Discurso do Dr. Benjamin Carson, médico neurocirurgião, no National Prayer Breakfast de 2013. (Ative as legendas.)
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Discurso do Dr. Benjamin Carson, médico neurocirurgião, no National Prayer Breakfast de 2013. (Ative as legendas.)
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Abaixo, no primeiro vídeo, Yuri Bezmenov fala longamente sobre sua própria vida antes de abordar mais a fundo o tema que realmente importa: como destruir e dominar uma nação (ou várias nações) sem disparar um único tiro mediante a “subversão”. (Você se lembra quantas vezes ouviu a respeito de “subversivos” sem saber exatamente o que o termo queria dizer? No máximo, você imaginava Fernando Gabeira usando tanga de crochê em Ipanema — mas a coisa vai muito mais longe!) No segundo vídeo, que também já postei várias vezes tanto no Twitter quanto no Facebook — como diz Julie Terres, uma amiga, este é um vídeo de cabeceira –, Bezmenov vai direto ao assunto: explica detalhadamente as diversas fases da subversão, isto é, discorre sobre a desmoralização, a desestabilização, a crise e a normalização. Quem acredita que suas próprias concepções sobre religião, educação, sexualidade, cultura, “justiça social”, etc. são muito avançadas, espertas, esclarecidas e puras devia assistir a esta palestra para meditar sobre o quão “idiota útil” talvez esteja sendo…
Claro, a luta pelo poder no mundo já não possui exatamente os mesmos “protagonistas” citados, mas as técnicas descritas — que remontam a Sun Tzu (vide A Arte da Guerra) — continuam sendo utilizadas a torto e a direito, principalmente por aqueles que objetivam o estabelecimento de um governo mundial. (Na melhor das hipóteses, de uma hegemonia mundial.) Enfim, deixe de frescura, deixe de rotular quem entende do assunto de “teórico da conspiração” — como se conspirações não pudessem ocorrer até mesmo em sua cama (vide “amantes” e “largue sua mulher/marido para ficar comigo!”) — e assista à exposição de um especialista no assunto, um sujeito que passou metade da vida trabalhando para a KGB como um “enganador profissional”.
Bezmenov fala de sua vida e da fuga para o Ocidente:
Bezmenov descreve as quatro fases da subversão:
Em vista do adiamento para 2016 da famigerada Reforma Ortográfica, vale a pena ler de novo os artigos do professor Cláudio Moreno — os melhores que li sobre o tema —, afinal, talvez ainda haja tempo para reformar a reforma.
São muitos os artigos do Sua Língua que falam do Acordo Ortográfico. Reúno, abaixo, em ordem de publicação, os dez textos em que analiso mais de perto as causas, as consequências e os prejuízos desta periclitante Reforma:
01 ─ Deixem a nossa ortografia em paz!
02 ─ Esqueçam essa reforma!
03 ─ O pesadelo de Cassandra
04 ─ O pesadelo de Cassandra continua
05 ─ O que muda na ortografia?
06 ─ Mudanças na ortografia
07 ─ Não compre o novo VOLP! (1)
08 ─ Não compre o novo VOLP! (2)
09 ─ Não compre o novo VOLP! (3)
10 ─ Não compre o novo VOLP (4)
Mário Ferreira dos Santos (1907-1968) nasceu em Tietê, Estado de São Paulo, tendo passado sua infância e adolescência em Pelotas, Rio Grande do Sul. Licenciou-se em Direito e Ciências Sociais pela Universidade de Porto Alegre. Mudou-se para São Paulo, onde fundou duas editoras para publicação e divulgação de suas obras: Editora Logos e Editora Matese.
Escritor e pensador extraordinariamente fecundo, publicou, em menos de quinze anos, a coleção “Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais”, que abrange 45 volumes, parte de caráter teorético e parte histórico-críticos. Em 1957, publicou “Filosofia Concreta”, que estabelece o seu modo de filosofar. Mário Ferreira dos Santos considera a Filosofia como ciência rigorosa, aceitando o que é demonstrado e não o problemático e provável. Para ele, a Filosofia possui o genuíno valor de ciência, seja na investigação e na sistematização, seja na análise e na síntese de temas expositivos e polêmicos. Em 1959, a edição de “Métodos Lógicos e Dialéticos” expõe uma nova metodologia para guiar com segurança o estudioso no campo do saber.
A década de 1960 foi o período em que suas obras tiveram maior difusão em todo o território nacional.
¿Já notou que, se você não for Woody Allen ou Sacha Baron Cohen (ou qualquer outro comediante judeu), pega muito mal fazer piadas sobre judeus? ¿E já assistiu ao excelente documentário The Original Kings of Comedy, de Spike Lee? Caso afirmativo, ¿notou que, se fossem brancos, aqueles comediantes sairiam do palco, não ovacionados, mas linchados? ¿E percebeu que é a mesma coisa para gays, anões, gordos, muçulmanos, loiras, etc.? Enfim, para se criticar uma suposta minoria, é preciso, antes de tudo, ser parte dela. É o espírito do nosso tempo – o politicamente correto. Se você não respeitá-lo, será acusado de estar defendendo um interesse de classe. (Sabe como é, né?) Você, claro, só pode falar mal de ricos, burgueses, cristãos, heterossexuais, empresários e assim por diante, essa gente feia que o explorou na outra encarnação. (Pode falar mal de Israel também.) Em qualquer um desses casos, cabe a crítica, por mais injusta, afinal, ela não será um pecado social. Eis a palavrinha: social! Se há o adjetivo social no meio, então… Puts. É intocável! E o intocável do momento é a “cota social” na educação. Claro, a cota racial continua intocável. Logo, como sou apenas um rapaz latino-americano com pouco dinheiro no bolso descendente de portugueses “cristãos novos” (isto é, judeus convertidos), misturado um tanto com negros e italianos, não direi nada. Infelizmente, não tenho permissão social para tais liberdades. Dirão que estou defendendo interesses da minha classe – e eu não estou certo da natureza da minha classe. Portanto, deixarei dois intelectuais negros de origem humilde falar sobre o verdadeiro significado das cotas e das “ações afirmativas” (o ninho conceitual de onde saem tantas coisas daninhas à educação, à cultura e à sociedade). Com vocês, Thomas Sowell e Walter Williams. [Aplausos]
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Publicado no Digestivo Cultural.
