Depois de anos a fio sugerindo-lhe a série Breaking Bad, minha irmã finalmente deu o braço a torcer — e, claro, Melissa ficou viciada na tortuosa história do senhor White. Ontem, ela esteve aqui com minha sobrinha, Bárbara, e me perguntou se eu voltaria a assistir a um ou dois episódios com ela. Claro que eu quis. Enquanto acompanhávamos as sangrentas enrascadas em que se metiam os protagonistas, Bárbara ia e vinha pela casa, ou então ficava noutro canto jogando vídeo game. Concluídos os episódios, Bárbara veio até nós e perguntou:
— Mãe, por que você fica reclamando sempre que termina de ver essa série?
— É porque não é igual às séries que você vê, meu amor. Sempre acontece alguma coisa no fim que deixa a gente com vontade de ver mais. Não é como a iCarly, que tem uma historinha com começo, meio e fim a cada episódio.
— Então como é?
— Uê. É como se fosse um filme enorme dividido em várias partes. E o filme sempre continua, não termina nunca.
— Ah, então é igual às Chiquititas! A história sempre continua.
Nesse momento eu me virei para as duas com o ar mais impassível do mundo.
— Isso — tornou minha irmã, em sincera concordância. — É igualzinho às Chiquititas. A mesma coisa.
Então eu intervim, no tom mais sério possível: — Sim, Breaking Bad é EXATAMENTE igual às Chiquititas.
Melissa virou-se para mim e só então, pensando melhor no que dissera, caiu na gargalhada.
Eu teria me esquecido dessa história caso, hoje, a Bárbara não tivesse me provado que as séries realmente se parecem.
— Tio Yuri, por que você acha que Breaking Bad é diferente das Chiquititas?
— Porque tem um monte de bandidos na série, gente má.
— Então são iguais mesmo — respondeu. — Nas Chiquititas tem três meninas más: a Carmen, a Matilde e a Cíntia.
— Sério?
— Sério. Elas ficam tentando roubar o tesouro. E uma delas até vai presa.
Conclusão: há mais Breaking Bad no mundo infantil do que julga nossa vã adultice.