- "Buen día, América del Sur" (Facundo Cabral) http://bit.ly/bEXXBz #
- Muito sintomática a reação do entrevistador à declaração de Henri Falcón, qdo este diz admirar o "socialismo de Lula" http://bit.ly/cO4KJY #
- O caso Watergate foi um caso de espionagem bem mais humilde que esse da Receita Federal. E custou o mandato de Nixon. Já no Brasil-sil-sil!! #
- O brasileiro médio parece o escritor do filme "Livro de Cabeceira", aquele que dá o fiofó para o editor em troca da publicação do seu livro. #
- Se vc se interessa por eBooks e eReaders (i.e., se vc gosta de ler), eis uma comparação entre os formatos PDF e EPUB: http://bit.ly/cu51FW #
- Deve ser divertido ler as cartas de Dom Pedro I à sua amante, a Marquesa de Santos, nas quais ele assina "O Demonão" ou "Fogo Foguinho"… #
- O PT diz que o PIBão é natural, mas é puro silicone. http://bit.ly/cpfKUg #
- Esse vídeo é real? É de fato Ingrid Betancourt sendo estuprada pelas FARC? Ou é uma encenação? 8^o http://bit.ly/c3O3Jw #
- eReaders – aprovados p/ leitura pessoal, mas não p/ o estudo de livros didáticos: http://bit.ly/8XkgQ7 (via @patylouzada e @JulietaLionetti) #
- Carácoles!, os últimos tweets da @Cleycianne são o fim da picada. Ou o começo. B^) #
- Eu mal termino de correr e já me dá uma vontade de tomar um chope. E isso antes das 7 da manhã! Carajo, ¡estoy fregado!! #
- "Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação De caminhos" http://bit.ly/aUbRXl # - Declamação do poema "Pátria Minha" de Vinicius de Moraes, no Documentário de Miguel Faria Jr. http://bit.ly/bmjz93 #
- Support Sou brasileiro, add a #twibbon to your avatar now! – http://bit.ly/1861JB #
- "Qdo se grava nas bandeiras o lema humanidade,isso significa ñ só excluir o inimigo da sociedade,ms tbm privá-lo de tds os direitos humanos" #
- A citação anterior http://bit.ly/96ZzSp é do escritor Ernst Jünger. #
- Vc caminha alguns quarteirões até a padaria e não vê nenhuma bandeira do Brasil: claro, não há jogo hoje. Por que haveria bandeiras? #
- "Passione – Segredo de Gerson (a versão que foi censurada)" http://bit.ly/c7CbDm #
- Entrevista de Antony Sutton a Stanley Monteith, 1980: “Wall Street e a ascensão de Hitler” http://bit.ly/drPhfy #
- "Thomas Sowell on the people 'who drove the car into the ditch'." http://bit.ly/ca9sbC #
- Readability – uma maneira de acabar com a poluição visual que prejudica nossa leitura na internet: http://bit.ly/auuR4F (via @rafael_salvi) #
- Vc volta das férias de verão e descobre que o professor Vincent agora é a professora Martine… Esses franceses… B^) http://bit.ly/cPrm7b #
- ETA nóis. Parece um programa de TV dos bate-bolas do umbral, dos farricocos do mal ou coisa assim.Très bizarre. http://bit.ly/9ppX7D #
- Tal como Sakineh, outras 7 mulheres e 3 homens aguardam apedrejamento no Irã. (Le Figaro) http://bit.ly/c89VCB #
- A última entrevista de François Truffaut: http://nyr.kr/da08pQ (The New Yorker) #cinema #
- "Fecha os olhos e me dá a mão." Ela obedece. "O que é isso?", digo. Ela: "Um rinoceronte?" "Não, é a pele do meu cotovelo.Viu como tá seco?" #
- Adotar uma ortografia pessoal? Gosto muito da idéia (sim, com acento) portuguesa de diferenciar "amamos" (presente) de "amámos" (passado). #
- Queimar bandeira do PT é atentar contra a liberdade religiosa? Matutando aqui… #
- O bom de ser seu próprio editor é q ninguém "corrige" seu texto p/ a NOI(Nova Ortografia Idiota).O ruim é q vc fica sem um Superego externo. #
- Sabe qdo vc compra um pacífico sítio e, anos depois, lançam um loteamento ao lado criando uma multidão de vizinhos? Facebook em 2007 e hoje. #
- Já usei Twhirl, TwitterFox, DestroyTwitter, TweetDeck e Chromed Bird. Desisti.Eu me sentia aquelas telefonistas cheias de fios e plugues… #
- Olha com o que você se parece ao usar programas de acesso ao Twitter: http://j.mp/aijOwp Você fica na neurose de atender a tudo e a todos. #