Um amigo, após ler algumas observações que fiz no Twitter sobre o matemático, físico e filósofo Wolfgang Smith (também ex-professor do MIT), me enviou o artigo abaixo, traduzido por Murilo Resende Ferreira, o qual, segundo entendi, foi distribuído entre os alunos do Seminário de Filosofia (Olavo de Carvalho). Nessa época de infinitas distrações internéticas e midiáticas, trata-se de um texto imprescindível.
O Demônio da Distração
A distração crônica – uma das maiores ameaças de nosso tempo – pode ser caracterizada como uma condição passiva na qual um homem habitualmente se alimenta de estímulos externos, como se eles por si só pudessem constituir um fim suficiente para a existência humana. É um estado que viola um princípio fundamental: a obrigação de limitar e assimilar seu próprio “alimento mental” através do exercício de um poder determinado – o mesmo poder, de fato, que nos torna humanos.
O mais assombroso não é que essa condição de gula e indigestão mental não seja salutar, mas que possa ser tolerada frequentemente com tão grande facilidade. A explicação para esse desconforto aparente reside no fato de que a distração, depois de certo tempo, leva a uma dissipação das energias mentais e a uma redução correspondente dos níveis de concentração, de tal forma que o processo em si mesmo cria a insensibilidade necessária. As percepções sutis, esses vislumbres de reinos transcendentes aos limites estreitos do universo convencional, são a primeira coisa a desaparecer. Longe de ser um mero empobrecimento, esse evento não anunciado significa a perda de nossa inteligência mais elevada, de nossa liberdade real e, em certo sentido, de nossa humanidade.
Entre os inúmero fatores em nossa civilização contemporânea, que tendem a agravar esse problema, o primeiro lugar deve ser dado aos meios de comunicação de massa, e especialmente à televisão, cujo impacto sobre a disposição e a vida mental do público em geral é virtualmente incalculável. Só precisamos considerar a profusão de entretenimento, notícias, propaganda, tragédia, vulgaridade e pura fofoca que essa verdadeira caixa de Pandora libera aleatoriamente em cada casa, para maravilhar-nos sobre como o público foi capaz de sobreviver a essas incursões sem sofrer uma perda completa da sanidade! Alguns dizem que as plantas podem ser mortas por uma overdose de rock , e podemos assumir que se um animal pudesse ser forçado a se interessar por uma avalanche similar de estimulação desarmônica, colapsaria imediatamente. E ainda assim o homem parece florescer com tal ração.
Em face aos graves perigos, especialmente para a vida espiritual, resultantes dessa dominação sem precedentes da sociedade pela mídia, surpreende-nos quão pouco as lideranças cristãs buscaram avisar aos fiéis. Ainda que o ato de ingestão de programas de TV à base de vinte e três horas por semana possa não implicar em si mesmo, digamos, um pecado venial, seria necessária uma falta monumental de perspicácia para se concluir que tal estilo de vida é compatível até mesmo com um mínimo de espiritualidade! Deixando de lado o conteúdo efetivo desses programas – ao qual voltaremos na última parte – gostaríamos de apontar neste artigo que a dispersão em si mesma é categoricamente oposta ao ethos Cristão. E o é de tal forma que o problema a nos confrontar toca o próprio coração da doutrina cristã.
Consideremos as palavras de Cristo em Mateus 12:30: quem comigo não ajunta, espalha. Agora, de acordo com a interpretação tradicional, quem não ajunta comigo significa Satã, e o que está sendo espalhado é a coletividade das almas humanas. Assim como as ovelhas são espalhadas por um lobo predador, também as almas são espalhadas pelos incontáveis atalhos do erro, que divergem em todos os sentidos da única verdade central. Mas há também outra interpretação, mais diretamente relacionada ao nosso tópico, de acordo com a qual quem comigo não ajunta é o próprio homem, na medida em que tenha divergido do caminho da salvação, e o que é espalhado é sua alma, ou melhor, os múltiplos poderes de sua alma. Nos caminhos desse mundo, esses poderes se dispersam indefinidamente, como um monte de poeira lançado ao ar.
