palavras aos homens e mulheres da Madrugada

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Religião e Sociedades Secretas – podcast com Olavo de Carvalho

Há exatos seis anos, publiquei meu sexto podcast com o filósofo Olavo de Carvalho, no qual conversamos sobre “Religião e Sociedades Secretas”. (Veja os tópicos logo abaixo de cada parte.) Volto a postá-lo aqui, em duas partes, porque, dentre todos os gravados naquele ano (2006), foi exatamente este o que mais me marcou. A primeira parte — que chamo de “lado A” — foi ouvida, até o momento, mais de 97 mil vezes. A segunda parte (“lado B”), por alguma razão que desconheço, foi danificada no YouTube quando já havia sido ouvida mais de 22 mil vezes. Voltei a postá-la novamente e, hoje, conta 5160 acessos. Não sei o porquê dessa discrepância de acessos entre as duas partes, mas a questão é que considero a segunda parte tão ou mais importante que a primeira. Creio que, na primeira, Olavo prepara a mesa enquanto que, na segunda, ele nos serve um banquete. O que Olavo fala sobre a fé, nessa segunda parte, é algo que jamais esquecerei. Não sugiro que seja ouvida antes ou em vez da primeira parte, mas, sim, que não seja deixada de lado. Você irá entender o porquê.


Neste sexto bate-papo, “lado A”, o filósofo Olavo de Carvalho discorre sobre os seguintes temas: Islã, Frithjof Schuon, religião comparada, judaísmo/hinduísmo/budismo; Conceito de religião, revelação e doutrina; Cristianismo, o indiví­duo, fé e crença; a filosofia perene; Martin Heidegger; religião evolutiva?; Islã e terrorismo; queda do Império Romano, os feudos, a Igreja Católica, racionalismo e moral cristã; Emmanuel Swedenborg, a Bí­blia; ateus; sociedades secretas, Maçonaria, os Illuminati; René Guénon, o caos e a unidade do Islã, califado mundial; etc.


Neste sexto podcast, “lado B”, Olavo discorre sobre os seguintes tópicos: pensamento epidérmico e pensamento profundo; diferença entre Deus e Alá; fraternidade; a conversão acentuadamente “civil” islâmica e a conversão estritamente espiritual cristã; o Verbo Divino; Fé e confiança; a conversão não é instantânea; a Salvação; o pensamento de Jacques Derrida como testemunho da perdição da alma; a Imortalidade; o Livro de Urântia (Urantia Book); a Bí­blia e a literatura; a Bí­blia como chave para interpretação da vida pessoal; alma fechada e alma aberta; a diferença entre o poeta e o louco; “Deus não é objeto para o pensamento”; “o desconstrucionismo, o marxismo e a psicanálise defendem-se da crí­tica tal como o faz o homossexualismo”; unidade planetária e globalização; abismos culturais; George Soros; “os quatro graus de credibilidade”; maturidade intelectual; uma dica de filme; o lançamento de sua rádio online (TrueOutspeak).

Aulas de filosofia de Mário Ferreira dos Santos

Mário Ferreira dos Santos (1907-1968) nasceu em Tietê, Estado de São Paulo, tendo passado sua infância e adolescência em Pelotas, Rio Grande do Sul. Licenciou-se em Direito e Ciências Sociais pela Universidade de Porto Alegre. Mudou-se para São Paulo, onde fundou duas editoras para publicação e divulgação de suas obras: Editora Logos e Editora Matese.

Escritor e pensador extraordinariamente fecundo, publicou, em menos de quinze anos, a coleção “Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais”, que abrange 45 volumes, parte de caráter teorético e parte histórico-críticos. Em 1957, publicou “Filosofia Concreta”, que estabelece o seu modo de filosofar. Mário Ferreira dos Santos considera a Filosofia como ciência rigorosa, aceitando o que é demonstrado e não o problemático e provável. Para ele, a Filosofia possui o genuíno valor de ciência, seja na investigação e na sistematização, seja na análise e na síntese de temas expositivos e polêmicos. Em 1959, a edição de “Métodos Lógicos e Dialéticos” expõe uma nova metodologia para guiar com segurança o estudioso no campo do saber.

A década de 1960 foi o período em que suas obras tiveram maior difusão em todo o território nacional.

Leitura dos Clássicos

“E o que é um ‘clássico’? É um texto que expressa, de maneira clara e adequada, intuições e conhecimentos que fazem parte da natureza essencial do ser humano.”
Luiz Gonzaga de Carvalho

Vincent van Gogh e os livros amarelos

Como este quadro – Le livres jaunes (Os livros amarelos) – pertence a uma coleção particular, não sei afirmar qual é sua real condição. (É possível encontrá-lo no Google Images em vários tons distintos, e inclusive numa versão espelhada, com os objetos dispostos em sentido inverso.) Mas, poxa… é van Gogh!, que foi, antes de tudo, um grande leitor. (Basta ler as Cartas a Theo para inteirar-se dos diversos livros que lhe fizeram a cabeça.)

São Paulo, a Symphonia da Metropole (1929)

São Paulo, a Sinfonia da Metrópole (1929), dirigido por Rodolfo Lustig e Alberto Kemeny.