- Não acho nada estranho encontrar pessoas inteligentes que não crêem em Deus. É o Zeitgeist. Estranho é quando, ao mesmo tempo, crêem no Lula #
- "O que o autor espera do agente literário?" (Marisa Moura) http://bit.ly/cl9lXF #
- "Um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional, diz IBGE" http://bbc.in/amBY8q (Cadê a novidade?) #
- Toda vez que leio essas notícias de analfabetismo no Brasil, me lembro do conselho da Hilda Hilst para novos autores: "Escrevam em inglês!" #
- Hoje é aniversário de Tolstói. Aproveite e leia um trecho de "A Morte de Ivan Ilitch": http://j.mp/dqoYX9 #
- "Lula não leva em conta a idéia de que a democracia é o governo da lei e não o governo dos homens." http://j.mp/9STHLF #
- Ouça Tolstói (aniversariante de hoje) lendo um de seus textos: http://j.mp/azJTx2 (Alguém fala russo?) B^/ #
- Mikhail Bulgakov narra o diálogo,em plena URSS, entre o Diabo e 2 escritores ateus e comunistas s/ a existência de Deus http://bit.ly/97VggB #
- Sempre que minha namorada entra em semana de provas, cai sobre nós o Feitiço de Áquila… B^/ #
- Acabo de saber, pela @revistabula, que hoje é o lançamento de uma coletânea da qual participo: em Goiânia, na rua 23, Centro, às 20h. #
- "Desde quando apoio popular é evidência de que o líder está certo, não é mesmo, Hitler? Não é mesmo, Mussolini?" http://j.mp/9QsbZs #
- Interessante como o diretor Terry Gilliam previu até mesmo o tratamento estético da Dilma em seu filme "Brazil": http://j.mp/9eZkoB #
- "Calou-se a voz da consciência q, na solidão da sua alma, lhe trazia a lembrança amarga de seus delitos e de seus vícios" http://j.mp/bBHtpS #
- A 1ra cena do trailer de "Brazil", filme de Terry Gilliam s/ o totalitarismo, mostra os bisbilhoteiros da Receita Federal http://j.mp/cQJ3ew #
- "A Tragicomédia Acadêmica – Contos Imediatos do Terceiro Grau" está no Google Livros: http://j.mp/c7hIap #
- "A Bacante da Boca do Lixo" está no Google Livros: http://j.mp/9JxFGP #
- Essa acusação de plágio feita ao escritor Michel Houellebecq é completamente ridícula. http://j.mp/ctPmRc #literatura #livros #
- «Livrai-me, Senhor, dos abestados e dos atoleimados.» Hilda Hilst ( A Obscena Senhora D) #
- A incrível seqüência de escândalos do PT deve ter método: cada qual faz o cidadão se esquecer do anterior http://bit.ly/cnJFzK #
- Qdo eu finalmente estava me acostumando a chamar Lao Tsé de Lao Tzu, descubro que agora é Lao Zi. Que virá em seguida? http://bit.ly/cl5Bcr #
- Olha só por que o tal pastor "desistiu" de queimar o textículo do Mafamede… http://bit.ly/9qPgVt #
- Dirigir à noite, numa estrada deserta, pode ser muito, muuuuito perigoso… http://bit.ly/ddBvIi #
- Michael Moore's Utopian Nightmare: "Capitalism: A Love Story" – http://bit.ly/d74HxE #
- E a @Racheldoesstuff (lembra dela? http://bit.ly/d10XSp ) acabou se encontrando mesmo com Ray Bradbury!!! http://fb.me/xf2SoYZx B^) #
- “How do you decide which book to write? (…) I also stopped trying to write movies. I went to books." http://bit.ly/9zsdN6 #
Autor: Yuri Vieira Page 61 of 82
« Tzu Kung, discípulo de Confúcio, disse a Lao-Tsé: “Dizes que não deve haver governo. Mas, se não há governo, ¿como se purificará o coração dos homens?”. O mestre respondeu: “O único que não devemos fazer é intrometermo-nos com o coração dos homens. O homem é como uma fonte de água; se a tocas, se turva; se pretendes imobilizá-la, seu jorro irá mais alto… Pode ser tão ardente como o fogo mais ardente; tão frio, como o próprio gelo. Tão rápido que, num piscar de olhos, pode dar a volta ao mundo; em repouso, é como o leito de um tanque; ativo, é poderoso como o céu. Um cavalo selvagem que ninguém doma: isso é o homem”.»
_______
Citado por Octavio Paz, no livro Chuang-Tzu. (A
traiçãotradução é minha.)
