Quem vc considera o/a escritor(a) brasileiro(a) mais genial? (Esta pergunta ainda está aqui.)
Difícil responder a isso porque não li "todos os escritores brasileiros". Isso até me lembra as conversas com a Hilda Hilst e o Bruno Tolentino na casa dela. Ele adorava discutir sobre literatura e escritores. A Hilda achava um saco. Eu adorava ouvir as opiniões do Bruno, mas, como a Hilda, nunca senti essa ânsia de ler tudo o que faz parte da tradição literária e da produção contemporânea. Vou degustando aos poucos. Selecionando afins. Quando um texto me chateia, não vou até o fim apenas porque falam bem do autor. Não sou um crítico. Leio muito, mas nem tudo o que leio é uma obra literária. Como artista, busco impressões e intuições. E essas não vêm apenas pela literatura.
Mas… sim, tenho meus prediletos: Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Rubem Fonseca, Clarice Lispector, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Jorge de Lima, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Nelson Rodrigues… Só que você pergunta qual o mais "genial". Humm. Sigo o conceito de gênio definido por Oswald Spengler: "a força fecundante do varão que ilumina toda uma época". Ou seja, aquele autor cuja obra influencia toda uma época, que contamina gerações de outros autores. Dos citados, ¿quem teria realizado tal proeza? Com maior intensidade, embora não seja meu predileto, diria que apenas Machado de Assis… Com menor intensidade, todos os demais citados.
Obrigado pela pergunta.
Teria muita coisa para perguntar. Não sei se consigo resumir. Mas, Yuri, porque você não faz um filme inteiramente plástico, belo, lúdico/simbólico e reluzente, para a criança e para o velho? Você é a minha esperança de um cinema inteiramente li… by arilud2
Olha, bem que eu gostaria, mas cinema é um gênero artístico muito caro e, graças à situação político-econômica do Brasil, ninguém aqui consegue poupar dinheiro para investir no que quer que seja. Os impostos são tão escorchantes que todo o dinheiro que poderia ser investido por particulares está, na verdade, nas mãos do Estado. Numa entrevista, Woody Allen afirmou conhecer vários novos ricos, gente que investiu 50.000 dólares no filme dum cineasta iniciante e, no final, faturou 3 ou 4 milhões de dólares apenas em salas dos EUA. Isso não ocorre no Brasil, o pouco que há para investir acaba em setores de menor risco, imóveis ou fundos de renda fixa. Cinema? Mais arriscado que bolsa de valores. Daí esse monte de leis de incentivo que, de modo geral, não me interessam. Se os impostos fossem reduzidos, não haveria necessidade dessas leis. É o governo atrapalhando (tomando dinheiro) para ajudar (dar dinheiro), uma enorme contradição. Afinal, não é obrigação de empresas do ramo de alimentos, pneus, petróleo, etc. bancar o cinema. O negócio deles é outro, não entendem de arte ou entretenimento. Eu ainda pretendo rodar novos curtas e, se Deus quiser, algum longa-metragem — embora não seja mais uma prioridade. Infelizmente, porque é extremamente prazeroso dirigir um filme. Mas o que tenho a dizer pode ser dito através da literatura.
P.S.: Eu ainda pretendo escrever um "Manifesto Cinematográfico para Investidores e Possíveis Novos Empresários do Ramo". Com a distribuição digital, tudo pode mudar. 🙂
Yuri, quando vamos ver um longa-metragem teu? (Esta ainda está aqui.)
Bom, acho que já respondi a uma pergunta semelhante. Há informações relevantes nesses dois links:
http://www.formspring.me/yurivs/q/94893928
http://www.formspring.me/yurivs/q/22542126
No mais, não sei dizer. Os meandros do financiamento público são sujos demais para meu gosto. Fora os obscuros critérios de seleção de projetos, há também todo tipo de máfia. Há uma máfia de captadores (que fazem um verdadeiro loteamento das empresas, tipo "essa é minha, aquela é sua" e tal). Muitas vezes você encontra uma empresa, mas não consegue o dinheiro porque um captador se coloca entre vc e a administração da empresa, exigindo a porcentagem dele. E isso porque ele divide essa grana com gente de dentro da empresa… Entende? Gente escrota, a podridão da Terra. Há ainda uma burocracia estúpida que obriga os realizadores a comprar notas fiscais, uma coisa nojenta, porque, para provar que não estão mentindo, que estão fazendo o filme, são obrigados a mentir, a dizer que tais notas correspondem a esse ou àquele serviço, sendo que, na verdade, é tudo uma grande forçação de barra. E por que isso? Porque exigem prestação de contas antes mesmo de o filme ser rodado! Talvez essas coisas não se apliquem a todos os tipos de leis de incentivo. Mas já me enojei o bastante com as que encarei. Meu último curta-metragem foi feito com dinheiro da produtora onde trabalho.