Nesta perspectiva, aquele que ajunta com Cristo é também o que entra pela porta estreita (Mateus 7:13), o mesmo que passa pelo caminho apertado, que leva até a vida. De fato, o caminho apertado e a porta estreita sugerem a idéia de concentração, de ajuntamento de muitas coisas em uma só, assim como a porta larga e o caminho espaçoso sugerem expansão ou dispersão. Os adjetivos espaçoso e largo podem, portanto, ser uma referência não simplesmente à escassez ou abundância respectiva de viajantes, mas também à condição da alma enquanto viaja por cada um desses caminhos. Para substanciar essa interpretação, observemos que a porta estreita corresponde evidentemente ao buraco de agulha na parábola do homem rico, que achava difícil entrar no reino dos céus. Agora, quem é esse homem rico, e qual é a natureza dessas possessões, que obstruem sua entrada? A resposta é dada pelo próprio Senhor quando Ele diz, “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Aqui somos informados de que a pobreza através da qual alguém pode passar pela porta estreita – e também passar através do buraco de agulha – é uma pobreza espiritual, uma pobreza referente à condição da alma. De fato, não pode haver dúvida de que nossa alma, em seu presente estado, é eminentemente comparável ao homem rico. E por isso, ao escutarem essa parábola, os discípulos de Jesus ficaram excessivamente assustados, dizendo, “Quem então pode ser salvo?” Eles ficaram profundamente preocupados, pois presumivelmente entenderam em seus corações que aquilo que foram chamados a atingir era humanamente impossível. Então nosso Senhor lhes confortou, e a nós, acrescentando que para Deus todas as coisas são possíveis. Através de mais encorajamento, Ele nos fez entender que aquelas possessões interiores, as quais todos que seguem Cristo devem abandonar, são na verdade um fardo para a alma. Por elas nós trabalhamos e ficamos sobrecarregados, e disso somos liberados quando andamos nas pegadas de Cristo. Porque meu jugo é suave, e meu fardo, leve (Mateus 11:30).
O abandono de tudo que é estranho à essência da alma não é somente uma purificação e uma catarse, mas é também, ao mesmo tempo, um ato de descanso e concentração, através do qual os poderes espalhados da alma são recolhidos de todas as direções, para serem reintegrados no centro luminoso de qual irradiaram. Esse centro é o coração místico do qual os profetas e os santos falaram, o templo interno onde Deus reside em segredo, e é, em última instância, o oratório ao qual Cristo alude em Mateus 6:6, quando Ele nos exorta: entra no teu aposento e, fechando a porta, ora a Teu pai que está em secreto. Finalmente, esse abrigo íntimo de nossa alma é também a porta estreita que leva ao Reino de Deus. Pois como São Isaac da Síria escreveu, “Tenta entrar em tua casa do tesouro interior e verás a casa do tesouro dos céus. Pois uma e a outra são a mesma, e uma e a mesma entrada revela as duas”.
O contexto de Mateus 6:6, no entanto, não deixa dúvidas de que a idéia de entrada no santuário interior deve admitir graus, de forma que muito antes que a perfeição completa da santidade seja atingida, nós, que ainda estamos sujeitos à corrupção do mundanismo, possamos experimentar um descanso parcial, e alguns momentos de repouso espiritual. “Nós podemos transformar nosso coração em um oratório”, escreve o Irmão Lawrence em seu estilo simples e doce, “onde nos retiramos de tempo em tempo para conversar com Ele em sua mansidão, humildade e amor. Todos são capazes dessa conversação familiar com Deus, alguns mais, outros menos”. Quanto mais profunda e habitual essa conversação se tornar, mais harmoniosa e frutífera também será nossa vida exterior. Na verdade, o grande segredo é levar a paz e interioridade da contemplação até a vida ativa, para que, onde quer que estejamos, ou qualquer que seja a tarefa que nos chamar, permaneçamos concentrados, com nosso olhar interno fixo em Cristo. É nesse estado, quando seus olhos forem bons (Lucas 11:34), que um homem realiza seu grande trabalho, ou melhor, é nesse estado que nosso trabalho é santificado, pois então nós obramos as obras de Deus (João 6:28). Tendo iluminado uma candeia ao acender nossa alma com o amor de Deus, somos exortados pelo Próprio Cristo a colocar essa candeia ardente sobre o candelabro, para que os que entram vejam a luz. (Lucas 11:33).
Dessa reflexão sobre os ensinamentos de nosso Senhor emerge o fato de que a vida cristã é necessariamente oposta a tudo que espalha e dissipa os poderes da alma, a tudo, em outras palavras, que atrai o homem para longe de seu centro, que o faz esquecer Deus. O que está em jogo aqui, seja dito, vai muito além do “pecado” ou da “concupiscência da carne”, ou pelo menos da forma como esses termos são ordinariamente compreendidos. Pois existe um tipo de tendência pecaminosa, um modo sutil de concupiscência, inerente à nossa natureza sensorial e imaginativa, que como uma voz clamorosa perturba e agita com sua tagarelice incessante. Apesar de toda sua inocência enganosa, esse “demônio da distração” interior pertence à herança infernal que chegou até nós como consequência do pecado original. “O que mais é a iniqüidade”, declara Santo Agostinho, “senão um desvio da vontade de Vós, Ó Deus, que é a Suprema Substância: ela joga fora o que é mais interior e incha gananciosamente pelas coisas exteriores”. Como é expressiva essa frase “incha gananciosamente”, pois em verdade essa paixão pelas coisas exteriores realmente incha a alma excessivamente, como podemos aprender do camelo na parábola do Evangelho.
O crescimento em “massa” é ao mesmo tempo uma dispersão das energias psíquicas, como já foi apontado anteriormente, assim como um aumento das magnitudes espaciais no caso de uma expansão centrífuga envolve uma dispersão concomitante do raio concêntrico. De acordo com essa analogia, o movimento característico da vida espiritual é contrativo e centrípeto, um recolhimento em um ponto central, o qual, não tendo magnitude, é, de fato, como um grão de mostarda (Mateus 13:31). Aqui, na menor de todas as sementes, repousa escondida a realidade eterna de tudo que pode ser encontrado através da vastidão do espaço cósmico e, na verdade, de tudo que já foi e tudo que será. Verdadeiramente, todas essas coisas vos serão acrescentadas, e nada vos será impossível (Mateus 6:33,17:20).