« Para nós, que pretendemos discuti-la aqui, em si mesma, sem nos ocupar de suas origens históricas, a tese de Ruskin pode ser resumida de modo bastante exato por estas palavras de Descartes, quando diz que “a leitura de todos os bons livros é como uma conversação com as pessoas mais honestas dos séculos passados e que foram seus autores”. Provavelmente Ruskin não tenha conhecido esse pensamento, aliás um pouco seco, do filósofo francês, mas é ele, na realidade, que encontramos em toda a sua conferência, apenas envolvido num ouro apolíneo no qual se dissipam as brumas inglesas, e semelhante àquele cuja glória ilumina as paisagens de seu pintor preferido. “Supondo, diz ele, que tenhamos a vontade e a inteligência de escolher bem nossos amigos, quão poucos entre nós têm o poder para fazê-lo e quanto é limitada a esfera de nossa escolha. Não podemos conhecer quem queremos… Podemos, com muita sorte, entrever um grande poeta e escutar o som de sua voz, ou fazer uma pergunta a um homem de ciência que nos responderá amavelmente. Podemos usurpar dez minutos de entrevista no gabinete de um ministro, ter uma vez na vida o privilégio de deter o olhar de uma rainha. Contudo, esses acasos fugitivos, nós os cobiçamos, dispendemos nossos anos, nossas paixões e nossas faculdades perseguindo um pouco menos que isso, enquanto, durante esse tempo, há uma sociedade que nos é sempre aberta, pessoas que nos falariam o quanto quiséssemos, seja qual for a nossa posição. Esta sociedade, porque ela é tão numerosa e tão dócil e que podemos fazê-la esperar perto de nós durante um dia inteiro — reis e homens de Estado esperam pacientemente não para dar uma audiência, mas para consegui-la — não iremos jamais procurá-la nestas antecâmaras mobiliadas de modo simples que são as prateleiras de nossas bibliotecas, não escutamos jamais uma só palavra do que teriam a nos dizer.” “Vocês me dirão talvez, continua Ruskin, que se vocês preferem conversar com os vivos é porque vocês vêem os seus rostos, etc.”, e refutando esta primeira objeção, depois uma segunda, mostra que a leitura é exatamente uma conversação com homens muito mais sábios e mais interessantes que aqueles que podemos ter a chance de conhecer à nossa volta. Procurei mostrar nas notas que se seguem a este volume que a leitura não poderia ser assimilada a uma conversação, mesmo com o mais sábio dos homens; que a diferença essencial entre um livro e um amigo, não é a sua maior ou menor sabedoria, mas a maneira pela qual a gente se comunica com eles, a leitura, ao contrário da conversação, consistindo para cada um de nós em receber a comunicação de um outro pensamento, mas permanecendo sozinho, isto é, continuando a desfrutar do poder intelectual que se tem na solidão e que a conversação dissipa imediatamente, continuando a poder ser inspirado, a permanecer em pleno trabalho fecundo do espírito sobre si mesmo.»
(…)
« E nisto reside, com efeito, um dos grandes e maravilhosos caracteres dos belos livros (que nos fará compreender o papel, ao mesmo tempo essencial e limitado que a leitura pode desempenhar na nossa vida espiritual) que para o autor poderiam chamar-se “Conclusões” e para o leitor “Incitações”. Sentimos muito bem que nossa sabedoria começa onde a do autor termina, e gostaríamos que ele nos desse respostas, quando tudo o que ele pode fazer é dar-nos desejos. Estes desejos, ele não pode despertar em nós senão fazendo-nos contemplar a beleza suprema à qual o último esforço de sua arte lhe permitiu chegar. Mas por uma lei singular e, aliás, providencial da ótica dos espíritos (lei que talvez signifique que não podemos receber a verdade de ninguém e que devemos criá-la nós mesmos), o que é o fim de sua sabedoria não nos aparece senão como começo da nossa, de sorte que é no momento em que eles nos disseram tudo que podiam nos dizer que fazem nascer em nós o sentimento de que ainda nada nos disseram. Aliás, se lhes fizermos perguntas, às quais não podem responder, também pedimos-lhes repostas que não nos instruirão em nada. Porque é um efeito do amor que os poetas consigam fazer com que demos uma importância literal a coisas que não são para eles mais do que significativas de emoções pessoais. Em cada quadro que nos mostram, parecem dar-nos apenas uma ligeira impressão de uma paisagem maravilhosa, diferente do resto do mundo e no coração da qual gostaríamos que eles nos fizessem penetrar.»
(…)
« Este é o preço da leitura e esta é a sua insuficiência. É dar um papel muito grande ao que não é mais que uma iniciação para uma disciplina. A leitura está no limiar da vida espiritual; ela pode nela nos introduzir, mas não a constitui.
« Há, contudo, certos casos patológicos, por assim dizer, de depressão espiritual para os quais a leitura pode tornar-se uma espécie de disciplina curativa e se encarregar, por incitações repetidas, de reintroduzir perpetuamente um espírito preguiçoso na vida do espírito. Os livros desempenham então um papel análogo ao dos psicoterapeutas para certos neurastênicos.