Como o filme não tem trilha sonora, sugiro algumas variações de Beethoven:

Scott McKenzie e o sonho

Dia 18 de Agosto, faleceu Scott McKenzie, intérprete da canção “San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)”, composta por John Phillips (The Mamas & the Papas). Essa música me lembra uma conversa que tive, sobre as raves que frequentei no final dos anos 90, com o falecido escritor José Luis Mora Fuentes. Na ocasião, Mora Fuentes me disse: “Uê, Yuri, essa festa que você está me descrevendo é idêntica às festas do final dos anos 60. Só a música é outra”. De fato, comecei a prestar atenção às raves e notei que eram “Woodstocks eletrônicas”. Já que os shows de rock haviam se transformado no tipo de evento em que apenas os músicos pareciam estar no centro do universo, as raves apareceram para substituí-los. Ali, todo mundo parecia estar no centro. Qualquer um que estivesse numa das primeiras XXXperience ou Avonts sentia uma nova vibração no ar, sentia que fazia parte de algo novo. Mas, assim como os anos 60 dessa música, hoje sinto que tudo se desmanchou no ar novamente: The dream is over – again!. Ora, forma sem um conteúdo realmente sólido – por mais inebriante que se apresente – é saco vazio que não pára em pé.

Permanecem as lembranças, tal como as vazias conchas da praia…

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Publicado no Digestivo Cultural.

Paul Johnson fala sobre Cristóbal Balenciaga

Balenciaga


Trecho do livro Os Criadores, de Paul Johnson:

De todas as pessoas criativas que encontrei, Cristóbal Balenciaga (1895-1972) foi a mais dedicada à criação de coisas belas. (…)

Entre os mestres da moda parisiense provenientes de outros países, Balenciaga era o maior. Na verdade, muitos o consideram o costureiro mais original e criativo da história. E era um verdadeiro costureiro, não apenas designer de moda: ou seja, criava o modelo, cortava, costurava, provava e fazia o acabamento das roupas, e alguns de seus melhores vestidos eram feitos inteiramente por ele. (…)

Nunca comentou o trabalho de outros costureiros. (…)

Ele considerava a costura uma vocação, como o sacerdócio, bem como um ato de devoção. Sentia que adornar a forma feminina, que Deus fizera tão bela, era uma maneira de adorar a Deus. Sua abordagem era reverencial, na verdade sacerdotal. (…)

A Maison Balanciaga era como uma igreja, na verdade um monastério. Marie-Louise Bousquet disse: “Era como entrar num convento de freiras saídas da aristocracia”. Courrèges, que trabalhou lá, descreveu a atmosfera como “monástica tanto no sentido arquitetônico quanto no sentido espiritual”. (…) todas as entradas eram guardadas por mulheres fortes. (…)

Não fazia questão de usar artifícios para conquistar a popularidade. Nunca concedeu entrevistas (exceto uma, ao Times de Londres, ao decidir se aposentar.) Não frequentava a sociedade. (…) Tinha as maneiras de um antigo cardeal do Papa Pio XII. (…) Jamais elevou a voz. Na verdade, o silêncio era a sua norma. Ungaro disse: “Havia nele algo de nobre”. (…) Dizia-se que ele não gostava de mulheres, mas não há sinais de que gostasse delas menos do que gostava dos homens. Via-as como cavalos de corrida: “Devemos vestir apenas as puro-sangue”. Costumava citar Salvador Dalí: “Uma mulher verdadeiramente distinta muitas vezes tem um ar desagradável”.

No entanto, costurava para mulheres. Seu princípio fundamental como costureiro era fazer as mulheres felizes. “Ele gostava de fazer uma duquesa de 60 anos parecer ter 40, e a esposa de um comerciante milionário parecer uma duquesa.” (…)

Balenciaga acreditava que suas roupas, quando usadas adequadamente (e era raro uma cliente não seguir suas regras), levavam suas portadoras a uma supercultura sem classes, celestial e infinita, na qual o corpo da mulher, ainda que velho ou com alguns defeitos, estabelecia o que ele chamava de “casamento místico” com suas roupas. (…)

Mas em 1968 (…) ele vinha se tornando uma figura cada vez mais desiludida e melancólica. Os acontecimentos de 1968 – a revolta dos estudantes que a todos parecia um novo começo – foram considerados por ele como uma exibição de selvageria, um ataque à civilização, visão que compartilhava com o perceptivo filósofo Raymond Aron e que demonstrou estar certa. (…) Mas seu coração já não estava mais ali e ele acabou chegando à conclusão de que as novas políticas fiscais e trabalhistas tornavam a administração de seu negócio cada vez mais desagradável. Abruptamente, como de Gaulle, aposentou-se, fechou a maison de Paris (não havia sucessor possível) e voltou para a Espanha. Morreu em 1972, triste e solitário, um grande artista derrubado pelos anos, uma das muitas baixas da insensatez da década de 1960 – junto com instituições como a Sociedade de Jesus, a universidade de eruditos e cavalheiros à moda antiga, as regras tradicionais de decoro sexual, a reticência artística e muito mais.

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Publicado no Digestivo Cultural.

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