É, no entanto, a tragédia do homem decaído que ele não tenha “fé como um grão de mostarda”, pois como Santo Agostinho lamenta, nossa fé está nas “coisas exteriores”. Essa é a situação deplorável e perversa, da qual devemos nos libertar, com a ajuda de Deus Todo-Poderoso. “A perfeição da alma,” declara Mestre Eckhart, “consiste na libertação da vida que é parcial e a admissão à vida que é completa. Tudo o que está espalhado nas coisas inferiores é recolhido e ajuntado quando a alma se eleva até a vida onde não há oposições”. O que presentemente conhecemos por experiência é aquela “vida que é parcial”, uma vida dispersa, se assim podemos dizer, por uma infinitude de momentos temporais, e limitada em cada ponto pelos opostos inescrutáveis do passado e do futuro. A outra vida nós não conhecemos, pois não é manifesto o que devemos ser (João 3:2). Entre as duas existe uma ponte, e esta ponte é Jesus Cristo. É ele que ajunta tudo o que está disperso nas coisas inferiores, e é através Dele que a alma se eleva até a vida eterna. Mas permita-nos relembrar isto também: aquele que comigo não ajunta, espalha.
Idealmente, essa concepção de comunhão com Cristo implica nada menos que uma total integração de nossa vida através da lembrança incessante de Deus. Como os Tessalonicenses, nós também somos chamados a rezar sem cessar, e isso a despeito da enormidade de nossas incapacidades. Não esqueçamos nunca, em Deus todas as coisas são possíveis – e mesmo que se admita que o objetivo é quase inatingível, isso não legitimaria o tipo confortável de Cristianismo de “meio-período” que está em alta demanda, não mais do que a afirmação de São João de que todos os homens são pecadores pode ser tomada por uma legitimação do pecado. Independentemente do que qualquer um possa sentir sobre o assunto, permanece o fato de que não bastará, seguindo os costumes de Penélope, reunir-se com Cristo em ocasiões especiais, somente para espalhar com o mundo todo o tempo restante. Para um vislumbre do que significa seguir Cristo na prática, nós devemos consultar as vidas e ensinamentos dos santos, não esquecendo que – longe de serem anormais – os santos são em verdade as únicas pessoas completamente sãs nesta terra. Apesar de nossos sentimentos democráticos, somos obrigados a admitir que as opiniões da maioria têm pouco peso quanto se trata do Reino de Deus, pois como o Próprio Senhor declarou, são poucos, e não muitos, os que conhecem o caminho estreito, que leva até a vida. Não sejamos enganados então por ensinamentos diluídos, não importando quão vociferante for sua proclamação, lembrando que é muito melhor mirar alto e fracassar do que negar o ideal desde o princípio ao rebaixá-lo. A despeito da interminável propaganda sobre “reformas”, os ideais cristãos continuam intocáveis, e se acontecer desses ideais não se conformarem ao espírito dos tempos, pior para a civilização que os abandonar!
Na realidade, nada poderia ser mais certo, ou mais auto-evidente, do que a oposição do espírito desse mundo ao Cristianismo, assim como a do próprio Cristianismo ao espírito desse mundo. De fato, quem poderia ler o Evangelho segundo São João, por exemplo, e ainda assim ter dúvidas sobre isso? Pois Cristo estava certamente falando para todos nós – a todos que seriam verdadeiros Cristãos – e não só aos Seus discípulos imediatos, quando disse: Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Não podemos deixar de nos perguntar, às vezes, se essas palavras ainda estão sendo lidas, ou se ainda são levadas a sério. Talvez algum estudioso erudito, sob a inspiração de um Teilhard de Chardin ou um Hans Kung, tenha persuadido seus pares e estudantes de que essas palavras pertencem a uma fase anterior da “história da salvação”, ou que porventura elas não atingem os critérios exigentes da moderna crítica textual! O que mais, deveras, poderia ter calcado o caminho para pretensas teologias, nas quais a inspiração de Darwin, Freud ou Marx, digamos, pode ser mais apreciada do que o ensinamento de Cristo.
Uma das principais fontes de autoridade em que estas “teologias do progresso” supostamente se sustentam é a ciência moderna, começando pela física cosmológica. Mas aqui, também, temos espaço para questionamentos. Pois o que a ciência nos revela nos termos mais inequívocos é um panorama de mudança contínua, um universo Heracletiano no qual todas as coisas estão irremediavelmente em um estado de fluxo. Isso é verdadeiro, além disso, até mesmo para o universo como um todo, o espaço cósmico em si mesmo, do qual é dito constituir-se de uma hiperesfera em expansão, uma bolha tridimensional, cujo raio está aumentando à velocidade da luz. Apesar de o centro dessa hiperesfera, o ponto central a partir do qual o cosmos inteiro está decaindo em tal incrível velocidade, não estar em qualquer lugar do espaço físico, ele pertence, de qualquer forma, ao limite matemático do espaço-tempo de quatro dimensões. A partir dessa perspectiva, que é essencialmente o ponto de vista da cosmologia relativista, o cosmos se aparenta a uma onda esférica expansiva se expandindo para fora, para longe do centro primordial, em direção à periferia do ser, o limite último ou circunferência, aonde a existência como tal chega a um fim. Uma imagem similar emerge no domínio biológico, pois vemos que a vida está inevitavelmente associada com a assimilação e o crescimento, que são modos da expansão, e todo processo vital move-se inexoravelmente em direção a uma periferia, na qual termina em morte. A Ciência nos provê pelo menos com uma grande certeza: tudo o que pertence a este mundo, desde as partículas elementares até as culturas e civilizações, passará; nada permanece.