« Sabe-se que, em certas afecções do sistema nervoso, o doente, sem que tenha nenhum de seus órgãos atingidos, é mergulhado numa espécie de impossibilidade de querer, como numa rotina profunda da qual não pode escapar sozinho e na qual acabará por perecer se uma mão poderosa e segura não lhe for estendida. Seu cérebro, suas pernas, seus pulmões, seu estômago continuam intactos. Não têm nenhuma incapacidade real de trabalhar, de andar, de expor-se ao frio, de comer. Mas estes diferentes atos, que ele seria absolutamente capaz de realizar, ele é incapaz de querer realizá-los. E uma degradação orgânica, que terminaria por tornar-se equivalente a uma doença que ele não tem, seria a conseqüência irremediável da inércia de sua vontade, se o estímulo que ele não pode encontrar em si mesmo não lhe viesse de fora, de um médico que queira por ele, até o dia em que sejam pouco a pouco reeducadas suas diversas vontades orgânicas. Ora, existem certos espíritos que poderiam ser comparados a esses doentes e que uma espécie de preguiça ou de frivolidade impedem de descer espontaneamente às regiões mais profundas de si mesmos onde começa a verdadeira vida do espírito. Não basta que sejam conduzidos uma vez para que sejam capazes de descobrir e de explorar as verdadeiras riquezas, que lá subjazem, mas, sem essa intervenção estrangeira, eles vivem na superfície num perpétuo esquecimento de si mesmos, numa espécie de passividade que os torna o brinquedo de todos os prazeres, os diminui até o tamanho dos que os cercam e os agitam, e, semelhantes a este cavalheiro que, convivendo desde a sua infância com salteadores de estrada, não se lembrava mais de seu nome, por ter há muito cessado de utilizá-lo, eles terminariam por abolir em si próprios todo sentimento e toda lembrança de sua nobreza espiritual, se um estímulo exterior não viesse, de alguma forma, reintroduzir força na vida do espírito, no qual subitamente reencontram o poder de pensar por si mesmos e de criar. Ora, este estímulo que o espírito preguiçoso não pode encontrar em si próprio e que deve vir de outrem, é claro que deve recebê-lo no seio da solidão fora da qual, como vimos, não se pode produzir esta atividade criativa que é preciso ressuscitar. Da pura solidão o espírito preguiçoso não pode tirar nada, pois é incapaz de, sozinho, pôr em movimento sua atividade criativa. Mas a mais elevada conversação, os conselhos mais profundos também de nada serviriam, já que essa atividade original, eles não a podem produzir diretamente. O que é preciso, portanto, é uma intervenção que, vinda de um outro, se produza no fundo de nós mesmos, é o estímulo de um outro espírito, mas recebido no seio da solidão. Ora, vimos que essa era precisamente a definição de leitura e que não era conveniente senão à leitura. A única disciplina que pode exercer uma influência favorável sobre estes espíritos é, portanto, a leitura: como queríamos demonstrar, à maneira do que dizem os geômetras. Mas ainda aqui a leitura não age senão sob a forma de um estímulo que não pode de modo algum substituir-se à nossa atividade pessoal; ela se contenta em nos devolver o seu uso como nas afecções nervosas às quais aludimos há pouco, o psicoterapeuta não faz mais que restituir ao doente a vontade de se servir de seu estômago, de suas pernas, de seu cérebro, que permaneceram intactos. Aliás, seja porque todos os espíritos participam mais ou menos dessa preguiça, dessa estagnação nos níveis mais baixos, seja porque, sem que lhe seja necessária, a exaltação que acompanha certas leituras tem uma influência propícia sobre o trabalho pessoal, cita-se mais de um escritor que amava ler uma bela página antes de se pôr a trabalhar. Emerson raramente começava a escrever sem reler algumas páginas de Platão. E Dante não é o único poeta que Virgílio conduziu às portas do Paraíso.
« Na medida em que a leitura é para nós a iniciadora cujas chaves mágicas abrem no fundo de nós mesmos a porta das moradas onde não saberíamos penetrar, seu papel na nossa vida é salutar. Torna-se perigosa, ao contrário, quando, em lugar de nos despertar para a vida pessoal do espírito, a leitura tende a substituir-se a ela, quando a verdade não aparece mais como um ideal que não podemos realizar senão pelo progresso íntimo de nosso pensamento e pelo esforço do nosso coração, mas como uma coisa material, depositada entre as folhas dos livros como um mel todo preparado pelos outros e que não temos senão de fazer o pequeno esforço para pegar nas prateleiras das bibliotecas e, em seguida, degustar passivamente num repouso perfeito do corpo e do espírito.»
_________
Sobre a Leitura, de Marcel Proust (trad. de Carlos Vogt).
« Um motivo padrão na ficção científica e na literatura de UFOs assume serem os extraterrestres tão capazes como nós. Talvez tenham um tipo diferente de espaçonave ou raios, mas em uma batalha — e a ficção científica adora descrever batalhas entre civilizações — nós e eles competimos igualmente. Na verdade, não há quase chance de duas civilizações galácticas interagirem no mesmo nível. Em qualquer confronto, uma quase sempre dominará inteiramente a outra. Um milhão de anos é muita coisa. Se uma civilização avançada estiver para chegar em nosso sistema solar, não haverá nada que possamos fazer a respeito. Sua ciência e tecnologia estarão muito além de nós. É perda de tempo preocuparmo-nos com as possíveis intenções malévolas de uma civilização avançada com a qual deveremos estabelecer contato. É mais provável que, se sobreviveram tanto tempo, isto signifique que tenham aprendido a viver com eles mesmos e com os outros. Talvez nossos receios sobre um contato extraterrestre sejam meramente uma projeção de nosso próprio passado, uma expressão da nossa consciência culpada pela nossa história anterior, a destruição de civilizações só um pouco mais atrasadas do que a nossa. Lembramos Colombo e os Arawaks, Cortés e os Astecas, mesmo o destino dos Tlingits nas gerações pós-La Pérouse. Lembramo-nos e preocupamo-nos. Mas se uma armada interestelar aparecer em nossos céus, prevejo que seremos muito obsequiosos.
