palavras aos homens e mulheres da Madrugada

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XXX_Machina

— Nossa! O filme “Ex_Machina” é demais!!

— Besteira. A Inteligência Artificial jamais será autoconsciente. O homem não pode conceder a outro aquilo que ele não criou e que não possui explicação técnica, material. Aquele funcionário nerd do filme perdeu foi a oportunidade de fazer amizade com o chefe barbudo. Juntos poderiam planejar novos empreendimentos, tipo uma companhia de aviação com aeromoças andróidas submissas que fazem boquetes nos passageiros dominantes.

— Puts! Você é um pervertido mesmo.

— Eu não, aquele CEO é que era um pervertido. Vivia sozinho com um harém de roboas. (Sacou? Roboas: robôs femininos com jeito de mulheres boas, gostosas.) Aliás, o funcionário devia ter feito como ele e partido logo para uma suruba com a Ava e com a… como se chamava? Kyoko? (Linda a japonesa, muito mais gata do que a Ava!) Bom, essa suruba seria apenas uma punheta cibernética, mas, desse modo, o filme seria no mínimo mais realista do que essa bobagem de Inteligência Artificial com autoconsciência… Imagine o drama de ficar comendo roboas sem conseguir ter um relacionamento de verdade… Seria um filme muito melhor: uma metáfora do nosso próprio mundo. Só um nerd que não come ninguém cai na conversa fiada de uma andróida gostosa. Já em “2001: Uma Odisséia no Espaço”, por exemplo, há ao menos uma explicação aparentemente sobrenatural para a existência do maquiavélico HAL: aquele monólito preto. A autoconsciência é um mistério, meu caro. Não é meramente saber: é saber que sabe, é ter consciência de que tem consciência. Não é resultado de um algoritmo…

— Sim, mas ninguém disse que aquela andróide realmente adquiriu Inteligência Artificial ou, como você diz, autoconsciência. Quem chega a acreditar nisso é o empregado nerd. Ela apenas levou a cabo, da melhor maneira possível, todos os passos necessários para atingir seu objetivo: sair daquela cela.

— Mas, no final, ela vai até aquela esquina, observar o movimento da rua, algo que ela havia dito ao otário sem ter sido programada. Ela expressou um desejo e máquinas não possuem desejos.

— Ela tinha acesso a um enorme banco de dados do tipo do Google: provavelmente estava apenas emulando o desejo de algum internauta escolhido ao acaso.

— Ok. Então vamos supor que você está certo, que o filme não é como o 2001 do Kubrick e ela portanto não adquiriu uma autoconsciência efetiva: então, no fundo, o filme foi sobre uma pegadinha! O nerd caiu numa pegadinha apenas porque, ao contrário do que qualquer pessoa sensata, considerou a autoconsciência de uma máquina como algo possível. Ele acreditou que um humano deu autoconsciência àquela andróide. Só um espectador tão bobo quanto ele é capaz de encarar esse filme como um drama e não como a comédia sem graça que, na verdade, ele é.

— Ah, desisto.

— Ótimo. Eu já havia terminado.

10 anos: parece que foi ontem

Em 2006, publiquei cerca de dez horas de entrevista (em áudio) com Olavo de Carvalho, sua primeira aparição no YouTube. Eu procurava, procurava, procurava e não encontrava nada sobre ele ali. ¿Como era possível? ¿Depois de Olavo ter escrito todos aqueles livros?! Absurdo. Então lhe fiz a proposta e ele a aceitou. Nas gravações, a atualidade de tudo o que ele diz é espantosa. Desde então, graças ao movimento revolucionário, o Brasil permaneceu completamente atolado. Ou melhor: afundou mais.

Quem não ouviu essa conversa — que acabou dando origem ao programa True Outspeak — não sabe o que está perdendo…

Caso alguém queira baixar os arquivos MP3, clique aqui.

