Quando ele a penetrou por trás, ela perguntou:
— Em quem você vai votar?
Ficou aturdido por alguns segundos, sem saber em qual cintura colocar as mãos: na própria ou na dela?
— Que pergunta é essa? — resmungou, contrariado. — Isso lá é hora de falar sobre as eleições?
— Você vai votar na Marina?
Ele brochou instantaneamente.
— Pelo amor de Deus, Sílvia! Isso é coisa que se faça? Acabou com meu tesão.
— Então você vai votar na Dilma, né.
— Puta merda! Agora vou precisar de uma pinça pra poder mijar.
— Nossa, desculpa.
— Desculpa, vírgula. Você teria me atrapalhado muito menos se tivesse falado da menina do Exorcista e virado a cabeça para trás.
— Ai, Jorge, credo! É que eu não sabia que você vai votar no Aécio.
— Eu não voto em progressista, gata! — soltou, irritado. — A não ser, talvez, no segundo turno, quando for necessário votar no menos daninho de todos. Agora pára com isso e me diz algo que me deixe animado de novo.
Ela ficou em silêncio, absorta. Desconfiado, Jorge espiou por cima do ombro dela.
— Ah, não! Não acredito que você está no Facebook! Desliga o celular, cazzo!
— Calma. Só vou responder essa enquete sobre as eleições e já desligo.
Ele se levantou e começou a vestir a cueca.
— Ok, fica aí. Eu vou dormir porque amanhã preciso acordar mais cedo.
Ele se deitou de lado, dando as costas para a esposa, que a essa altura estava postando uma mensagem no grupo feminino do WhatsApp do qual fazia parte: “Gente, se vocês têm um marido conservador que não lhes dá descanso, descobri um jeito de escapulir dele muito melhor do que a desculpa da dor de cabeça!”.
Natalia
Bastante persuassivo