« É muito mais provável um tipo bem diferente de contato — o caso que já discutimos, no qual recebemos uma mensagem complexa e rica, provavelmente pelo rádio, de outra civilização no espaço, mas não estabelecemos, pelo menos por um tempo, um contato físico com ela. Neste caso não há como a civilização transmissora saber se recebemos a mensagem. Se acharmos o conteúdo ofensivo ou assustador, não seremos obrigados a responder. Mas se a mensagem contiver uma informação valiosa, as conseqüências para a nossa própria civilização serão espantosas — visões de ciência, tecnologia, arte, música, política, ética, filosofia e religião alienígenas, e acima de tudo, uma profunda desprovincialização da condição humana. Saberemos o que mais é possível.»
________
Cosmos, de Carl Sagan.
E se o contato já tiver ocorrido? E se foi utilizado um meio mais eficaz que o rádio? E se a mensagem já estiver na internet?
Hehehe…
Por Mikhail Bulgakov.
Essa conversa, como depois se soube, era sobre Jesus Cristo. O editor tinha encomendado ao poeta um longo poema anti-religioso para o próximo número da revista. Ivan Nikolaevitch tinha composto o poema, e até com muita rapidez, mas infelizmente o editor não tinha ficado nada satisfeito com ele. Bezdomni pintara a principal personagem do seu poema, ou seja, Jesus, com cores muito sombrias, e, no entanto, na opinião do redator, era preciso reescrever todo o poema. E agora o redator fazia ao poeta uma espécie de conferência sobre Jesus, a fim de sublinhar o erro fundamental do poeta.
Era difícil dizer o que é que precisamente traíra o poeta: se o poder imaginativo do seu talento ou o completo desconhecimento do assunto sobre o qual escrevia. Mas o Jesus que ele retratara era, digamos, como que uma personagem viva, embora não muito atraente. E Berlioz queria provar ao poeta que o mais importante não era como tinha sido Jesus, mau ou bom, mas que esse Jesus, como indivíduo, nunca existira e que todas as histórias sobre ele eram pura invenção, o mais vulgar dos mitos.
Devemos assinalar que o redator era um homem de muitas leituras e citava habilidosamente no seu discurso os historiadores antigos, por exemplo o célebre Fílon de Alexandria, o brilhante erudito Flávio Josefo, que nunca disseram nem uma palavra acerca da existência de Jesus. Mostrando uma sólida erudição, Mikhail Alexandrovitch informou o poeta, entre outras coisas, de que a passagem do Livro Quinze, no Capítulo 44 dos famosos Anais de Tácito, onde se fala de Jesus, não é mais que uma interpolação posterior e falsa.
O poeta, para quem tudo aquilo que o redator dizia era novidade, escutava atentamente Mikhail Alexandrovitch, fixando nele os seus olhos verdes, vivos e desenvoltos, e só de vez em quando soluçava, amaldiçoando em voz baixa o refresco de alperce.
– Não há uma única religião oriental – dizia Berlioz – em que, como regra, uma virgem imaculada não dê à luz um deus. E os cristãos, sem inventarem nada de novo, criaram do mesmo modo o seu Jesus, o qual de fato nunca existiu. E é isto que deve ser principalmente realçado…
A forte voz de tenor de Berlioz ecoava na alameda deserta, e, à medida que Mikhail Alexandrovitch penetrava em labirintos onde só um homem muito culto se pode aventurar sem correr o risco de quebrar a face, o poeta aprendia cada vez mais coisas interessantes e úteis sobre o Osíris egípcio, o deus benfazejo, filho do Céu e da Terra, sobre o deus fenício Tamuz, sobre Marduque, e até sobre o menos conhecido e terrível deus Huitzilopochtli, outrora profundamente venerado pelos astecas no México.
E no preciso momento em que Mikhail Alexandrovitch contava ao poeta como os astecas moldavam em massa de pão a figura de Huitzilopochtli, apareceu na alameda o primeiro transeunte.
Posteriormente, quando, para falar verdade, era já demasiado tarde, várias instituições apresentaram relatórios com a descrição desse homem. A comparação entre esses relatórios não pode deixar de causar estupefação. Assim, no primeiro diz-se que ele era de baixa estatura, tinha dentes de ouro e coxeava da perna direita. No segundo, esse homem era de estatura enorme, tinha coroas de platina e coxeava da perna esquerda. O terceiro relatório informa laconicamente que o homem não tinha quaisquer sinais particulares.
Devemos reconhecer que nenhum desses relatórios tem qualquer utilidade.