Ouça a entrevista completa abaixo:

Cinema e pão com mortadela

Em geral, no set de filmagem, a única pessoa que realmente sabe o que está acontecendo é o diretor. Os demais têm apenas uma “idéia geral”. O filme está na cabeça do diretor e suas ordens e indicações são tanto mais freqüentes quanto menor for o entendimento dessa idéia geral por parte dos demais membros da equipe. Mas o diretor só fala o essencial, isto é, só o necessário para que todos se adéquem à sua visão. Um ator pode não ter a mínima pista sobre a razão de tal cena estar sendo rodada, mas isso só importará ao diretor se esse ator começar a atrapalhar o filme. Se mesmo sem entender, ele atuar corretamente — e para isso basta que o ator compreenda seu personagem, e não o filme completo — o diretor não sentirá a menor necessidade de lhe dar maiores explicações. Se é assim com um ator, imagine com relação aos figurantes. Figurantes figuram, ponto. Recebem um mínimo de indicações para saber como agir, ou como não agir, e pronto. Por isso o trabalho de figurante pode ser tão entediante: tanta espera para participar de algo que não compreende! Por isso os figurantes precisam ser sempre pagos. Por isso compreendo completamente o PT, quando paga seus figurantes com pão e mortadela. Segundo minha experiência, nada torna o figurante mais irritadiço do que a fome. Sim, ele não precisa saber por que, enfim, está ali. Mas sua barriga precisa ficar calada, ela não pode interferir na sua performance. Ou a ficção resultante de seu trabalho não irá colar.

ESPELHO — 8 anos de idade

Quase ninguém sabe — provavelmente apenas a Cassia — mas escolhi o dia 21 de Agosto de 2007 para lançar o curta-metragem ESPELHO porque, neste dia, segundo o “livro azul”, é aniversário de Jesus. Para quem ainda não assistiu ao filme, fica aqui o convite. Infelizmente não experimentará o mesmo efeito que costuma ocorrer nas salas de cinema, onde o público, no início, acaba reagindo tal como o desassossegado protagonista: daí o “efeito espelho”. Hoje, concordo com alguns críticos: talvez eu tenha exagerado na verborragia. Mas também concordo com um amigo de São Paulo, segundo o qual, e modéstia à parte, este curta está entre os dez melhores realizados na década passada, pois consegue unir uma narrativa tradicional a uma abordagem experimental. (Aliás, foi Dib Lutfi, o mestre da câmera em movimento, quem me aconselhou: “Mantenha o plano estático quase o filme inteiro”.) Enfim, olho para meu trabalho e, apesar dos pesares (principalmente a pobreza de recursos), vejo que é bom. E os invejosos ‘que se jodan’.

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DRÁCULA E OS CULTOS NEOPENTECOSTAIS
Dizem que, nos cultos neopentecostais, os pastores falam mais do diabo do que de Deus. Dizem que eles preferem aqueles rituais de exorcismo a pregar o Evangelho. Eu nunca presenciei tais cenas porque não sou pentecostal. Vi apenas alguns vídeos, os quais, aliás, nunca mostram o culto por inteiro. Mas isso não importa. O que realmente acho curioso é que as três últimas pessoas que me fizeram tal comentário — sobre a predominância do diabo nos cultos — também adoram filmes de vampiros. ¿Será que leram “Drácula”, de Bram Stoker? (Eu disse “leram” e não “viram”. Não me refiro ao filme do Coppola.) O romance “Drácula” parece um culto pentecostal. Sério. Não porque fale apenas do diabo o tempo inteiro, mas porque seus personagens falam muito de Deus, vivem a rezar e aprendem com o professor holandês a exorcizar o mundo dessa peste sugadora de sangue. Abraham Van Helsing, a cada vinte ou trinta páginas, convoca todo mundo para orar. O cara parece um pastor. Ateus devem passar mal com essa leitura, talvez até se irritem e a abandonem. (Isto é, são exorcizados por Van Helsing juntamente com o vampiro.) Aliás, nenhum exorcismo é feito sem a invocação de uma ou mais das Pessoas da Trindade. Logo, se num culto falam muito do diabo, é porque certamente devem falar muito de Deus. Não que eu concorde com a abordagem pentecostal, mas quem não gosta dela tampouco devia curtir o livro “Drácula”. Nele, é assim: fala-se muito da Divindade como único recurso eficaz para se combater o mal. Infelizmente, com o avanço do secularismo no século XX, Deus foi retirado das histórias de vampiro. Restou apenas a cruz, que funciona mais como uma arma mágica do que como um símbolo de fé. Se Stoker escreveu uma fábula que ensina a vencer o mal mediante a fé, hoje seu personagem nefasto tornou-se um herói para aqueles que não têm fé alguma, a não ser, talvez, essa fé na paródia de imortalidade representada pelo diabólico Drácula. Ninguém mais quer saber como realmente se escapa da morte. O que vale é preservar o corpo — ainda que às custas do sangue alheio…

