— Você já assistiu ao filme “O Advogado do Diabo”?
— Aquele com o Al Pacino?
— Esse mesmo.
— Já vi. Por quê?
— Lembra qual a declaração final do Diabo?
— Claro: “A vaidade é definitivamente o meu pecado favorito”.
— Pois é, acho que o pecado favorito do demônio que me atormenta é a luxúria.
— Ah, é bem mais fácil de lidar com esse. Sabe como se faz?
— Não.
— É só dar um chute no saco do demônio.
— Ah, tá certo, me ajudou muito.
— Sério. Posso fazer isso agora mesmo se você quiser.
— Beleza, manda.
E o amigo lhe dá um forte chute no saco, fazendo-o desabar ao chão. Enquanto rola de tanta dor, as mãos segurando os testículos, murmura entre gemidos:
— Seu filho da puta, que brincadeira idiota!
— Mas não foi brincadeira: qual saco você acha que o demônio da luxúria usa?
— Run, Forrest, run!
O amigo sai correndo pela coxia enquanto o outro, gemelhicando, rasteja vagarosamente em seu encalço para fora do palco. Cai o pano. Ninguém ri, ninguém aplaude, afinal, para o público de hoje já não existem demônios, pecados e, sobretudo, colhões — não houve a mais mínima identificação, não entenderam nada.
Fim.