Assim, minha resposta é: farei um longa-metragem quando tiver meu próprio dinheiro para isso. Ou quando algum louco quiser me bancar. E olha que meu filme não seria uma "artistice", seria entretenimento também. Ou seja: haveria, além da intenção estética, intenção lúdica e intenção de lucro… (Tenho alguns argumentos engavetados.)
(Sim, nessas condições é também possível que nenhum longa-metragem meu venha a ser rodado. Não me importo. A literatura é uma arte mais profunda, polissêmica e… barata. E eu gosto muito de escrever.)
Obrigado pela pergunta.
Qual seria, em tua opinião, a fase mais difícil na produção de um filme? by KosherX (Esta ainda está aqui.)
Sem dúvida, o casting. Encontrar os atores certos para cada personagem costuma demandar tempo e muita paciência. Quando vc sente que finalmente encontrou o ator perfeito para um papel, fica com a sensação de que avançou metade do caminho.
(Nem preciso tocar na questão "dinheiro", claro. Tente encontrar, sem a ajuda de leis de incentivo, alguém que queira investir no seu filme… Praticamente impossível! Graças ao Estado — que, com suas dívidas e a conseqüente maré de impostos, acaba impedindo a formação de poupança na sociedade — ninguém é louco o bastante a ponto de investir, com os riscos inerentes a qualquer empreendimento, num filme.)
Numa resposta aí vc falou que tem uma lista de filmes prediletos. Cadê a lista? (Esta ainda está aqui.)
É minha lista de "filmes prediletos" hospedada no The Internet Movie Database. Ainda preciso acrescentar muitos títulos, já que comecei a elaborá-la de uns dois ou três anos pra cá e, vale dizer, minha década realmente cinéfila foi a década de 1990. Já não tenho aquela fome de filmes, como se algum deles fosse me revelar o segredo da existência. Hoje assisto a filmes por prazer e apenas quando me dá na telha, não porque está todo mundo assistindo.
A lista:
http://www.imdb.com/mymovies/list?l=29341794
O que te deixa de mau humor? by KosherX (Esta pergunta ainda está aqui.)
Malabaristas de semáforo. Falta de dinheiro. (Que novidade…) Falta de privacidade. Ser interrompido enquanto escrevo. Visitas que aparecem sem avisar. Gente que discute apenas por discutir, sem intenção de encontrar respostas razoáveis. Meu aniversário. Quando a internet cai. Ir visitar um amigo e ter de falar bem baixo porque o vizinho pode reclamar. Muito calor ou muito frio. Ver a imensa quantidade de emails que preciso responder e nunca respondo. Minha intermitente indisciplina. Não conseguir ver e conversar com gente morta. Funcionários públicos que atendem de má vontade. Atrasos em aeroportos. Cachorros ou gatos que se comportam como se tivessem direitos humanos. (Tipo, subindo na cama, na mesa, no sofá, exigindo comida fora de hora etc.) A gata de rua filha-da-mãe que insiste em dar à luz no meu quintal. Ter de ficar cobrando por um trabalho que fiz e que não me pagam de jeito nenhum. Gente que aparece no set de filmagem e, em vez de fazer seu trabalho, e sem ser solicitado, fica dando palpite na direção. Ter uma idéia para um roteiro e, meses depois, ver os americanos lançando um filme com o mesmíssimo tema. Dar de cara com o horrível do Lula fazendo discurso na TV. Militantes políticos que repetem chavões estúpidos na sua cara sem olhar nos seus olhos. Renovar a carteira de motorista. Ir ao médico. Ir a alguma missa, ritual ou culto religioso e me sentar perto de alguém que se comporta com falta de respeito. Neguinho que fica blasfemando no meu ouvido. (Vá blasfemar na puta que o pariu.) Gente fofoqueira e maledicente. Descobrir o valor do imposto embutido em algo que eu esteja comprando. Amigo doidão que te chama para dar uma volta de carro e, de repente, acende um beque. (Não tem casa? Será que ele ainda não saiu da adolescência automobilística? Será que já ouviu falar duma coisa chamada polícia? Não conhece ninguém que já dançou assim?) Fiscais de aeroporto que reviram sua mala e não devolvem nada ao lugar. Gente que quase nunca vejo e que, quando vê minha estante, agarra um livro que ainda não li e o pede emprestado. Gente que pega algo emprestado e devolve escangalhado ou faltando uma peça. Mendigos que nos tratam com falta de educação quando não temos dinheiro para dar. Andar no meu carro velho cheio de problemas mecânicos que podem pará-lo a qualquer instante. (Que bom que moro num bairro onde posso fazer tudo a pé.) Crianças que não respeitam adultos. Lembrar que não tenho um agente literário. Telefone que toca insistentemente durante o sexo. Não poder ir ao Japão, a Nova Iorque, a Paris ou à China quando eu bem entender. Mulher que prefere ficar emburrada a discutir a relação. Dormir menos de sete horas. Azeitona com caroço na pizza. (Ainda levo meu desencaroçador à pizzaria.) Comprar algo na internet e esperar muito mais do que o anunciado para receber o produto. Lanchonetes onde nós é que devemos retirar a bandeja e limpar a mesa. Esquecer de levar um livro quando preciso enfrentar uma fila. Pernilongos.