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Jean Uílis — não vou mais pesquisar no Google para descobrir como se escreve essa merda (se ao menos fosse como o Jeep Willys…) — enfim, o sujeito acha um absurdo deputados que rezam o Pai Nosso dentro do Congresso Nacional. ¿Por que ele não reclama com a Madonna, já que ela reza com seus dançarinos antes de entrar no palco? ¿Só porque ela não é evangélica? ¿O trabalho dela é mais importante do que o trabalho de legisladores?

Nego tem de começar a estudar um pouco de etimologia. Se o fizesse, saberia, por exemplo, que leigo/laico (laikós) é aquele sujeito que pertence ao povo cristão em geral, mas não faz parte do corpo eclesiástico da Igreja Católica. Quando o termo passou a ser usado, todo mundo se assumia como membro da Cristandade. (Mesmo o antigo povo grego considerava a impiedade um crime — que o diga Sócrates!) Estado leigo não é sinônimo de Estado ateu.

Essa conversa é velha e já deu no saco.

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“BALADA RESPONSÁVEL” É NOVILÍNGUA
Não sei se notaram, mas já não há tantos casais divertindo-se em festas, bares e baladas. Agora são uma minoria, formada provavelmente por ricos que podem pagar um motorista particular. Sim, porque hoje em dia, quando o casal sai, só um pode beber enquanto o outro fica com cara de cu, já que alguém precisa ficar sóbrio para dirigir na volta para casa. É muito chato permanecer sóbrio enquanto todo mundo em volta, inclusive sua cara-metade, está se divertindo. Se alguém acha que não é necessário beber em festas e baladas, então pergunte à Nossa Senhora por que ela insistiu tanto para que Jesus transformasse água em vinho. Chesterton, C. S. Lewis e Lin Yutang sabem explicar o porquê. Não deixar um casal beber em público é que é uma irresponsabilidade. Parecerão desconexos. Terão de beber apenas em casa, o que, tecnicamente, já não será mais uma forma de “beber socialmente”. Isto, é claro, se não discutirem perigosamente dentro do carro, ao voltar da festa, porque um estava alegrinho demais…

Anos atrás, tive uma namorada que ficava completamente louca com um simples copo de cerveja. Eu bebo um litro e nada acontece. E a porcaria da Lei Seca trata a todos como iguais. Não somos igualmente afetados pelo álcool.

Aliás, idiotas que fazem cagadas no trânsito quando bêbados também fazem cagadas quando sóbrios. Idiotas são idiotas, ponto. O resto é acidente e, como já dizia Alan Watts, o homem moderno, por mais que tente, jamais conseguirá excluir os acidentes da realidade.

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UBER
Já cheguei a ficar duas horas, após uma balada, esperando um táxi, porque, afinal, além de o governo nos impor sua Lei Seca, também limita as licenças de táxis. E agora os vereadores de São Paulo proíbem o Uber? FDP.

Franceses adoram inventar porcarias burocráticas, inclusive seus taxistas. E brasileiros adoram imitar franceses! Esse arranjo entre empresários de táxi e Estado é que é fascismo. É anti-livre mercado e o mercado “somos nozes”.

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Antes de pegar no batente diário, todo político devia ser obrigado a passar por um corredor polonês formado por seus eleitores. Seria uma forma de averiguar a real aprovação de seu trabalho.

