Paulistano que é mesmo paulistano gosta tanto de um “e” fechado que até meu nome, quando berrado por um deles, sai assim: “Yurêêêêêêêê!”. Alguns casais, vizinhos na rua da minha infância, tratavam-se mutuamente por “benhê”.

— Benhêêê! A nenê tá chorando!

Da mesma forma, é muito mais fácil, na capital paulista, entre paulistanos “da gema”, ouvir um “uê” do que um “ué”. Eu sempre notei essas diferenças porque, apesar de ter nascido e crescido em São Paulo, metade dos meus parentes são cariocas e a outra, goianos. (Sem falar nos parentes distantes baianos e mineiros…) Enfim… o caso é que o revisor do meu livro certamente é carioca: troca todos os meus “uê”s por “ué”s.

— Ué! Por que você usa esse monte de acento circunflexo? Tá errado isso.

— Uê, meu. Você nunca esteve em São Paulo? A maior parte dos meus personagens são paulistanos.

Não estou reclamando, estou apenas achando engraçado. A área de comentários no modo de revisão do Word chega a ser divertida.