— Ah, não! Uma blitz!! Anda, filho, troca de lugar comigo, rápido!
— Mas, pai, eu…
— Vamos logo! Quer ver seu pai na cadeia, é? Não viu que eu bebi uma taça de vinho na casa da sua avó?
— Mas…
— Não tem mais nem menos! Vai, se mexe.
— Pai, eu tenho doze anos de idade! O senhor ficou maluco?
— Não se preocupe, é como aquele carrinho de bate-bate do parque de diversões, não tem mistério.
— Mas aí tem três pedais. E eu não sei usar essa alavanca da marcha.
— O câmbio.
— É, não sei usar o câmbio.
— Eu engato a primeira aqui e você vai devagarzinho até lá.
O menino obedece e, não conseguindo parar, enfia o carro na lateral do carro da polícia, que resulta bastante amolgado.
— Que sorte! —, diz a mãe ao telefone minutos depois. — Imagine se eles tivessem usado o bafômetro em você.
— Pois é. Estaria perdido, um crime bem pior.
— E de onde você tirou essa idéia?
— Uê, dos traficantes, claro. Eles não usam menores de idade para cometer crimes e se safarem em seguida?
— Genial, meu bem! Genial!