Antes de mais, o homem descrito não coxeava de nenhuma das pernas e não era de estatura baixa nem demasiado alta, mas simplesmente alto. Quanto aos dentes, do lado esquerdo tinha coroas de platina e de ouro no lado direito. Vestia um traje caro cinzento, e usava sapatos estrangeiros da mesma cor. O boné cinzento caía-lhe ousadamente sobre a orelha e debaixo do braço trazia uma bengala com castão preto em forma de cabeça de cão-d’água. Aparentava ter pouco mais de quarenta anos, tinha a boca um pouco torcida e estava muito bem barbeado. Era moreno. O olho direito era negro e o esquerdo, não se sabe por quê, era verde. As sobrancelhas eram negras, mas uma mais alta que a outra. Em suma, um estrangeiro.
Ao passar junto do banco onde estavam sentados o editor e o poeta, o estrangeiro olhou-os de soslaio, parou e, subitamente, sentou-se no banco próximo, a dois passos dos amigos.
“Alemão”, pensou Berlioz. “Inglês”, pensou Bezdomni. “E de luvas, com este calor.”
O estrangeiro percorreu com o olhar os altos edifícios que formavam um quadrado em volta do lago, e era evidente que via aquele lugar pela primeira vez e que ele lhe interessava.
Deteve o olhar nos andares superiores cujos vidros refletiam ofuscantemente o sol fragmentado que abandonava Mikhail Alexandrovitch para sempre, depois baixou-o para onde as vidraças começavam a escurecer com a noite, sorriu com ar superior, semicerrou os olhos, colocou as mãos sobre o castão da bengala e apoiou o queixo nas mãos.
– Tu, Ivan – disse Berlioz -, descreveste muito bem e em tom satírico, por exemplo, o nascimento de Jesus, filho de Deus, mas a questão está em que, antes de Jesus, nasceu toda uma série de filhos de deuses como, por exemplo, o Átis frígio. Em suma, nenhum deles nasceu e nenhum deles existiu, incluindo o próprio Jesus. E é preciso que tu, em vez do nascimento ou, digamos, da chegada dos Reis Magos, descrevas os boatos absurdos sobre esse nascimento… Ora do teu relato resulta que ele realmente nasceu!…
Então Bezdomni fez uma tentativa para acabar com os soluços, sustendo a respiração, o que o fez soluçar mais dolorosamente e mais alto, e, nesse mesmo instante, Berlioz interrompeu o seu discurso, porque de súbito o estrangeiro levantou-se e encaminhou-se para os escritores. Estes olharam-no atônitos.
– Desculpem, por favor – disse o homem, com sotaque estrangeiro mas sem deformar as palavras -, se, não vos conhecendo, tomo a liberdade… mas o tema da vossa erudita conversa é tão interessante que…
Tirou polidamente o boné, e os dois amigos não tiveram outro remédio senão levantarem-se e cumprimentá-lo.
“Não, deve ser francês … “, pensou Berlioz. “Polaco? … “, pensou Bezdomni. Deve-se acrescentar que desde as primeiras palavras o estrangeiro suscitou no poeta uma impressão de repulsa, enquanto Berlioz gostou dele, ou antes, não é que tenha gostado dele, mas… como dizer.. despertou-lhe interesse, digamos.
– Permitem que me sente? – pediu com polidez o estrangeiro, e, involuntariamente, os amigos afastaram-se, o estrangeiro sentou-se entre eles e entrou de imediato na conversa. – Se bem ouvi, o senhor dizia que Jesus nunca existiu? – perguntou o estrangeiro, voltando para Berlioz o seu olho esquerdo, verde.
– Sim, ouviu bem – respondeu cortesmente Berlioz. – Foi precisamente isso que eu disse.
– Ai, que interessante – exclamou o estrangeiro. “Mas que diabo quer ele?”, pensou Bezdomni, franzindo as sobrancelhas.
– E o senhor concordou com o seu interlocutor? – inquiriu o desconhecido, voltando-se para a direita, para Bezdomni.
– Cem por cento! – confirmou este, que gostava de expressões rebuscadas e alegóricas.
– Admirável! – exclamou o interlocutor e, lançando olhadelas furtivas e baixando ainda mais a voz, disse: – Desculpem-me a impertinência, mas, ao que percebi, os senhores, para além do mais, também não acreditam em Deus? – Teve um olhar de espanto e acrescentou: – Juro que não digo a ninguém.
– É verdade, não acreditamos em Deus – respondeu Berlioz, sorrindo levemente do receio do turista estrangeiro -, mas podemos falar disso com toda a liberdade.
O estrangeiro recostou-se no banco e perguntou, numa voz meio esganiçada de curiosidade:
– Os senhores são ateus?
– Sim, somos ateus – respondeu Berlioz, e Bezdomni pensou irritado: “Está grudado, este pato estrangeiro!”.
– Oh, que coisa fascinante! – exclamou o atônito estrangeiro, e virava a cabeça olhando ora para um, ora para outro dos literatos.
– No nosso país, o ateísmo não surpreende ninguém – disse Berlioz diplomaticamente. – A maioria da nossa população deixou, conscientemente e há muito tempo, de acreditar em histórias sobre Deus.
Então o estrangeiro saiu-se com esta: pôs-se de pé e apertou a mão do assombrado editor, enquanto dizia estas palavras:
– Permita que lhe agradeça de todo o coração!