Há mais coisas, mas acho que já está bom. 🙂
Obrigado pela pergunta.
E o que te deixa de bom humor?
O que me deixa de bom humor? Assistir, num mesmo dia, ao nascer e ao pôr do Sol. Clima temperado — nem muito frio, nem muito quente. Rolar e me espreguiçar na cama antes de me levantar. Domingo silencioso. Cantar no chuveiro a plenos pulmões. Matar a fome. Fazer café forte e depois subir pelas paredes sob efeito da cafeína. Dinheiro na conta. Dívida igual a zero. Passar horas entre as prateleiras de um sebo ou biblioteca. Passear no centro de São Paulo. As muitas experiências de vida (matéria prima do narrador) guardadas na memória. Observar as nuvens da janela do avião. Vento frio de montanha. Silêncio e escuridão de caverna. Sol batendo na cachoeira. Fazer buracos na areia da praia com os pés. Boiar e nadar em águas transparentes e profundas. Beber água fresca após horas de caminhada. Música, passarinhos e Sol à beira da piscina. Entrar no mar, passear num jardim ou caminhar na neve sob a Lua cheia. Já não necessitar de drogas ilegais e/ou radicais para ficar doidão, mantendo, assim, o meu Mister Hyde na coleira do meu Dr. Jekyll. Sentir que meu corpo obedece à minha vontade, sem tremedeiras, fraqueza e dor. (Tipo carregar a namorada no colo escada acima e não morrer bufando e espumando por causa disso.) Almoçar tomando vinho. Saber que pessoas amadas chegaram sãs e salvas. Agir segundo meus pensamentos e ver que o resultado é bom. Ultrapassar o medo, agir com coragem e sair ileso. Trabalhar e sentir ao final do dia que houve progresso. Começar a escrever, pegar o embalo e ser o primeiro leitor daquilo que, sabe-se lá como, vem à minha mente e às pontas dos meus dedos. Gente que não confunde tato com ingenuidade. Respeito. Dirigir um set de filmagens em que cada um conhece seu lugar e, caso não seja solicitado, não se mete nas funções alheias. Assistir à magia da cena acontecendo na minha frente e, claro, diante da câmera ligada. Gritar "Ação!", em seguida "Cortou!" e finalmente passar para a próxima cena. Conversar interminavelmente com meus amigos, amigas e irmãs. Ouvir as histórias e trocadilhos engraçados da minha mãe. Assistir a filmes épicos clássicos com meu pai. Conseguir silenciar minha cabeça turbulenta e, após horas ou mesmo dias de desconexão interna, finalmente orar. ("Há na oração uma operação mágica. A oração é uma das grandes forças da dinâmica intelectual" ~ Charles Baudelaire.) Ler um livro que me causa boas e novas impressões, ampliando e/ou esclarecendo minha visão de mundo. Livros, filmes, seriados e pessoas que conseguem me fazer gargalhar. Observar, da cama, o cuidado e o prazer com que minha namorada se veste, se maquia e se penteia. Fazê-la rir. Ter insights e idéias ao conversar com ela. Quando ela me traz doces e se preocupa com meus horários. Quando ela, reconhecendo minha natureza irremediavelmente masculina, e exibindo sua segurança e auto-estima elevada, me envia por email fotos de mulheres nuas tão gatas quanto ela mesma. (É fotógrafa, fazer o quê.) Vê-la embarcar com suas fantasias em minhas fantasias, demonstrando entusiasmo ao mesmo tempo infantil e ousado. Me sentir um sheik entre almofadas, abajures, incenso e beleza. Sexo com rumor, humor e amor. Saber que há pessoas com as