palavras aos homens e mulheres da Madrugada

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Esperando Gordô

— Ei, ¿o que você tá fazendo sentadão aí?
— Tô esperando o Godot.
— Esperando ¿quem? ¿O Gordo?
— Não, o Godot.
— ¿Gordô? ¿Ele é francês?
— Não faço a menor idéia. E não tem letra erre na palavra.

Dias depois, chega outro funcionário.
— Ué, ¿vocês não têm nada para fazer, não?
— A gente tá esperando um gordo fancês.
— ¿”Fancês”? ¿Não seria um “francês”?
— Não, ele disse que não tem erre na palavra.
— Deixe de ser burro! Eu não sei se é francês! E o nome é Godot.
— ¿E ele é gordo, é?
— Ai, meu saco.

Semanas depois, aproxima-se um gordo de paletó e gravata.
— Por favor, vocês sabem onde fica a Polícia Federal?
— Aqui é a PF. ¿Você é Godot?
— Se eu engordei?!… Olha aqui, meu caro, ¿isso é lá jeito de tratar desconhecidos? Ora, faça-me o favor!… — e o gordo, irritado, encaminha-se para o lobby.

Meses depois, a espera continua.
— É… Pelo jeito esse Godot não vai chegar nunca.
— ¿E o que afinal você está querendo com esse cara?
— Ué. ¿Não sabe?
— Se soubesse, não estaria perguntando…
— Verdade.
— ¿E…?
— ¿E o quê?
— ¿Não vai responder minha pergunta?
— ¿Qual delas?
— Ai, ai… ¿O que você quer com esse Gordô?
— Godot!
— Tá! Tá! Godot! — e suspira. — ¿O que você quer com ele, caramba?
— Ele vai trazer a papelada.
— ¿Que papelada?
— Bom, a verdade é que ninguém tem certeza. Mas tudo indica que ele vai trazer a ordem de prisão do Lula…
— Puts. Então vamos esperar.
— Vamos. É o jeito.

Antivírus e laranjas

Tradução do “vá estudar” dos esquerdistas: “vá lavar seu cérebro com ideologia semelhante à nossa”. No, gracias.

A verdade é que não adianta discutir com mentalidades revolucionárias. Antes elas precisam passar pela terapia de ler Krishnamurti, cujo discurso formata o cérebro, apaga tudo. (Por isso, se suas convicções e sua fé não forem verdadeiras, pouco importando a natureza delas, cuidado com ele.)

Um debate, aliás, ao qual gostaria de assistir: Sócrates X Krishnamurti. ¿Quem daria um nó em quem? Bom, ainda aposto em Sócrates.

A caminho do “protesto a favor”, um petista é interpelado por Krishnamurti. Dez páginas depois, o petista está catatônico, dando boot no seu sistema mental.¿Reinstalará o mesmo sistema operacional? Não sabemos. Mas já dá para conversar com ele um bocado.

A caminho do “protesto a favor”, um petista passa pela Ágora e é interpelado por Sócrates. Dez páginas mais tarde, o petista não é mais petista. Sócrates desinstala o sistema bugado e reinstala um zero bala ao mesmo tempo.

Mas ambos, Sócrates e Krishnamurti, infelizmente, já não abordam voluntariamente ninguém. Passaram desta para melhor. Exigem atenção voluntária do interessado mediante livros. Por isso…

A caminho do “protesto a favor”, um petista passa por São Bernardo do Campo e é interpelado por Lula em plena calçada. Uma hora depois, o petista vira laranja…

É, o jeito é instalar o antivírus Moro.
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Postado em Março, no Facebook.

10 anos: parece que foi ontem

Em 2006, publiquei cerca de dez horas de entrevista (em áudio) com Olavo de Carvalho, sua primeira aparição no YouTube. Eu procurava, procurava, procurava e não encontrava nada sobre ele ali. ¿Como era possível? ¿Depois de Olavo ter escrito todos aqueles livros?! Absurdo. Então lhe fiz a proposta e ele a aceitou. Nas gravações, a atualidade de tudo o que ele diz é espantosa. Desde então, graças ao movimento revolucionário, o Brasil permaneceu completamente atolado. Ou melhor: afundou mais.

Quem não ouviu essa conversa — que acabou dando origem ao programa True Outspeak — não sabe o que está perdendo…

Caso alguém queira baixar os arquivos MP3, clique aqui.

Ouça a entrevista completa abaixo:

¿Até tu, Satanás?

No final do dia, Satanás preparou seu uísque — cowboy, porque ali não havia gelo que resistisse —, ligou a TV e, refestelado em sua confortável poltrona de couro humano, se preparou para assistir a mais um episódio da série Breaking Bad. Estava entusiasmado, já que a vontade de poder aprisionava cada vez mais a alma do protagonista.

— É hoje que ele se entrega totalmente a mim!

Três bicadas de uísque e quatro minutos de episódio mais tarde, soou a campainha da frente.