Contra esse panorama, no contraste mais incisivo concebível a essa lei aparentemente inexorável, ergue-se o Cristianismo com sua incrível reinvindicação, a reinvindicação da religião: a grande lei deste mundo pode ser quebrada, sua tendência irresistível pode ser dominada, a própria morte pode ser conquistada vitoriosamente! Mas o caminho que leva a essa conquista é estreito e difícil de ser cruzado – como a ponta de uma lâmina, declara um antigo texto Oriental! – pois não é o caminho das riquezas, mas da pobreza; não do prazer, mas da Cruz. Como a própria palavra indica, religião (re + ligare) é de fato uma “religação”; religação, isto é, ao Centro perdido, à Origem perdida, de volta a Deus.
O espírito de nosso tempo, ou o que também pode ser chamado de “mundo moderno”, é, fundamentalmente, nada menos que o mundo, no sentido Bíblico já mencionado, mas que agora se manifesta completamente. É o mundo enfim se glorificando em suas próprias possibilidades, desembaraçado de qualquer escrúpulo intelectual sobre a transcendência, ou de qualquer nostalgia restante de um paraíso perdido. É o mundanismo alimentando-se de si mesmo, organizado e mobilizado; de fato, é o mundanismo elevado à enésima potência , preparando-se para o ataque final contra os últimos bastiões remanescentes da religião autêntica – contra Ele que ousou dizer, Eu venci o mundo.
Como conclusão, gostaríamos de tocar uma vez mais no tema da mídia, mesmo que seja somente porque o impacto da mídia sobre nossas vidas assumiu proporções pantagruélicas. Até mesmo as estatísticas nuas nos dizem isso: apenas com a TV, vinte e três horas por semana nos EUA, e de acordo com uma pesquisa britânica, oito anos de vida. Oito anos retirados daquele resquício precioso de vida que resta depois do trabalho monótono do escritório e da fábrica, ou depois do agregado potencial de diversão que poderia ser dedicado a coisas mais elevadas, e acima de tudo, ao crescimento espiritual.
Em conexão com isso gostaríamos de indicar um livro penetrante e brilhante, publicado em 1977 sob o título significativo de “Cristo e a Mídia”, por Malcom Muggeridge, jornalista veterano e celebridade televisiva da BBC. O livro é baseado em três palestras proferidas em Londres, e eis como Muggeridge começou:
“É um truísmo dizer que a mídia em geral, a TV em particular, e a BBC especificamente, são incomparavelmente a maior influência singular em nossa sociedade atual, exercida em todos os níveis sociais, econômicos e culturais.
“Essa influência, devo adicionar, é, em minha opinião, exercida de forma irresponsável, arbitrária, e sem referência a qualquer referência moral, intelectual e muito menos espiritual.
“Ademais, se é o caso, como eu acredito, de que aquilo que ainda chamamos de civilização Ocidental está se desintegrando rapidamente, então a mídia tem um importante papel no processo ao levar à frente, apesar de fazê-lo inconscientemente na maior parte do tempo, uma poderosa operação de lavagem cerebral, através da qual os padrões e valores tradicionais estão sendo denegridos até desaparecerem, deixando um vácuo moral no qual os próprios conceitos de Bem e Mal deixaram de ter validade”.
A mídia reflete a mentalidade da nossa era. É disso que ela se alimenta, é o que ela amplifica mil vezes com a ajuda de uma tecnologia incrível, e eventualmente retransmite para um mundo de espectadores. Tendo emprestado uma voz e um corpo eletrônico para a mente coletiva, por assim dizer, ela avança impondo essa mentalidade ao público com uma força e uma fúria sem precedentes. Certamente Muggeridge não exagera ao notar que os historiadores futuros nos verão “como criando na mídia um monstro Frankenstein que ninguém sabe como controlar e direcionar, e se espantarão sobre como submetemo-nos tão docilmente à sua influência destrutiva e muitas vezes maligna”.
É interessante que Muggeridge veja a mídia principalmente como um fabricante de fantasias. Através do tubo de TV nós fugimos para um reino inventado, uma terra de conto de fadas, que mais e mais usurpa o lugar da realidade em nossas vidas. “A impressão prevalente que eu tenho da cena contemporânea é a de um abismo sempre em expansão entre a fantasia que a mídia nos induz a desejar viver, e a realidade de nossa existência como imagem de Deus, como residentes temporários cujo habitat verdadeiro é a eternidade”. Como um observador astuto, que passou a maior parte de sua vida nos bastidores da mídia, e que atravessou e reatravessou inúmeras vezes esse “abismo”, Muggeridge conhece muito bem o seu tema. “O abismo está lá, está se alargando em uma velocidade acelerada e os valores estão sendo denegridos até desaparecerem…” Isto constitui um dos maiores problemas a confrontar o Cristianismo hoje, ainda mais por ser insuficientemente reconhecido.