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Ao chegar da apresentação da Orquestra Filarmônica de Goiás no Parque Flamboyant, liguei a TV e me depararei com o finalzinho daquele filme da Sandra Bullock: “Gravidade”. Então, tive uma idéia para um
NOVO FINAL PARA O FILME “GRAVIDADE”:

Depois de muitas horas lutando por sua vida, depois de pular de Estação Espacial em Estação Espacial, buscando em seguida, e desesperadamente, outras velhas naves largadas ao Deus dará por russos e chineses, enfim, depois de arriscar repetida e cosmicamente o lindo pescoço, a exausta astronauta leva sua cápsula a riscar os céus feito estrela cadente e mergulha num laguinho mixa no meio de um grande deserto. Tal como no filme original, ela tem de esperar a cápsula afundar para apenas então vencer a força da torrente de água que entra pela escotilha. Uma fez fora dela, para conseguir nadar até a superfície — e novamente tal como no filme —, ela retira o pesado e desajeitado macacão espacial, emergindo vestida apenas de calcinha e camiseta regata sexy. (Na minha versão, à guisa de comemoração, a calcinha tem as cores do arco-íris.) Ela nada até a margem e, assoberbada pelo peso de seu corpo (ou seja, pela força da gravidade), levanta-se aos trancos e barrancos, misturando tropeços infantis a risadas de triunfo. Aqui acaba a semelhança com o filme original, pois, neste exato momento, duas picapes pretas assomam no horizonte dirigindo-se a toda velocidade na direção da astronáufraga. Ela tenta dar saltos de alegria, mas, sentindo-se enfraquecida pela aventura recente, limita-se a ficar ali de pé, os joelhos juntos, os pés afastados, os braços para o ar, feito uma cheerleader bêbada. Conforme as picapes vão se aproximando, seu sorriso vai se desvanecendo, até dar lugar a olhos esbugalhados e, finalmente, a puro e simples pânico, o qual a leva a dar as costas àqueles dois veículos lotados de fanáticos do Estado Islâmico, o que, infelizmente, em nada resulta, pois a velha e boa força de GRAVIDADE a faz cair de quatro no chão. As duas picapes então estacionam a cinco metros dela, flanqueando-a e deixando-a completamente cercada. Assim, vinte e dois seguidores do profeta Mafamede a sujeitam à força e, após arrancar aquela calcinha de arco-íris, e em homenagem à mesma, estupram-na primeiro no fiofó e, em seguida, divertem-se com a pobre infiel durante doze dolorosas horas. (No filme, isso será expresso pelo movimento do Sol que irá de um horizonte ao outro, numa edição cheia de cortes, enquanto vemos a astronáufraga comer o pão que Maomé amassou.) Por fim, os fanáticos lhe cortam a cabeça e a abandonam ali para os urubus. Neste momento, que é a cena final, o fantasma do astronauta George Clooney surge ao lado do corpo da coitada, olha para a câmera e diz:

— De que vale uma mulher se deslocar tão livremente pelo espaço sideral se ela não pode fazer o mesmo na própria Terra? A única e verdadeira cor deste dia foi o vermelho…

FIM

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“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, disse Jesus. Porém, antes de partir, e notando que a maioria dos mortais mal consegue amar a si mesma, decidiu aprimorar o mandamento: “Amai uns aos outros assim como EU vos amei”; capisce?

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Enquanto no Ocidente vão chamando as discordâncias de “ódio”, o Islã prossegue com seus assassinatos em massa…

O filho da puta do Brasil e etc.

Ontem, zapeando, esbarrei num trecho do filme “Lula, o filho (da puta) do Brasil”. (Imagine o descaramento: o Paramount Channel exibiu essa joça na Sexta-feira da Paixão!) Há uma cena em que ele fica bravo ao saber das ilegalidades do então presidente do sindicato de que era diretor. Aguardei a claque de risadas, mas não rolou. Por quê? Erro do editor de som? Mistério.