— ¿Logo agora? ¿Quem será? — e, entre resmungos, já preparando uma bronca para o infeliz demônio subalterno que certamente o estava a buscar, levantou-se e foi abrir a porta. Soltava fogo escocês pelas ventas.

— ¿Senhor Satanás? — indagou um sujeito alto, moreno, vestido de colete preto e seguido por vários outros paramentados à mesma maneira.

— Sim. ¿Quem quer saber? — devolveu surpreso.

— Sou o delegado Luciano Flores da Polícia Federal do Brasil. Eis o mandado de prisão. O senhor vem conosco. Não resista.

Satanás arregalou os olhos: — Mas o que foi que eu fiz?!

— O senhor saberá assim que chamar um de seus inumeráveis advogados — e o delegado, com um gesto da cabeça, ordenou que o algemassem.

Nos dias seguintes, a imprensa se deleitou: com a prisão recente de Luiz Inácio Lula da Silva, que havia aceitado a delação premiada, finalmente chegaram a Satanás. Tratava-se da 666ª fase da Operação Lava Jato, apelidada de “Chefe do Lula”. Sim, afora o Príncipe dos Infernos, não havia sobrado mais ninguém para o bandido petista denunciar.

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Publicado no Facebook.

ESPELHO — 8 anos de idade

Quase ninguém sabe — provavelmente apenas a Cassia — mas escolhi o dia 21 de Agosto de 2007 para lançar o curta-metragem ESPELHO porque, neste dia, segundo o “livro azul”, é aniversário de Jesus. Para quem ainda não assistiu ao filme, fica aqui o convite. Infelizmente não experimentará o mesmo efeito que costuma ocorrer nas salas de cinema, onde o público, no início, acaba reagindo tal como o desassossegado protagonista: daí o “efeito espelho”. Hoje, concordo com alguns críticos: talvez eu tenha exagerado na verborragia. Mas também concordo com um amigo de São Paulo, segundo o qual, e modéstia à parte, este curta está entre os dez melhores realizados na década passada, pois consegue unir uma narrativa tradicional a uma abordagem experimental. (Aliás, foi Dib Lutfi, o mestre da câmera em movimento, quem me aconselhou: “Mantenha o plano estático quase o filme inteiro”.) Enfim, olho para meu trabalho e, apesar dos pesares (principalmente a pobreza de recursos), vejo que é bom. E os invejosos ‘que se jodan’.

Unhas

No WhatsApp:
— Tá pronta? Já posso te buscar?
— Não, tô fazendo a unha.
Uma hora depois:
— Tá pronta? Já posso te buscar?
— Não, tô fazendo a unha.
Duas horas depois:
— Tá pronta? Já posso te buscar?
— Não, ainda tô fazendo a unha.
Três horas depois:
— Tá pronta? Já posso te buscar?
— Não, continuo fazendo a unha.
— Caramba, quantas unhas você tem?
— 19.
— OK. 🙁

Obs.: Não, não era o Lula.

Uma babá feia. Bem feia.

A babá

Minha mãe, que continua se informando principalmente pelo rádio, veio me contar uma dessas notícias que, segundo ela, caso fossem impressas num jornal, não serviriam sequer para forrar uma gaiola de hamsters pouco asseados. Dizia respeito a uma viagem feita pelo marido da bela Gisela Bündchen, o tal do Tom jogador de futebol gostosão, em companhia do Ben Affleck, ator da mesma estirpe. Por alguma razão, não entendi direito, eles viajavam com uma babá. Bom, isso me leva a crer que talvez houvesse crianças na viagem — ou não, filmes pornôs indicam que a presença de crianças não é estritamente necessária à presença de babás. Enfim. O caso é que os dois gostosões ricos casados com gostosonas famosas — Ben Affleck é casado com alguma gostosona famosa? não sei, mas não perderei meu tempo no Google por conta disso —, os dois acabaram convidando a babá, que deveria ter ficado em New York, a ir com eles até Los Angeles. (E por isso imagino que não estivessem de carro, Los Angeles não é logo ali.) E a babá, gostosona (obviamente), aceitou o convite, e então… ninguém sabe. Suruba? Ménages? Baby sitting? Sitting no colo de alguém? Em dois colos? Sei lá, mas parece que uma das esposas gostosonas, ou ambas, ficaram P da vida e alguém já está falando em divórcio. Parece que há um papo sobre ganhar alguma coisa com uma bola murcha… sei lá, me desculpe, mãe, minha atenção a esses assuntos não vai tão longe. E só estou contando tudo isso porque, ao final, minha mãe disse:
— Se a Gisele Bündchen tivesse lido sua história da Hilda Hilst e da empregada feia, não estaria nessa agora. A Hilda tinha toda a razão. E também deve ser horrível ser uma pessoa famosa. Todo mundo atrás dessas picuinhas ridículas. Ainda bem que você e suas irmãs não são famosos…
Para quem não o leu, minha mãe se referia ao relato “Precisa-se de empregada feia. Bem feia“. Leia-o antes que você caia na mesma situação, querida leitora.

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