quais posso contar. Dançar. Músicas que me obrigam a dançar. Responder de modo surreal às perguntas dos meus sobrinhos. Lembrar, na hora H, que, no convívio com outras pessoas, não há criatividade na reação, e sim na ação. Reencontrar amigos das antigas. Sentir que meus desafetos desistiram de me encher o saco. Uma casa limpa. Luzes indiretas. Pinturas figurativas. Estátuas sensuais. Ficar um dia inteiro sem ler jornais e sem ver noticiário na TV. Conversar com a cabeleireira enquanto ela lava e massageia meu cabelo. Lembrar que a imortalidade da alma é um fato e que estamos a apenas seis pessoas, no máximo, de distância uns dos outros: a Hilda Hilst, o Bruno Tolentino e a Pórtia ainda irão me apresentar muita gente interessante…
P.S.: Essa pergunta me lembrou "Os trinta e três momentos felizes de Chin", do capítulo "O Festim da Vida", do livro "A Importância de Viver", de Lin Yutang, tradução de Mário Quintana. 🙂
Então VOCÊ é o autor do Garganta de Fogo? Eu lia esse blog! Impressionante como os "reacionários direitecas" acabam sempre em contato. Por que encerrou o blog? by KosherX
Sim, eu era o editor d’O Garganta de Fogo. Comecei a alimentá-lo sozinho em 2002 e, em 2005, o blog recebeu novos colaboradores. Decidi encerrá-lo em Dezembro de 2008. Os motivos? Bem, em geral, sempre que alguém inicia um blog coletivo, acaba convidando pessoas com quem, de antemão, compartilha idéias, ideologias, visão política, religiosa e assim por diante. Eu não: aceitei como colaboradores meus próprios amigos, gente com quem não tinha quase nada em comum além da amizade. Boa parte deles era de companheiros de montanha, trilha e caverna. O nome do blog, aliás, é a tradução direta do nome de um vulcão de 5060 metros que escalei no Equador: Tungurahua. Mas… ¿você conhece a expressão "Nomen est Omen"? Significa "Nome é destino". E foi o que aconteceu: o blog tornou-se um vulcão bastante ativo, com freqüentes erupções, ora iniciadas por mim, ora por algum colaborador. Durante algum tempo isso pode ter sido estimulante, mas todo vulcão acaba se exaurindo e entrando em extinção. Chegou o momento em que eu não tinha mais prazer em escrever ali, sem falar que estava atrapalhando o andamento de outros projetos, tanto literários quanto ligados ao cinema. Muitos colaboradores também estavam, tanto quanto eu, cansados das discussões e, ¿por que não?, das brigas. Antes que as relações se deteriorassem permanentemente, encerrei o blog.
Obrigado pela pergunta. 🙂
Você foi amante da Hilda Hilst? Ela "catou" voce? (Esta ainda está aqui.)
Não, não fui amante da escritora Hilda Hilst. E ela nunca me "catou". Quando a conheci, ela já tinha 69 anos de idade e, segundo me confidenciou, não tinha relações sexuais desde sua última paixão aos 50 anos. Nossas orgias foram puramente ou alcoólicas, ou intelectuais, ou espirituais. Ou tudo isso ao mesmo tempo. 🙂
Você já usou Viagra?
Não, nunca usei nem o Viagra de rico, nem o de pobre. ¿Não conhece Viagra de pobre? Chama-se crack. ¿Por que você acha que a crackolândia se desenvolveu em torno de vários hotéis baratos e decadentes? Porque os caras vão lá para fumar e transar, afinal o priapismo, segundo me disseram, é um dos efeitos da droga.
Obrigado pela pergunta.
Você gosta de samba? (Esta ainda está aqui.)
