade que alguns falam, de modo superficial e leviano, da insanidade como sendo em si mesma atraente. Mas um momento de reflexão mostrará que, se uma enfermidade é atraente, trata-se em regra da enfermidade dos outros. Um cego pode ser um quadro pitoresco; mas exige-se um par de olhos para ver o quadro. De modo semelhante até mesmo a poesia mais louca da insanidade só pode ser apreciada por quem é sensato. Para o insano a insanidade é totalmente prosaica, porque é totalmente verdadeira.

« Um homem que imagina ser uma galinha é para si mesmo tão comum como uma galinha. Um homem que imagina ser um caco de vidro é para si mesmo tão sem graça como um caco de vidro. A homogeneidade de sua mente é o que o torna sem graça, e o que o torna louco. E somente pelo fato de percebermos a ironia de sua idéia que nós o achamos até engraçado; é somente pelo fato de ele não ver a ironia de sua idéia que ele é internado em Hanwell, não por outro motivo.

« Em resumo, as esquisitices chocam apenas as pessoas comuns. É por isso que as pessoas comuns têm uma vida muito mais instigante; enquanto as pessoas esquisitas sempre estão se queixando da chatice da vida. É por isso também que os novos romances desaparecem tão rapidamente, ao passo que os velhos contos de fada duram para sempre. Os velhos contos de fada fazem do herói um ser humano normal; suas aventuras é que são surpreendentes. Elas o surpreendem porque ele é normal. Mas no romance psicológico moderno o herói é anormal; o centro não é central. Consequentemente, as mais loucas aventuras não conseguem afetá-lo de forma adequada, e o livro é monótono. Pode-se criar uma história a partir de um herói entre dragões, mas não a partir de um dragão entre dragões. O conto de fadas discute o que o homem sensato fará num mundo de loucura. O romance realista sóbrio de hoje discute o que um completo lunático fará num mundo sem graça.

« Comecemos, então, com um manicômio. Dessa estalagem fantástica e perversa vamos partir para a nossa jornada intelectual. Ora, se devemos examinar rapidamente a filosofia da sanidade, a primeira coisa a fazer no caso é apagar um enorme erro comum. Por toda parte existe a noção de que a imaginação, especialmente a imaginação mística, é perigosa para o equilíbrio mental do homem. Geralmente se diz que os poetas não são confiáveis do ponto de vista psicológico, e geralmente faz-se uma vaga associação entre cingir a cabeça com uma coroa de louros e fazer loucuras. Os fatos e a história contradizem totalmente essa visão. A maioria dos poetas realmente grandes não só foi de gente sensata, mas também extremamente prática. Se Shakespeare um dia dominou cavalos, isso se deu por ser ele o homem mais indicado para fazêlo. A imaginação não gera a insanidade. O que gera a insanidade é exatamente a razão. Os poetas não enlouquecem; mas os jogadores de xadrez sim. Os matemáticos enlouquecem, e os caixas; mas isso raramente acontece com artistas criadores. Como se verá, não estou aqui, em nenhum sentido, atacando a lógica: só afirmo que esse perigo está na lógica, não na imaginação. A paternidade artística é tão sadia quanto a paternidade física. Além disso, vale a pena observar que, quando um poeta foi realmente mórbido, o fato geralmente se deu porque ele tinha um ponto fraco de racionalidade no cérebro. Poe, por exemplo, foi realmente mórbido; não porque era poético, mas porque era especialmente analítico. Para ele até o jogo de xadrez era poético demais; ele não gostava de xadrez porque era um jogo cheio de peões e castelos, como um poema. Declaradamente, preferia as casas brancas do jogo de damas, por se parecerem mais com os meros pontos pretos num gráfico.

« Talvez o caso mais convincente seja este: apenas um grande poeta inglês enlouqueceu, Cowper. E ele foi definitivamente levado à loucura pela lógica, pela repulsiva e estranha lógica da predestinação. A poesia não foi seu mal, foi seu remédio. A poesia preservou-lhe em parte a saúde. Às vezes ele podia esquecer-se do rubro e sequioso interno, para o qual seu hediondo determinismo o arrastava em meio às águas caudalosas e as grandes e achatadas flores aquáticas do rio Ouse. Ele foi condenado por João Calvino; e quase foi salvo por John Gilpin.

« Em todas as partes vemos que os homens não enlouquecem sonhando. Os críticos são muito mais loucos que os poetas. Homero é completo e bastante calmo; os críticos é que o rasgam em trapos extravagantes. Shakespeare é exatamente Shakespeare; apenas alguns de seus críticos é que descobriram que ele era alguma outra pessoa. E embora João, o evangelista, tenha visto monstros estranhos em sua visão, ele não viu nenhuma criatura tão louca como um de seus comentadores. O fato geral é simples. A poesia mantém a sanidade porque flutua facilmente num mar infinito; a razão procura atravessar o mar infinito, e assim torná-lo finito. O resultado é a exaustão mental, como a exaustão física do sr. Holbein.

« Aceitar tudo é um exercício, entender tudo é uma tensão. O poeta apenas deseja a exaltação e a expansão, um mundo em que ele possa se expandir. O poeta apenas pede para pôr a cabeça nos céus. O lógico é que procura pôr os céus dentro de sua cabeça. E é a cabeça que se estilhaça.»

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Ortodoxia, de G.K. Chesterton (1874-1936)

Ferreira Gullar fala sobre a nova ortografia

Ferreira Gullar

« Eu acho que o Brasil e Portugal, com os outros países de língua portuguesa, têm de parar com essa coisa de ficar mudando as regras ortográficas. Eu acho que é uma coisa que não ajuda em nada. É uma perda de tempo. Cria confusão, inclusive dá prejuízos. Já imaginou o que vai acontecer? Coleções de livros vão ter que ser jogadas fora e reimpressas, para obedecer a uma nova ortografia porque uma ou duas pessoas resolveram mudar a maneira de escrever a língua. Isso é uma arbitrariedade. Quem é que outorgou a essas pessoas o direito de fazer isso? A língua é patrimônio do país, da população, não é propriedade de ninguém. Não pode haver uma entidade que decide mudar a língua de todo o mundo. Isso é um absurdo. É uma coisa precária, que cria confusões, porque é impossível você encontrar uma forma de colocar todos os países de língua portuguesa em que não se crie ambigüidade nenhuma. É um sonho vão. A ortografia tem de ser uma representação da linguagem falada. Então é uma bobagem. Uma perda de tempo.»

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Leia a entrevista completa com Ferreira Gullar: "O acordo ortográfico é uma perda de tempo". (E veja também o que ele fala sobre Lula e Dilma.)

Fonte: www.ionline.pt

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