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Autor: Wolfgang Smith
Tradução: Murilo Resende Ferreira
(1688.3) 151:1.1 Naquela época, e pela primeira vez, Jesus começara a utilizar o método da parábola, para ensinar às multidões que tão freqüentemente se ajuntavam em volta dele. Posto que Jesus havia conversado com os apóstolos, e com outros, até tarde da noite, nesse domingo pela manhã pouquíssimos do grupo estavam de pé para o desjejum; assim, ele foi para a beira-mar e assentou-se a sós no barco, o velho barco de pesca de André e Pedro, que permanecia sempre à disposição dele; e então Jesus pôde meditar sobre o próximo passo a ser dado na obra de expandir o Reino. Todavia, o Mestre não ficou só por muito tempo. Logo, o povo de Cafarnaum e das aldeias próximas começou a chegar e, às dez horas, naquela manhã, quase mil pessoas se viram reunidas, na praia, perto do barco de Jesus, e clamavam pela atenção dele. Pedro, que agora já estava de pé, chegando ao barco, disse a Jesus: “Mestre, devo falar a eles?” E Jesus respondeu: “Não, Pedro, eu vou contar-lhes uma história”. E Jesus então começou a contar a parábola do semeador, uma das primeiras de uma longa série de parábolas com as quais ele ensinou às multidões que o seguiam. Esse barco tinha um assento elevado, no qual ele assentou-se (pois era costume ficar assentado, enquanto se ensinava) para falar às pessoas reunidas ao longo da praia. Pedro falou umas poucas palavras e em seguida Jesus disse:
(1688.4) 151:1.2 “Um semeador saiu para semear, e aconteceu que, ao semear, algumas sementes caíram à beira do caminho, onde seriam pisadas ou devoradas pelos pássaros do céu. Outras sementes caíram em locais rochosos, onde havia pouca terra, e brotaram imediatamente, dada a pouca profundidade no solo; todavia o sol veio logo e elas murcharam, pois não possuíam raízes com as quais absorver a umidade. Outras sementes caíram entre os espinhos e, quando os espinhos cresceram, ficaram estranguladas, de modo a nada produzirem. Outras sementes, ainda, caíram em solo bom e, crescendo, produziram trinta grãos, algumas outras, sessenta, e outras, cem grãos”. E, quando Jesus terminou de contar essa parábola, disse à multidão: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça”.
(1689.1) 151:1.3 Os apóstolos e aqueles que estavam junto, quando ouviram Jesus ensinando ao povo daquele modo, ficaram bastante perplexos; e, depois de muito conversarem, entre si, naquela noite, no jardim de Zebedeu, Mateus disse a Jesus: “Mestre, qual é o significado das palavras obscuras que tu apresentaste à multidão? Por que falas por meio de parábolas àqueles que buscam a verdade?” E Jesus respondeu:
(1689.2) 151:1.4 “Eu vos tenho instruído com paciência durante todo esse tempo. A vós vos é dado conhecer os mistérios do Reino do céu, mas, para a multidão, que não sabe discernir, e, para aqueles que buscam a nossa destruição, de agora em diante, os mistérios do Reino serão apresentados em parábolas. Assim nós faremos para que aqueles que realmente desejem entrar no Reino possam discernir o significado do ensinamento e dessa forma encontrar a salvação; ao passo que aqueles que nos estiverem escutando, apenas para nos pegar de surpresa, acabarão ficando mais confundidos, pois verão sem nada ver e ouvirão sem nada ouvir. Meus filhos, não conheceis a lei do espírito a qual decreta que, àquele que tem, será dado, de um tal modo que ele terá em abundância; mas, àquele que não tem, será tomado até mesmo o que ele tem. Por isso, de agora em diante, eu falarei muita coisa ao povo, por meio de parábolas, para que os nossos amigos e aqueles que desejarem saber a verdade possam encontrar o que procuram, enquanto os nossos inimigos e aqueles que não amam a verdade possam ouvir sem entender. Muitos, dessa gente, não estão no caminho da verdade. O profeta de fato descreveu todas essas almas sem discernimento, quando ele disse: ‘Pois o coração desse povo tornou-se fechado e duro, e os seus ouvidos, embotados, e não escutam, e os seus olhos, eles os fecharam para não ver a verdade e para não a compreender nos seus corações”.
(1689.3) 151:1.5 Os apóstolos não entenderam totalmente o significado das palavras do Mestre. Enquanto André e Tomé conversavam mais com Jesus, Pedro e os outros apóstolos retiraram-se para uma outra parte do jardim, onde iniciaram uma discussão verdadeira e prolongada.
2. A Interpretação da Parábola
(1689.4) 151:2.1 Pedro e o grupo à sua volta chegaram à conclusão de que a parábola do semeador era uma alegoria, e que cada aspecto possuía um sentido oculto e, sendo assim, decidiram ir a Jesus e pedir uma explicação. E, desse modo, Pedro aproximou-se do Mestre, dizendo: “Nós não somos capazes de penetrar no significado dessa parábola, e, estamos desejando que tu a expliques para nós, já que disseste que a nós nos é dado conhecer os mistérios do Reino”. E, depois de ter ouvido isso, Jesus disse a Pedro: “Meu filho, não desejo esconder nada de ti, mas, primeiro, que tal se disseres a mim sobre o que acabastes de conversar; qual a tua interpretação da parábola?”
(1689.5) 151:2.2 Após um momento de silêncio, Pedro disse: “Mestre, nós falamos muito a respeito da parábola, e a interpretação pela qual eu optei é a seguinte: O semeador é o pregador do evangelho; a semente é a palavra de Deus. A semente, que cai à beira do caminho, representa aqueles que não compreendem o ensinamento do evangelho. Os pássaros, apanhando as sementes que caem no chão endurecido, representam Satã, ou o maligno, que rouba aquilo que foi semeado nos corações dos ignorantes. A semente que caiu nos locais rochosos e que brotam muito subitamente representam aquelas pessoas superficiais e irreflexivas que, ao ouvirem as boas-novas, recebem a mensagem com júbilo mas, como a verdade não tem nenhuma raiz real no seu entendimento mais profundo, a sua devoção tem vida curta diante da atribulação e da perseguição. Quando chegam as dificuldades, esses crentes tropeçam, e sucumbem quando tentados. A semente que caiu entre os espinhos representa todos aqueles que ouvem a palavra com boa vontade, mas permitem que as preocupações do mundo e a natureza enganadora das riquezas asfixiem o mundo da verdade, de tal modo que as verdades se tornam infrutíferas. Agora, as sementes que caíram no bom solo, e que cresceram, até darem, algumas trinta, outras sessenta e outras até cem grãos, representam aqueles que, após haverem ouvido a verdade, recebem-na em vários níveis de entendimento — devido aos seus dons intelectuais diferentes — e, por isso, manifestam esses vários graus de experiência religiosa”.
