palavras aos homens e mulheres da Madrugada

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Judicioso artista, ¿isso te apraz?

pushkin

« És um rei. Vive só.

  Escolhe um caminho livre
  E segue por onde te levar tua mente livre;
  Aperfeiçoa os frutos das idéias que te são caras,
  Sem nada esperar por teus nobres feitos.

  Em ti estão as recompensas.
  De ti és o juiz supremo.
  Ninguém, com mais rigor,
  Julgará tua obra.

  Judicioso artista, ¿isso te apraz? »

  Alexander Pushkin

Ditirambos de Dionísio (Fragmento 67)

Friedrich Nietzsche

Joga teu pesar no abismo!

Esquece, Homem! Esquece, Homem!

Divina é a arte do esquecer!

Queres voar,

Queres habitar as alturas:

Joga o que mais te pesa no mar!

Eis o mar — joga-te no mar!

Divina é a arte do esquecer!

++++++++

Friedrich Nietzsche

Dante e a Divina Comédia

Trecho do ensaio Dante e a Divina Comédia, de Otto Maria Carpeaux:

Dante Alighieri « A grande maioria dos leitores da Divina Comédia só conhece o “Inferno”; vence as dificuldades das alusões políticas e históricas, que tornam indispensável o comentário, para compreender os grandes episódios que criaram a glória do poema através dos séculos. Uma compreensão tão fragmentária do “Inferno” não sente escrúpulos, fragmentando o poema inteiro: o “Inferno”, sim, seria um reflexo satírico – sátira trágica – do mundo real e por isso acessível à nossa sensibilidade: o “Purgatório” seria, apenas, repetição mais fraca do “Inferno”, e o “Paraíso”, enfim, uma abstração, teologia escolástica em versos; para a grande maioria dos leitores o “Paraíso” não existe.

« Ler assim a Divina Comédia significa trair o poeta. Dante é um dos artistas mais conscientes de todos os tempos; devia saber o que disse quando atribuiu ao poema, além do sentido literal, vários sentidos alegóricos: um ético, um religioso, um político. Ao leitor moderno repugna a interpretação alegórica, levando a artifícios antiartísticos e às vezes absurdos; e ficamos perplexos quando vemos colocado pelo poeta medieval o sentido político acima do sentido religioso. Num poeta medieval, teríamos esperado o contrário. Mas, pensando assim, estaríamos laborando num anacronismo; a nós, que nascemos depois de Maquiavel, a política parece negócio moralmente inferior. Dante pensava de maneira diferente. Para ele, a política era irmã da religião, e ambas, unidas, guiavam o homem para a paz terrestre e a beatitude celeste; daí a inseparabilidade, no pensamento político de Dante, do poder imperial e do poder papal. O que no Céu é religião, na Terra é política; e o Purgatório é a ponte entre a imperfeição humana e a perfeição divina. Visto assim, o sentido literal da Comédia – o libelo contra os vícios do tempo – é a base moral, e portanto indispensável, do poema; os famosos episódios só tem, para o poeta, valor de exemplos, e só a imaginação realista do poeta os transformou em novelas poéticas. Dante é realista, antes de tudo. Todos os críticos salientaram o realismo das comparações e descrições de paisagens imaginárias no “Inferno”; mas não são, de modo algum, imaginárias. O “Inferno” é a paisagem real dos pecados humanos; e porque a força da imaginação humana tem limites, essa paisagem de montanhas, desfiladeiros, rios e florestas subterrâneas é o espelho da paisagem italiana, dos Apeninos e dos Alpes, do Pó e do Arno, iluminada pelo bem observado “era bruno” (ar dourado), quando “lo giorno se n’andava” (o dia findava). E a grande cidade infernal não é outra senão a cidade de Florença, porque –

Godi, Fiorenza, poi Che se’ si grande

Che per maré e per terra batti l’ali,

E per lo ‘nferno tuo nome si spande!

(Inferno, XXVI, 1-3: “Alegra-te, Florença, que és tão grande / que as asas bates por terra e por mar, / e pelo Inferno o teu nome se expande!”)

« O leitor não mude de continente quando “uscimmo a riveder le stelle” (saímos por ali, a rever estrelas).

« Mas aquela limitação da imaginação não existe com respeito ao “Paraíso”; lá o poeta podia construir livremente o seu mundo de religião política e política religiosa; o Céu de Dante não é a fantasia arbitrária de um sonhador, mas um edifício construído segundo as normas sólidas da lógica escolástica, com os elementos de uma doutrina religiosa coerente e de uma doutrina política bem elaborada. Para aceitar esses elementos, nem é preciso a “suspension of disbelief”; porque, de acordo com as regras da lógica moderna, um sistema de idéias não precisa corresponder a qualquer realidade exterior; só precisa não ter contradições interiores. No caso do “Paraíso”, essa coerência é dada pela poesia, que transforma em realidade dentro da alma uma utopia irrealizável neste mundo:

E ‘n la sua volontade è nostra pace”.

(Paraíso, III, 85: “E está na Sua vontade a nossa paz”.) »

(Fonte: Suma Teológica.)

Especial sobre Carlos Drummond de Andrade (Globo News)

Com poemas lidos pelo próprio Drummond e depoimentos dele, de Tom Jobim, Otto Lara Resende, Alcides Villaça, etc.

“Eu sou bastante telefoneiro”, disse Carlos Drummond de Andrade. Teria dado um grande interneteiro…

Primeira parte:

Segunda parte:

Terceira parte:

Dois poemas de Fernando Pessoa lidos por mim

Ontem, acordei com a garganta ligeiramente inflamada, o que deixou minha voz ainda mais “sexy-cavernosa” do que de costume. Para não perder a oportunidade, gravei minha leitura de dois poemas do Fernando Pessoa. (Já havia gravado outro anos atrás – Tabacaria – que pode ser ouvido na página de arquivos de áudio.)

Cruzou por mim, veio ter comigo, de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos):

    [download id=”19″]
    [audio:http://www.archive.org/download/Podcasts_Karaloka/cruzou_por_mim_fernando_pessoa.mp3]

Análise, de Fernando Pessoa:

    [download id=”18″]
    [audio:http://www.archive.org/download/Podcasts_Karaloka/analise_fernando_pessoa.mp3]

Entrevista com o escritor Lêdo Ivo

Lêdo Ivo fala sobre escritores, crítica literária, poesia, Brasil, educação, etc.

Fonte: Globo.com

Soneto Psicose – revisado

Psicose, de Alfred Hitchcock

Tranqüilo estava a tomar um bom banho
Quando por trás da cortina do boxe
Surgiu um vulto brandindo faca inox
Que me deu um susto sem ter mais tamanho.

Rasgando a cortina às estocadas
Assomou-se a minhas pobres retinas
Uma mulher com os ares das meninas
Que anelamos sob luas danadas.

Nua, abandonou a faca e fitou-me:
"Cá estarei até abrir-te o coração…"
E achegando-se, sorriu e beijou-me.

Mas após amá-la com toda arte
Ela se foi, ao não ouvir, em confissão,
Meu amor qu’estava em toda parte.

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(Este meu soneto está na terceira posição entre os "Sonetos Interessantes Preferidos" do site Sonetos.com.br. Perceba que fiz algumas alterações.)

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