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Quer dar um presente para o pai da Dilma? Dica: “Pastoral Americana”, romance de Philip Roth. Nele fica bastante claro até onde uma figura como nossa presidanta, num país relativamente sadio, pode de fato chegar. (Bastou o tempo e a revolução cultural corroerem a saúde dos EUA para então se chegar ao Obama…)

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“A história moderna é o diálogo entre dois homens: um que crê em Deus, outro que acredita que ele é que é um deus.” Nicolás Gómez Dávila

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— Marisa, minha galega, põe mais água no feijão que o Leonardo Boff tá aí na porta.
— Leonardo Bosta?
— Fala baixo! Quer que ele faiba o que até a gente pensa dele?
— Mas foi você que acabou de chamar ele assim.
— Eu? Mas eu só dife que o Boff tá aí fora.
— Ó! Você falou de novo! Tem bosta lá fora.
— Ah, mulher, vê se te manca!
Lula sai da cozinha pisando firme. Marisa diz em voz alta:
— Uai. Levei tanto tempo para entender esse homem. Não é agora que vou consertar meu ouvido de novo, né.

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Seria legal disparar uma dessas pistolas de brinquedo e, durante um de seus discursos, pregar uma seta de plástico na testa do Stédile.

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ARGUMENTO DA MINHA NOVELA PARA A GLOBO
Estou pensando em escrever uma novela pra Globo. Irá se chamar “O Pinto do Elefante” e as ações serão centradas num circo, o Circo Brasil. O dono do circo terá um caso com o palhaço que o trairá com o leão. O leão comerá qualquer um que entrar na sua jaula. Quem entrar de frente será comido gastronomicamente. (O palhaço só entrará de costas.) A única heterossexual da novela será a mulher barbada, cujo relacionamento romântico com o anão atirador de facas estará no centro da trama. O anão terá no seu trailer vários posters do Tyrion Lannister, seu herói de Game of Thrones, o anão que papa várias mulheres lindas e imberbes. (Não precisa ir ao dicionário: imberbe significa “sem barba”.) Também haverá um triângulo amoroso entre o malabarista, o leão e o elefante. (A cena inicial da novela, que será do horário das seis — para as crianças assistirem — será um boquete do malabarista com o elefante.) No final da novela, sobrarão apenas o palhaço (que se chamará Lula), o leão (que, em homenagem ao conto “Uma paixão no deserto”, se chamará Balzac) e o elefante, que se casarão a três numa paródia de igreja dentro do próprio circo. Os demais personagens serão comidos pelo leão ao longo da trama. (Afinal, apesar de a maioria entrar de costas na jaula, se esquecerá de sair também de costas…) Tudo indica que o folhetim será um sucesso.

Minhas impressões sobre alguns filmes indicados ao Oscar 2015

Oscar 2015

Seguem minhas impressões sobre alguns filmes indicados ao Oscar deste ano:

Whiplash (2014): Treinamento musical à la SEALs. Sangue, suor e lágrimas. (Mais sangue do que você imagina.) O sargento não é negro, mas é durão e careca. Em vez de ir à guerra, vão ao jazz. Muito bom. Talento e muita força de vontade. Oscar de Melhor duelo mestre-discípulo.

Interstellar (2014): Após esquecer como se fabricam aspiradores de pó, terráqueos decidem abandonar a Terra. Viagem de volta para o futuro da maionese passando pelo passado poeirento. (Ninguém liga para o bisavô, nem sequer quando ele é astronauta.) No fundo, a única coisa que realmente me interessou nesse filme não está nele: como teria sido a espera de duas décadas do astronauta negro largado sozinho na nave espacial? Sinistro. Oscar de Melhor desperdício de premissa.

Nightcrawler (2014): Que bosta de filme! Uma câmera na mão (do protagonista psicopata) e uma droga de roteiro (na cabeça do diretor). Oscar para Melhor esposa que aceita trabalhar no filme pretensioso do marido.

The Grand Budapest Hotel (2014): Que belíssima e bem fotografada merda! Se você fuma maconha antes de entrar no cinema, irá curti-lo, pois, ao se perder no enredo graças a insights alheios à narrativa, não perderá nenhuma história que valha a pena acompanhar – e ainda curtirá a paisagem! (Não foi o meu caso.) Oscar de Melhores efeitos do THC.