(1690.1) 151:2.3 Após haver ouvido a interpretação de Pedro, para a parábola, Jesus perguntou aos outros apóstolos se eles também possuíam sugestões a oferecer. A esse convite apenas Natanael respondeu. Disse ele: “Mestre, ainda que eu reconheça muitas coisas boas na interpretação que Simão Pedro dá à parábola, não concordo totalmente com ele. A minha idéia sobre essa parábola seria: A semente representando o evangelho do Reino, enquanto o semeador significando os mensageiros do Reino. A semente que caiu à margem do caminho, na parte endurecida do solo, representa aqueles que não ouviram senão pouco do evangelho e, também, aqueles que são indiferentes à mensagem e endureceram os seus corações. Os pássaros do céu, que levam as sementes caídas. à beira do caminho, representam os hábitos da nossa vida, a tentação do mal e os desejos da carne. A semente caída na rocha representa aquelas almas emocionais que são rápidas para receber os ensinamentos novos, mas também são igualmente rápidas para desistir da verdade, quando enfrentam as dificuldades e realidades para viver de acordo com essa verdade, a elas faltando a percepção espiritual. A semente, que caiu entre os espinhos, representa os que são atraídos para as verdades do evangelho; eles têm a intenção de seguir os ensinamentos, mas são impedidos pelo orgulho da vida, o ciúme, a inveja e as ansiedades da existência humana. A semente que caiu em bom solo, e cresceu até dar, algumas trinta, algumas sessenta e outras até cem grãos, representa os graus de capacidade natural e variável para compreender a verdade e responder aos seus ensinamentos espirituais, que têm os homens e as mulheres, pois possuem dons diferentes de iluminação de espírito”.
(1690.2) 151:2.4 Quando Natanael terminou de falar, os apóstolos e os seus companheiros entraram em uma discussão séria e mesmo em um debate profundo, alguns sustentando a correção da interpretação de Pedro; e um número quase igual deles tentava defender a explicação de Natanael para a parábola. Nesse ínterim, Pedro e Natanael haviam-se retirado para a casa, onde se envolveram em um esforço vigoroso e determinado para convencer e mudar a idéia, um ao outro.
(1690.3) 151:2.5 O Mestre permitiu que essa confusão ultrapassasse o limite da sua expressão mais intensa; após o que ele bateu com as palmas das mãos a fim de chamá- los para perto de si. Quando eles estavam todos reunidos à sua volta, uma vez mais, disse: “Antes de falar-vos sobre essa parábola, algum de vós tem qualquer coisa a dizer?” Depois de um momento de silêncio, Tomé falou: “Sim, Mestre, gostaria de dizer umas poucas palavras. Lembro-me de que tu nos aconselhaste, certa vez, para tomarmos cuidado exatamente com isso. Ensinaste-nos que, quando usássemos exemplos nas nossas pregações, deveríamos empregar histórias verdadeiras, não fábulas, e que deveríamos escolher a história que melhor se adequasse como exemplo da verdade central e vital, a qual gostaríamos de ensinar ao povo; e que, havendo usado a história, não deveríamos tentar dar um emprego espiritual a todos os detalhes menores envolvidos na narrativa da história. Eu sustento que Pedro e Natanael estão ambos errados nas suas tentativas de interpretar essa parábola. Admiro a capacidade deles para essas coisas, mas estou igualmente seguro de que todas as tentativas, como essas, de fazer uma parábola natural produzir analogias espirituais, em todos os seus aspectos, pode apenas resultar em confusão e em erros sérios de concepção, sobre o verdadeiro propósito da parábola. E, plenamente provado que eu devo estar certo, está, pelo fato de que, se há uma hora atrás comungávamos de um só pensamento, agora estamos divididos em dois grupos separados que sustentam opiniões diferentes a respeito dessa parábola e que mantêm tais opiniões tão sinceramente a ponto de até interferir, na minha opinião, com a capacidade de compreender plenamente a grande verdade que tu tinhas em mente, quando apresentaste essa parábola à multidão e quando posteriormente nos pediste para tecer comentários sobre ela”.
(1691.1) 151:2.6 As palavras ditas por Tomé tiveram o efeito de acalmar a todos. Ele levou-os a lembrarem-se do que Jesus lhes tinha ensinado em ocasiões anteriores e, antes que Jesus continuasse a falar, André ergueu-se e disse: “Estou persuadido de que Tomé está certo; e gostaria que ele nos contasse qual significado ele atribui à parábola do semeador”. Depois que Jesus acenou para Tomé falar, ele disse: “Meus irmãos, eu não gostaria de prolongar essa discussão, mas, se assim o desejardes, direi que penso que essa parábola foi contada para ensinar-nos uma grande verdade. E esta é a de que nossos ensinamentos sobre o evangelho do Reino, não importa quão fiel e eficientemente executemos as nossas missões divinas, serão acompanhados por vários níveis de êxito; e que todas essas diferenças, nos resultados, são devidas diretamente às condições inerentes às circunstâncias da nossa ministração, condições sobre as quais temos pouco ou nenhum controle”.