– Por que é que lhe agradece? – interrogou Bezdomni pestanejando.
– Por uma informação muito importante que, para mim, como viajante, é muito interessante – explicou o estrangeiro excêntrico, erguendo um dedo significativamente.
Pelo visto, a importante informação produzira de fato uma forte impressão no viajante, porque ele relanceou os olhos assustados pelos edifícios, como se receasse ver um ateu em cada janela.
“Não, não é inglês … “, pensou Berlioz, enquanto Bezdomni pensava: “Interessante, onde terá ele aprendido a falar assim russo!”, e de novo franziu as sobrancelhas.
– Mas permita que lhe pergunte – tornou o visitante estrangeiro depois de refletir ansiosamente. – E as provas da existência de Deus, as quais, como se sabe, são exatamente cinco?
– Infelizmente! – respondeu Berlioz com pesar -, nenhuma dessas provas vale nada, e a humanidade já as mandou há muito para o arquivo. Pois há-de concordar que no domínio da razão não pode haver nenhuma prova da existência de Deus.
– Bravo! – exclamou o estrangeiro. – Bravo! O senhor repete interiormente o pensamento do velho irrequieto Immanuel sobre esse assunto. E coisa curiosa: ele demoliu completamente as cinco provas, e depois, como que troçando de si mesmo, construiu a sua própria sexta prova!
– A prova de Kant – ripostou o culto editor com um leve sorriso – também não é convincente. E não era em vão que Schiller dizia que as considerações de Kant sobre esta questão só podem satisfazer os escravos, e Strauss limitou-se a rir dessa prova.
Enquanto falava, Berlioz ia pensando: “Mas afinal, quem será ele? E por que é que fala tão bem russo?”.
– Esse tal Kant, havia que agarrá-lo e mandá-lo para Solovki, por essas provas! – lançou inesperadamente Ivan Nikolaevitch.
– Ivan! – murmurou Berlioz, embaraçado. Mas a proposta de enviar Kant para Solovki não só não impressionou o estrangeiro como o deixou encantado.
– Exatamente, exatamente! – exclamou ele e o seu olho esquerdo, verde, voltado para Berlioz, cintilou. – Lá é que é o lugar dele! Pois na época eu lhe disse, ao pequeno-almoço: “Desculpe, professor, mas o senhor inventou uma coisa que não faz sentido! É talvez inteligente, mas demasiado incompreensível. Vão fazer troça de si”.
Berlioz arregalou os olhos. “Ao pequeno-almoço?… A Kant?… Que está ele aí a inventar?”, pensou.
« Esta é, até onde posso alcançar, a suprema realização da vida artística. Pois ela é simples autodesenvolvimento. A humildade, num artista, é a sua franca aceitação de todas as experiências, assim como o amor para o artista é simplesmente o sentido da beleza que revela ao mundo seu corpo e sua alma. Em Marius, o Epicurista, Pater tenta reconciliar a vida artística com a vida religiosa no sentido profundo, doce e austero do termo. Mas Marius é pouco mais que um mero espectador. Um espectador ideal, é verdade, ao qual foi concedido o dom de “contemplar o espetáculo da vida com as emoções apropriadas”, que Wordsworth define como sendo o verdadeiro objetivo do poeta, mas ainda assim um simples espectador e talvez por demais ocupado em contemplar a beleza dos bancos do santuário para perceber que contemplava apenas o refúgio do sofrimento.
« Vejo uma conexão bem mais íntima e imediata entre a verdadeira vida de Cristo e a verdadeira vida do artista e sinto um intenso prazer ao pensar que muito antes que o sofrimento tivesse se apossado dos meus dias e me prendido à roda do suplício, eu já tinha escrito em A Alma do Homem sob o Socialismo que aquele que vivesse uma vida semelhante à de Cristo deveria ser inteira e absolutamente fiel a si mesmo, e tinha escolhido como meus modelos não apenas o pastor na vertente da colina ou o prisioneiro em sua cela mas o pintor e o poeta, para os quais o mundo é um espetáculo brilhante, ou uma canção. Lembro que uma vez disse a André Gide, quando conversávamos sentados num café qualquer de Paris, que, embora a metafísica tivesse muito pouco interesse para mim e a moral absolutamente nenhum, não havia nada que Platão ou Cristo tivessem dito que não pudesse ser transposto imediatamente para o âmbito da arte e ali encontrar completa realização.»
(…)
« No seu livro A Vida de Jesus – o Quinto Evangelho, o Evangelho segundo São Tomás, como poderíamos chamá-lo -, Renan nos diz que a maior realização de Cristo foi ter se feito amar depois de morto tanto quanto fora amado em vida. E não há dúvida de que, se o seu lugar está entre os poetas, ele é o maior de todos os amantes. Ele percebeu que o amor era o primeiro segredo do mundo, o segredo que os homens sábios procuravam e que só através do amor era possível chegar ao coração do leproso ou aos pés de Deus.