Se não gostasse, seria um mau sujeito, ruim da cabeça e doente do pé. Nem tenho como não gostar: meu pai ouve samba desde sempre. Claro, meu pai viveu a melhor época do Rio de Janeiro: dos anos 1940 até o final dos 1960, quando se casou e foi para São Paulo. Não saiu imune do Rio de Janeiro. E eu não saí imune à "vitrola" dele. Ainda aprendo a dançar gafieira. 🙂
Mas não me chame para ir a um pagode. A não ser que seja um pagode no japão. Gosto do estilo arquitetônico deles. 😉
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pagode_(templo)
E aquela parada do Livro de Urantia, ainda rola? (Esta pergunta ainda está aqui.)
Como assim "ainda rola"? 🙂 Se quer saber se o livro ainda me interessa, a resposta é sim, me interessa muito. É um dos livros mais impressionantes que já li. Mas já tratei a fundo do tema neste ensaio:
http://textos.yurivieira.com/ensaios/tlon-urantia-borges-deus/
Obrigado pela pergunta.
Ainda lembra da ‘taurina’? haha.
Sim, taurinas são inesquecíveis. Ao menos para um escorpiano… 😉
Qual a tua opinião sobre direitos autorais? É a favor ou contra? by KosherX (Esta ainda está aqui.)
Não sei se entendi bem sua pergunta. Talvez vc se refira ao Copyright. Porque, sendo eu um escritor e cineasta, como poderia ser contra meus direitos enquanto autor? Logo, sou a favor desses direitos. Mas o Copyright é uma outra história. Ainda não tenho uma opinião totalmente formada, mas já pensei bastante a respeito. Tanto que, se vc entrar no meu blog,
verá que há um link indicando que ele possui "Copyleft".
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/
(Ali, no pé da página, onde se lê "Alguns direitos reservados".)
Tá vendo? Sou um cara de direita que parece preferir "Copyleft" a "Copyright". Por que isso? Porque nessa nossa "era da reprodutibilidade técnica" — olha só o cara de direita citando Walter Benjamin, marxista da Escola de Frankfurt — nessa nossa era, não dá para controlar a forma como os "artefatos" artísticos são reproduzidos. (Neguinho vai copiar meeeesmo.) E nem acho que devemos controlar. Acho que o pensamento e a arte devem ser livres. Como escreveu Monteiro Lobato: "A censura é cerca de taquara; as idéias são ondas hertzianas". (Meus ebooks e curtas-metragens estão acessíveis gratuitamente na rede.) Nesse contexto, o que é o Copyleft? Nada mais que o próprio Copyright adaptado a essa nova situação. Copyright é, para mim, algo natural: eu fiz, eu criei, então é meu. Daí eu usar o Creative Commons e seu "Copyleft", a melhor proteção ao Copyright, pois ele garante:
1 – Atribuição: "Você deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que este concede qualquer aval a você ou ao seu uso da obra)";
2 – Uso não-comercial — "Você não pode usar esta obra para fins comerciais";
3 – Vedada a criação de obras derivadas — "Você não pode alterar, transformar ou criar em cima desta obra".
Respeitando esses meus direitos, a pessoa pode:
Compartilhar — "copiar, distribuir e transmitir a obra".
Em suma, a pessoa pode compartilhar a obra apenas se não esquecer de dizer QUEM é o autor, se NÃO VENDÊ-LA sem autorização (e isso é que é pirataria) e se NÃO usá-la como base para criar outra coisa, pois aí seria PLÁGIO. (Embora eu sempre me lembre que Shakespeare, Camões, etc. plagiaram outros autores, melhorando-os… Outra questão a se discutir.)
Desde a época da fita K7, copiamos músicas uns dos outros. Não há estudante universitário que sobreviva sem xerox. Emule… Limewire… Torrent… Sites de download… Como barrar isso? Prendendo essa gente? Besteira. Enquanto artista, quero mais é que meu trabalho se espalhe, que as pessoas tenham acesso ao que faço. Agora, quando alguém tiver uma idéia para ganhar dinheiro com o que faço, me inclua.
Outra coisa: acho 75 anos um tempo demasiado longo para que uma obra caia em domínio público. Não devia ser mais de 30 ou 35 anos.
No mais, o site http://mises.org traz boas discussões sobre "direitos autorais", "copyright" e "copyleft". Algumas coisas que disse aqui certamente estão lá, porque é onde mais li sobre o assunto nos últimos anos.
Espero que tenha respondido à sua pergunta.
Abração!
Vc tem tesão por mim?? (Esta ainda está aqui.)
Se não sei quem é você, ¿como poderia responder a essa pergunta?
(Aliás, ¿as perguntas anônimas são maioria apenas para mim ou isso é geral? "/ )
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