(1691.2) 151:2.7 Quando Tomé acabou de falar, a maioria dos seus companheiros pregadores estava pronta para concordar com ele e, Pedro e Natanael estavam mesmo, por sua vez, prontos a dirigir-se a ele, quando Jesus levantou-se e disse: “Muito bem, Tomé; tu discerniste bem o verdadeiro significado das parábolas; mas Pedro e Natanael, ambos, fizeram a vós todos um bem igual, pois eles mostraram plenamente o perigo de se tentar fazer uma alegoria das minhas parábolas. Nos vossos próprios corações, podeis muitas vezes, com proveito, fazer tais vôos de conjectura imaginativa, mas vós cometereis um erro sempre que buscardes oferecer conclusões como uma parte do vosso ensinamento público”.
(1691.3) 151:2.8 Agora, uma vez passada a tensão, Pedro e Natanael congratulavam-se um com o outro pelas suas interpretações e, à exceção dos gêmeos Alfeus, cada um dos apóstolos aventurava-se a fazer uma interpretação da parábola do semeador antes de retirar-se para dormir. Até mesmo Judas Iscariotes ofereceu uma interpretação bastante plausível. Freqüentemente, entre si próprios, os doze iriam tentar imaginar as parábolas do Mestre, como haviam feito, por meio de uma alegoria, mas, nunca mais, eles levariam essas especulações a sério. Essa foi uma sessão bastante proveitosa para os apóstolos e para seus colaboradores, especialmente porque, desde então, e cada vez mais, Jesus empregou parábolas no seu ensinamento público.
3. Mais a Respeito das Parábolas
(1691.4) 151:3.1 A mente dos apóstolos adaptava-se bem às parábolas; tanto assim, que toda a noite seguinte foi dedicada a mais uma discussão sobre as parábolas. Jesus iniciou a conferência da noite dizendo: “Meus amados, vós deveis sempre amoldar os vossos modos de ensinar, adequando assim a vossa apresentação da verdade às mentes e aos corações que estão diante de vós. Quando estiverdes diante de uma multidão de intelectos e de temperamentos vários, vós não podereis falar palavras diferentes para cada tipo de ouvinte, mas podeis contar uma história que passe o vosso ensinamento; e cada grupo, cada indivíduo mesmo, será capaz de dar a sua própria interpretação à vossa parábola, de acordo com os próprios dons intelectuais e espirituais. Deveis deixar a vossa luz brilhar, mas o façais com sabedoria e discrição. Nenhum homem, quando acende uma lâmpada, cobre-a com um vaso ou põe-na debaixo da cama; ele põe a sua lâmpada sobre um pedestal, onde todos possam ver a luz. No Reino do céu, permiti que eu vos diga, nada que, estando escondido, deixará de tornar-se manifestado; nem há segredo algum que não se fará afinal conhecido. Finalmente, todas as coisas virão à luz. Não penseis apenas nas multidões, e em como elas ouvem a verdade; prestai atenção também em vós próprios, em como escutais. Lembrai-vos do que eu vos disse muitas vezes: Para aquele que tem, será dado mais; enquanto daquele que não tem, será tomado até mesmo aquilo que ele pensa que tem”.
(1692.1) 151:3.2 A discussão contínua sobre as parábolas; e as outras instruções para a sua interpretação podem ser resumidas e expressas, em forma moderna, do modo seguinte:
(1692.2) 151:3.3 1. Jesus preveniu contra o uso, fosse de fábulas, fosse de alegorias, para o ensino das verdades do evangelho. Ele recomendava o uso livre de parábolas, especialmente parábolas naturalistas. Ele enfatizava o valor de utilizar-se das analogias existentes entre o mundo natural e o mundo espiritual, como um meio para ensinar-se a verdade. Freqüentemente fazia alusão ao natural, como sendo “a sombra irreal e fugaz das realidades do espírito”.
(1692.3) 151:3.4 2. Jesus narrou três ou quatro parábolas das escrituras dos hebreus, chamando a atenção para o fato de que esse método de ensinar não era totalmente novo. Contudo, tornou-se quase um método novo de ensinar, do modo como ele o empregou, desse momento em diante.
(1692.4) 151:3.5 3. Ao ensinar aos apóstolos o valor das parábolas, Jesus chamou a atenção para os pontos seguintes:
(1692.5) 151:3.6 A parábola tem apelo para vários níveis diferentes, simultaneamente, da mente e do espírito. A parábola estimula a imaginação, desafia o senso do discernimento e provoca o pensamento crítico; ela promove a simpatia, sem despertar antagonismos.
(1692.6) 151:3.7 A parábola parte das coisas conhecidas e chega ao discernimento do desconhecido. A parábola utiliza o material e o natural, como um meio de apresentar o espiritual e o supramaterial.
(1692.7) 151:3.8 As parábolas favorecem a tomada de decisões morais imparciais. A parábola escapa de muitos preconceitos e joga na mente uma nova verdade, de um modo encantador; e a tudo isso ela faz despertando um mínimo de autodefesa, de ressentimento pessoal.
(1692.8) 151:3.9 Rejeitar a verdade contida na analogia parabólica requer uma ação intelectual consciente, que despreza diretamente o vosso próprio julgamento honesto e a vossa decisão equânime. A parábola conduz ao esforço do pensamento por meio do sentido da audição.
(1692.9) 151:3.10 O ensino, sob a forma de parábola, capacita aquele que ensina a apresentar verdades novas e até surpreendentes, e ao mesmo tempo evita amplamente qualquer controvérsia e choque externo com a tradição e com a autoridade estabelecida.
(1693.1) 151:3.11 A parábola também possui a vantagem de estimular a lembrança da verdade ensinada, quando as mesmas cenas conhecidas forem encontradas posteriormente.
(1693.2) 151:3.12 Desse modo, Jesus buscava deixar os seus seguidores inteirados das muitas razões que motivavam a sua prática de usar cada vez mais as parábolas nos seus ensinamentos públicos.
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