Em vez de acabar com os cartórios — esse graaaande avanço civilizacional — deviam criar o “cartório do cartório” e o “cartório do cartório do cartório”. Seria assim: primeiro você vai ao cartório reconhecer firma, depois vai com o tabelião ao cartório do cartório que reconhecerá o reconhecedor da firma e assim por diante. Entendeu? Vou esmiuçar. Dá até para dividir o Uber com os funcionários. Com o primeiro tabelião, do cartório, e com o segundo, do cartório do cartório, você vai até o cartório do cartório do cartório que reconhecerá que os dois tabeliões anteriores são confiáveis e reconheceram a firma corretamente. Obviamente, se a pessoa achasse o processo todo muito trabalhoso, poderia recorrer a uma agência de sósias, a qual possuiria atores treinados em imitar a assinatura do cliente. Aí o ator, fingindo ser você, iria até o cartório e, em seguida, ao cartório do cartório e ao cartório do cartório do cartório. Os despachantes poderiam oferecer esse serviço. Claro, é possível que algum legislador, notando a tramóia, decidisse criar o cartório do cartório do cartório do cartório, no qual haveria, graças ao banco de dados do TSE, o reconhecimento da digital. Por que não colocariam reconhecimento da digital no primeiro cartório? Ora, e acabar com os empregos gerados pelo cartório do cartório, do cartório do cartório do cartório e do cartório do cartório do cartório do cartório? Sacanagem. Os parasitas também são gente, precisam sobreviver.