Este parece ser o primeiro post deste blog — mas não é. Afinal, embora eu tenha mudado algumas vezes — e isso desde 2002 — de servidor, de CMS (Content Management System), de domínio, e até mesmo o nome do blog, eu não vejo nenhuma descontinuidade no processo. Este blog ainda é o meu blog, o mesmo que comecei a escrever em 1985, aos 14 anos, num caderno preterido pelas lições do colégio, isto é, o meu privativo blog primitivo. De fato, entre aquele e este, não há grande diferença. Talvez eu esteja apenas um pouco mais desencanado, um tanto mais tranqüilo, mais reticente — e só. Entende? Liguei o “foda-se”. Para quê tanta preocupação? Para quê tanta discussão online? (Sem debates públicos! Os comentários, por exemplo, só estão habilitados para trackbacks. Quem quiser me dizer algo, quem quiser iniciar um diálogo honesto, que utilize o formulário de contato; quem quiser se exibir, que saia nu pela rua ou crie seu próprio blog.) Poxa, como dizia o Heidegger — em outro contexto, obviamente –, “o medonho já aconteceu”. Logo, poderia ocorrer, neste mundo, algo pior que a Rebelião de Lúcifer? Algo pior que a queda do casal adâmico? É óbvio que não. Tudo o mais é conseqüência. Cabe a cada um escolher o lado pelo qual deseja lutar. E por mais que as coisas possam caminhar para trás, um dia elas fatalmente seguirão adiante. Mesmo que, para tanto, sejam necessários dez mil anos de idas e voltas e novas idas. (O Brasil precisará de uns cem mil.) E, se a realidade vier a meter bambus sob minhas unhas, meu espírito ficará resguardado em local muito seguro. Conquistei minha fé. E isso é o que importa.
Todo esse papo, aliás, não é senão um preâmbulo para postar e justificar aqui a foto da camiseta que criei e que acabou se tornando a imagem deste blog: o escritor Dostoiévski abraçado à modelo… Quem é ela? Sinceramente, eu não sei. Baixei a imagem dela da internet. (Escrevam-me antes de pensar em me processar, ok?) “É o Fidel?”, perguntou meu pai. Não, não é. É meu escritor russo predileto — intenso, estranho, religioso — abraçado à musa — linda, sensual — de alguém. (De quem? Bom, não tenho a menor idéia.) Enfim, decidi criar esse contraste entre a pujança interior dele e a beleza exterior dela, entre o espírito criador e a tentação. O resultado me pareceu — como direi? — terno, cômico, bizarro e, conforme me anunciou uma certa señorita, a minha cara! E só. (Acho que o amigo Fiódor, como legítimo escorpiano, o aprovaria.) E funciona: as pessoas se voltam para olhar minha camiseta quando passeio por aí.
Ah, quase me esqueço: sim, desisti de criar nomes para meu blog. Cada dia tinha uma idéia mais “genial” que a outra: cantandoeandando.com, escrevendoeandando.com, inutiliatruncat.com, blogexmachina.com, deusexblog.com, parardepensaremburrece.com, vaitecatar.com, etc. Bobagens. Para quê tanto esforço? Eu iria me enjoar do nome como me enjôo da roupa cotidiana. Aliás, meus amigos sempre se referiram a meu site assim mesmo, “blog do Yuri”. Sem falar que o último — O Garganta de Fogo –, que era um blog coletivo, acabou se transformando, de fato, numa garganta de fogo. Nomen est omen (Nome é destino). Mas eu sou de escorpião, um signo de água…
É isto. No mais, sejam bem-vindos a essa nova fase do “blog do Yuri”. (Se me der na telha, publicarei meus posts antigos aqui.)
Inté!