palavras aos homens e mulheres da Madrugada

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Cineastas malquistos

Em entrevista a Danilo Gentili, Josias Teófilo afirmou que é provavelmente o único cineasta brasileiro a se colocar à direita do espectro político. Saiba que isto não é exato: podemos não ser muitos, mas existimos, e quase todos fomos silenciados de uma maneira ou de outra ao longo dos últimos anos.

Quando lancei o curta-metragem ESPELHO em 2007 (disponível no YouTube), só consegui emplacá-lo em um único festival fora do circuito goianiense: o CINEME-SE, de Santos-SP. (Em Goiânia, ganhamos o prêmio de Melhor Direção no FESTCINE.) Após inscrevê-lo em três festivais mineiros — Ouro Preto, Belo Horizonte e Tiradentes — recebi um email anônimo de um sujeito que se dizia curador de um festival daquele estado. Ele me pedia para reeditar o curta-metragem, cortando o trecho abaixo. E me avisou (cito de memória): “Apesar de ter gostado muito do seu filme, tenho certeza de que, se você não retirar essa cena, não conseguirá exibi-lo em nenhum festival”. E ele tinha razão: ninguém mais o aceitou.

Na época, imaginei cá comigo que talvez fosse paranóia minha e que o curta não tivesse sido aceito simplesmente por não ter ficado à altura do que eu pretendia — nossos recursos financeiros e técnicos foram escassos — contudo, meses depois, me surpreendi com o convite de duas mostras européias: No Siesta: Fiesta! (Tromsø, Noruega, 2009) e Verão Cinema e Outras Coisas (Costa da Caparica, Portugal, 2009). E eu nem sequer havia entrado em contato com elas. Eu apenas havia me cansado de gastar dinheiro com Correio e taxas de inscrição, sem obter qualquer sucesso, e o publicara no YouTube.

De lá para cá, com a quebra de várias produtoras nas quais trabalhei, com minha participação ácida em listas de discussão de cineastas (em sua imensa maioria esquerdistas) e com minha recusa em participar de editais, fiquei para escanteio no meio cinematográfico.

Não somos muitos. Mas nós existimos.

Crescendo (curta-metragem)

Eis um excelente curta-metragem!

O que é um bom roteiro?

Assista ao curta "Espelho"

Segue o depoimento que escrevi para a Revista Janela, publicação dedicada à produção audiovisual, respondendo à pergunta: E para você, o que é um bom roteiro?

Tal como numa excursão a pé, mochila às costas, mapa e bússola à mão, ao dirigir um filme o diretor não espera que todos os detalhes da “viagem” estejam prescritos por outra pessoa. O bom roteiro – tanto no cinema, quanto numa aventura – é aquele que apenas indica onde começa e onde termina a viagem. Ele deve guiar o diretor e o viajante sem impor uma camisa de força à sua imaginação e a seu talento. Quando olhamos o mapa de um Parque Nacional, em geral não fazemos a menor ideia de quais pontos realmente tocarão nosso coração. O que conhecemos é o ponto de partida e a chegada. É preciso estar atento ao percurso, alerta, dando azo a que o acaso seja aproveitado. Se o diretor é também o roteirista, poderá então iniciar seu trabalho de criação já no próprio roteiro, detalhando-o um pouco mais, mas sem esquecer que o frescor e a vitalidade da cena dependerá de seu trabalho no set. Um bom roteiro deve falar sempre ao coração, deve prender o espectador pelo desejo de ver — de ver mais, de ver aonde tal ação irá chegar etc — sem querer fazer discursos à sua mente racional. De fato, um roteiro que confunde ou surpreende nosso intelecto é muito mais marcante do que um roteiro didático e literariamente aborrecido. Um bom roteiro deve ser como a escalada de uma montanha: deve possuir um cume — o clímax — para onde todas as ações e decisões dos personagens empurram a trama. O clímax deve ser um soco no estômago ou uma forte pressão no coração. Se o clímax se atém à revelação de meras idéias pseudo-inteligentinhas, à diarréia verbal sem impacto emocional, o filme falha.

Filme: A Festa de Babette, de Gabriel Axel (1987) .
Yuri Vieira é escritor e cineasta.

Visite a revista para conhecer a opinião de outros cineastas.

Last Day Dream (2009), de Chris Milk

Dizem que a vida inteira passa diante de nossos olhos à hora da morte…

No Pressure: ato falho ecofascista?

Quando assistimos ao curta-metragem No Pressure, nossa primeira impressão é a de que estamos vendo uma crítica ácida aos ambientalistas radicais, esses que, em vez de debater racionalmente com base em evidências, preferem eliminar toda dissensão a seu ponto de vista. (Isso quando não anunciam ― tal como um professor da PUC-GO deixou claro durante um programa sobre meio-ambiente que dirigi ― que seria muito melhor eliminar certos seres humanos a vê-los “acabar com o meio-ambiente”. Seu depoimento foi tão radical e absurdo, verdadeiramente eco-terrorista, que jamais entraria na edição final do programa piloto. Há um teaser aqui.) Enfim, ver o curta-metragem acima é como assistir a uma versão do South Park com atores reais. Só há um problema: trata-se, na verdade, de uma peça publicitária bancada por ambientalistas! (É uma campanha da ActionAid, da The Carbon Trust e da The Energy Saving Trust. A direção é de Richard Curtis, o mesmo de Notting Hill e Bridget Jones’s Diary.)

Ficam, pois, três perguntas: 1) Você achou o vídeo engraçado?; 2) Você não sentiu nenhuma pressão para concordar com eles?; 3) Não seria um ato falho eco-fascista?

Caso ache que estou exagerando, então imagine a mesma ideia aplicada às campanhas políticas da Dilma, do Serra, da Marina… Os eleitores dos adversários sendo explodidos… Qual seria a reação da famigerada opinião pública? Qual seria a sua reação?

Mr Bean vai à biblioteca

Making of — Curta Carajás

Making of do Curta Carajás — Primeiro Festival de Cinema de Parauapebas, no qual dei uma oficina de roteiro e direção de curta-metragem e meu parceiro Pedro Novaes, de Produção. Além disso, fomos ambos jurados do Festival. (Conheça os demais professores.)

Making Of – CurtaCarajás from Ivan Oliveira on Vimeo.

CurtaCarajás – Festival de Cinema de Parauapebas -PA
Making Of – Novembro de 2009
Realização: Secult – Parauapebas
Produzido por: HD Produções
Roteiro: Ivan Oliveira
Direção e Montagem: Edinan Costa
Imagens: Gilson Mesquita

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