Ida (2014): Noviça polonesa de origem judia deixa convento para descobrir, em companhia da tia juíza, o que foi feito de seus pais. Cicatrizes da Segunda Guerra. Anti-semitismo de vizinho interesseiro. Cena deprimente: um enterro ao som de L’Internationale. Bom filme. Antes de renunciar ao mundo é preciso experimentá-lo — ao menos um pouquinho.

The Imitation Game (2014): Que perda de tempo! Quanta mentira! Quer fazer uma cinebiografia? Então pare de contar lorotas: os poloneses já haviam quebrado o código da máquina Enigma anos antes dos ingleses; havia mulheres na equipe de criptógrafos (por isso é ridícula a crítica feminista em certa cena do filme; ora, o país já havia sido governado por duas grandes rainhas!); Turing não escreve sozinho uma carta para Churchill, mas, sim, em conjunto com os demais cientistas; ele não construiu aquele computador sozinho como quem trabalha na garagem de casa; eles, os cientistas, não decidiram por conta própria quais ofensivas nazistas seriam contra-atacadas; não se sabe realmente se Turing cometeu suicídio ou se foi “suicidado”, etc. Enfim, Oscar de Filme que mais irritou os poloneses, a exatidão e a veracidade.

Gone Girl (2014): Que pé no saco! Trama tão estúpida que nem dá vontade de comentá-la. (Ela, a girl, foi tarde e não devia ter voltado.) Em suma: clube da luta supostamente vencida pelo suposto sexo frágil. Oscar de Final mais deprimente.

Leviafan (2014): Bom. Livro de Jó em russo. Mas faltou a conclusão. Um detalhezinho só, no final. (Será possível que até o autor da Bíblia — “J”, segundo Harold Bloom — entenda mais de roteiro?) Mas continua sendo um bom filme. Vale a pena. Oscar de Que droga de vida.

The Theory of Everything (2014): Sessão da tarde. Físico que desconhece Wolfgang Smith ainda acredita existir uma Teoria de Tudo (TGU). Não havendo, torna-se famoso por uma teoria equivocada e por ser o primeiro a refutá-la. Mais um, menos um, igual a zero. Oscar de Melhor cara torta.

American Sniper (2014): Ótimo. “O verdadeiro guerreiro luta não porque odeia o que está à sua frente, mas porque ama o que está atrás.” (Chesterton) Os progressistas odeiam esse filme tanto quanto amam Che Guevara, o que diz muito sobre eles. Oscar de Melhor pontaria.

Boyhood (2014): Interessante, mas infelizmente não existe no Oscar a categoria “Melhor espera de crescimento de ator”. Precisava? [Muxoxo] Longa sessão da tarde. Sessão da tarde inteirinha. De toda uma tarde… Sim, interessante, mas também termina tragicamente: o coitado ingressa na universidade! Que horror. Oscar de Mais momentos propícios para se ir ao banheiro sem perder absolutamente nada do enredo.

Birdman (2014): Mimimi de ator hollywoodiano querendo reconhecimento da crítica nova-iorquina. Realismo esquizofrênico. Mais do mesmo cine-hospício. Aula de plano-sequência. (Lembra minha conversa com Dib Lutfi sobre o melhor câmera ser como alguém em projeção astral.) Oscar de Melhor corrida de táxi.

Foxcatcher (2014): Contra a vontade da aristocrática mãe, que prefere cavalos, Riquinho Rico compra lutadores para brincar com eles no quintal da sua mansão. Ou seja, mais cine-hospício. Neste caso, em doses homeopáticas. O que impressiona é que, apesar das frescuras, e nesta época em que toda cinebiografia quer-porque-quer provar que todo biografado foi gay, ninguém libera o fiofó. Steve Carell, como todo ator que interpreta malucos, corre o risco de levar um prêmio. Oscar de Melhor agarra-agarra sem conotação sexual.

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