« E, acima de tudo, Cristo é o supremo individualista. A humildade como a aceitação artística de todas as formas de experiência é apenas um tipo de manifestação. O que Cristo procura sempre é a alma do homem. Ele a chama de “Reino de Deus” e a encontra em todos nós. Ele a compara às pequenas coisas, a uma sementinha, um punhado de levedo, uma pérola. Isto porque só podemos perceber a nossa alma se nos libertarmos de todas as paixões estranhas, toda a cultura adquirida, todas as possessões externas, quer sejam elas boas ou más.
« Eu resisti a tudo com uma certa dose de teimosia e um espírito rebelde, até que nada mais me restava no mundo, salvo uma coisa. Havia perdido meu nome, minha posição, a felicidade, a liberdade, a riqueza. Era um prisioneiro e um mendigo. Mas ainda tinha meus filhos. De repente, eles me foram tomados por força da lei. Foi um golpe tão terrível que fiquei sem saber o que fazer e prostrei-me de joelhos, curvei a cabeça e chorei, exclamando: “O corpo de uma criança é como o corpo do Senhor, eu não mereço nenhum dos dois”. Aquele momento pareceu salvar-me. Percebi então que a única coisa a fazer seria aceitar tudo. Desde então – embora possa sem dúvida parecer estranho – sou mais feliz. Naturalmente, naquele instante eu conseguira alcançar a própria essência da minha alma. Quando conhecemos a nossa alma, tornamo-nos simples como crianças, tal Como Cristo ensinou que deveríamos ser.
« É trágico ver quão poucas pessoas chegam a “possuir suas próprias almas” antes de morrer. “Nada é mais raro num homem” – diz Emerson – “do que um ato independente”. E é verdade. A maior parte das pessoas são outras pessoas. Seus pensamentos são os pensamentos dos outros, suas vidas são uma imitação de outras vidas, suas paixões, citações de um texto já lido. Cristo não foi apenas o supremo individualista, mas o primeiro individualista da História. Tentaram fazer dele um filantropo vulgar igual a tantos outros, ou colocá-lo ao lado dos sentimentais e dos espíritos não-científicos, como se tivesse sido apenas um simples altruísta. Mas na verdade ele não era nem uma coisa nem outra. Sentia compaixão pelos pobres, por aqueles que viviam encarcerados nas prisões, pelos humildes, pelos miseráveis, mas tinha muito mais pena dos ricos, dos hedonistas, daqueles que perdem a liberdade, escravos das coisas materiais, dos que usam ricas vestes e vivem em casas dignas de reis. Para ele, riqueza e prazer pareciam tragédias bem maiores do que a pobreza e o sofrimento. E quanto ao altruísmo, quem melhor do que ele sabia que não é a vontade e sim a vocação que nos define e que é impossível colher uvas nos espinheiros ou figos nos cardos?
« Sua doutrina não exigia que vivêssemos para os outros como um objetivo definido e consciente. Não era essa a sua característica básica. Quando ele nos diz: “Perdoa os teus inimigos”, não está pensando no bem do inimigo mas no nosso próprio bem, porque o amor é mais belo do que o ódio. Mesmo quando disse ao jovem: “Vende tudo aquilo que possuis e distribui o dinheiro entre os pobres”, não era nos pobres que pensava mas na alma do jovem, naquela alma que a riqueza estava destruindo. Na sua visão da vida ele se iguala ao artista, pois ambos sabem que, pela inevitável lei do autodesenvolvimento, o poeta deve cantar, o escultor exprimir-se no bronze e o pintor fazer do mundo um espelho dos seus estados de alma, assim como o espinheiro deve florescer na primavera, o milho dourar na época da colheita e a lua, em suas peregrinações, passar de foice a escudo e de escudo a foice.
« Mas embora não tenha jamais dito aos homens “Vivam para os outros”, Cristo nos fez entender que não há a menor diferença entre a vida do outro e a nossa própria vida. Por esse meio, ele ampliou a personalidade do homem, dando-lhe as dimensões de um Titã. Desde a sua vinda, a história de cada indivíduo isolado é – ou pode vir a ser – a história do mundo. É claro que a cultura intensificou também a personalidade do homem. A arte deu mil novas facetas à nossa mente. Aqueles que possuem um temperamento artístico vão para o exílio com Dante e aprendem como o sal pode ser o pão dos outros e quão mais íngremes podem ser os degraus que eles são obrigados a subir, eles captam por um instante a serenidade e a calma de Goethe e no entanto conseguem entender até bem demais o que Baudelaire gritou para Deus:
“O Seigneur , donnez-moi la force et le courage De contempler mon corps et mon coeur sans dégoût”.
[Oh, Senhor, dai-me a força e a coragem para contemplar meu corpo e meu coração sem desgosto.] »
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De Profundis, de Oscar Wilde.
Entrevista de Antony Sutton a Stanley Monteith, 1980: “Wall Street and the Rise of Hitler” (legendas em português) from midiaamais on Vimeo.
Transcrição e tradução: Henrique Dmyterko
“O argumento que permeia todos os meus livros: nos altos escalões, não há diferença entre um grande capitalista e um grande comunista — eles estão entrelaçados.” ~ Antony Sutton
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