palavras aos homens e mulheres da Madrugada

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Hilda Hilst na Casa do Sol (documentário)

Teaser do documentário HH — um passeio, uma conversa, um dia com Hilda Hilst:

Muito bom voltar a ver e ouvir a Hilda contando “causos” em seu habitat natural. (De quebra, aí estão a Helena, o Marujo, o Teco, a Aninha, a Chinchin, o Nenegão e outros cães da Casa do Sol…)

Entrevista com o escritor e crítico literário José Castello

José Castello

Conheci José Castello na Casa do Sol, residência da escritora Hilda Hilst, em 1999, ocasião em que foi entregar, em mãos, um exemplar do seu livro O Inventário das Sombras, no qual há um capítulo dedicado à própria Hilda. O curioso é que, naquele mês, eu havia lido Qadós, conto dela, cuja descrição do protagonista — mormente sua loucura e suas vestes — me lembrou Arthur Bispo do Rosário. Eu comentara a respeito com Hilda, que nunca tinha ouvido falar dele. E aí apareceu Castello com seu livro: um outro capítulo tratava justamente de Bispo do Rosário… (Devo observar que, tal como James Joyce, Hilda também se impressionava profundamente com qualquer coincidência. Ela não conseguia esquecer-se do fato enquanto lia o que Castello escrevera sobre Rosário. Também achava ali muitas semelhanças.)

Ah, sim: O Inventário das Sombras é um ótimo livro. O capítulo sobre Clarice Lispector é bizarro, sua histeria diante do gravador linda simultaneamente com o cômico e o patético, fica difícil concluir se ela era adepta do happining da pegadinha (digamos) –, ou se era de fato doida de pedra…

Primeira parte:

Segunda parte:

Stephen King fala sobre o conflito entre lecionar e escrever

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Obsessões de Hilda Hilst

Hilda Hilst

« …escrever será um ato de, digamos, caridade, para consolar o ser humano de ser o que é? Ou escrever não tem sentido?»

« …a anedota que Paulo Mendes Campos me contou: um ser perfeito, lindíssimo, civilizadíssimo, desceu de um disco voador e o terráqueo, embasbacado, pergunta: “ah, vocês evoluíram assim foi depois do caos, é?” “É”, respondeu o outro, “surgiu lá no nosso planeta um homem chamado Jesus, que pregava o amor ao próximo e até aos inimigos”. O habitante da Terra observou: “é, aqui também, e nós o crucificamos”. O extraterrestre achou inacreditável: “cru-ci-fi-ca-ram?!” Pois no planeta dele tinham seguido Jesus e por isso tinham se tornado perfeitos todos os habitantes de lá…»

« Sinto que nós estamos naquela região das trevas, no vértice supremo das trevas, da maldade, da ignorância que o hinduísmo chama de Kali yuga. Acho que nos estamos aproximando celeremente de um desfecho apavorante, sem retorno.»

« Uma pessoa que tiver essa hiperlucidez de se compreender livre em um mundo esquizofrênico poderá sobreviver a essa iluminação interior ameaçadora?»

« Me parece que Deus não é omnipotente. Acho que Ele está irremediável e definitivamente sozinho. Deus está na escuridão, o próprio Deus luta, procura, quer que alguém Lhe estenda a mão, O ajude.»

Hilda Hilst (1930 – 2004), durante uma entrevista.

(Infelizmente, em meu bloco de anotações não consta a fonte.)

Viktor Frankl fala sobre a busca de sentido (entrevista)

Primeira parte:

Segunda parte:


Viktor Emil Frankl
(Viena, 26 de março de 1905 — 2 de setembro de 1997) foi um médico e psiquiatra austríaco, fundador da escola da Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência. Saiba mais.

Gabriel García Márquez fala sobre a arte literária

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« O esforço de escrever um conto curto é tão intenso como o de  começar um romance. Pois no primeiro parágrafo de um romance é preciso definir tudo: estrutura, tom, estilo, longitude, e às vezes até o caráter de algum personagem. O resto é o prazer de escrever, o mais íntimo e solitário que se possa imaginar, e se a gente não fica corrigindo o livro pelo resto da vida é porque o mesmo rigor de ferro, que faz falta para começá-lo, se impõe na hora de terminá-lo. O conto, por sua vez, não tem princípio nem fim: anda ou desanda. E se desanda, a experiência própria e a alheia ensinam que, na maioria das vezes, é mais saudável começá-lo de novo por outro caminho, ou jogá-lo no lixo.»

(…)

« Sempre acreditei que toda versão de um conto é melhor que a anterior. ¿Como saber então qual deve ser a última? É um segredo do ofício que não obedece às leis da inteligência mas à magia dos instintos, como a cozinheira que sabe quando a sopa está no ponto.»

(…)

« Às vezes me sentia escrevendo pelo puro prazer de narrar, que é talvez o estado humano que mais se parece à levitação.»

Gabriel García Márquez

Obs.: Trechos de uma entrevista retirados de um dos meus velhos blocos de anotações que, como já disse em outros posts, também nesse caso, infelizmente, não traz indicações de fonte.

Curiosidade: Bruno Tolentino, que conheceu García Márquez pessoalmente, me disse que foi praticamente impossível ter um diálogo sério com ele, haja vista os vários baseados que ele, Márquez, não parava de fumar…

Georges Simenon fala sobre isolamento e simpatia pelo personagem

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« Um deles, por exemplo, que me perseguirá mais que qualquer outro, é o problema da comunicação. Quero dizer, comunicação entre duas pessoas. O fato de que somos não sei quantos milhões de pessoas, e de que, não obstante, a comunicação, comunicação completa, é inteiramente impossível entre duas dessas pessoas, é para mim um dos maiores e mais trágicos temas do mundo. Quando eu era menino, isso me causava medo. Eu quase chegava a gritar. Dava-me uma sensação de isolamento, de solidão. Eis aí um tema que abordei não sei quantas vezes. Mas sei que retornará. Retornará, certamente.»

(…)

« Mas não se trata apenas da questão de o artista perscrutar seu próprio íntimo, mas, também, o dos outros, com a experiência que tem de si próprio. Ele escreve com simpatia porque sente que o seu semelhante é como ele.»

Georges Simenon

Trecho de uma entrevista à Paris Review, que encontrei em um dos meus blocos de anotações.

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