Olavo de Carvalho já me disse isto ao telefone dez anos atrás, voltou a repeti-lo milhares de vezes em vídeos, aulas e entrevistas, e já escreveu outras tanto: “Eles não vão largar o osso!”. O Partido dos Trabalhadores não é um partido normal. Ele não pretende revezar-se no jogo democrático. Almejou o poder e, tendo-o alcançado, não se desfará dele… senão coercivamente. Com a jararaca se esgueirando até o único lugar que lhe pareceu seguro — o Palácio do Planalto —, para tornar-se pseudo-assistente de sua ex-assistente chucra (sua atual pseudo-chefa incompetente), ¿o que mais tem de acontecer para os zumbis apolíticos perceberem o que realmente se passa à sua volta? Eu falo daqueles que acham que está tudo bem, que acham que está tudo normal, que tudo se arranja por si só e que, no final, o mocinho ficará com a mocinha e o vilão não permanecerá com o poder nas mãos. Vilão, sim: Lula é um psicopata. Não adianta dizer isso a seus asseclas histéricos: eles comemoram cada uma de suas jogadas criminosas! Quando Mercadante foi pego com a boca na botija, um petista que conheço lamentou apenas que o Ministro da Ignorância tivesse se deixado enganar… Graças a uma consciência moral adormecida, o militante não viu nada de errado nas ações do seu herói! Mercadante agia claramente como um membro da Cosa Nostra! Sim, para essa caterva revolucionária não há moral, não há ética, não há escrúpulos, não há valores eternos, não há vergonha na cara: para atingir seus fins, tudo é permitido. O niilismo no qual vivem mergulhados lhes inspira a mais altiva indiferença, o mais presunçoso cinismo diante dos valores do próximo. Incapazes de conceber algo que transcenda o espaço-tempo, para eles só lhes interessa transformar o aqui e o agora, só lhes interessa o projeto de uma sociedade futura perfeita a ser realizada neste mundo por meio do Estado, uma sociedade tão perfeita que nós, que somos imperfeitos, em algum momento poderemos ser descartados sem qualquer remorso. Não é à toa que o olhar malicioso e irônico que disparam contra famílias vestidas de verde e amarelo, manifestantes “coxinhas”, seja exatamente o mesmo que vemos no rosto dos oficiais das fotografias de campos de extermínio.

Em geral, quando falamos dessa gente imoral com palavras diretas e duras, somos logo tachados pelos zumbis neutros, apolíticos, de caçadores de bruxas, de ‘maniqueístas’: “Ah, um paladino presunçoso a lutar contra os malvados! Como se houvesse realmente diferença entre o bem e o mal, como se essa batalha levasse a alguma coisa…”. Sim, é preciso lutar contra o mal que grassa no mundo — porque é justamente essa luta o contrário do maniqueísmo. O maniqueísmo é a crença de que tanto o bem quanto o mal são absolutos e que, por isso, não há razão para que um princípio combata o outro. Ora, se são ambos princípios eternos e indestrutíveis, ¿qual a razão do combate? Ninguém irá vencer, as coisas se arranjam… E é exatamente essa a posição daqueles que, ignorando o verdadeiro significado do termo, nos chamam de ‘maniqueístas’ — mas eles é que o são! O maniqueísmo gera a indiferença, a passividade, o comodismo e a falta de determinações. Quem permanece nessa posição mais cedo ou mais tarde será engolido pelos niilistas, aqueles cujas almas, incapazes de lidar com um sentimento natural de rebelião que brota diante de um mundo onde há finitude, morte, injustiça, incerteza e dor, e aparentemente nenhuma esperança ou virtude, aderem à religião da força, do poder, a qual, para nascer, exige a razão implacável, a alma fria e vazia, uma filha do Nada.

Devemos nos preparar para mais protestos pontuais ou massivos, manifestações, greves gerais, até mesmo, caso a coisa se estenda e aponte para uma futura Venezuela brasileira, a ação ucraniana, tudo o que for necessário — jamais desrespeitando nossa consciência e as leis eternas — para que nossa liberdade e a vida daqueles a quem amamos possam florescer sem o julgo de um tirano qualquer, seja este tirano uma pessoa, um partido ou uma ideologia revolucionária. O establishment sob o qual vivemos é incapaz de corresponder a nossos anseios e angústias. Ele precisa ser derrubado. Pouco importa se levará uma semana, seis meses, dez, vinte ou trinta anos, pois o ambiente cultural anódino e decadente desta época é hostil, e tampouco cairá logo após os criminosos que ora nos achacam. Se esse partido e se esse governo corrupto não caírem nas próximas semanas, não nos desesperemos. Tenhamos paciência. Estudemos. Cultivemos nossas virtudes. Sobretudo, confiemos em Deus e em nossas forças, porque o trabalho que nos espera é de longo prazo.

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Publicado no Facebook, no dia 16 de Março.