Comentei no grupo do Garganta de Fogo (WhatsApp) que eu havia chorado recentemente ao rever tanto Rocky quanto Rocky II — e eles pensaram que eu estivesse brincando! “Choro assistindo a Masterchef”, respondeu um dos meus amigos. Bom, o fato é que eu estava falando MUUUITO sério. Eu havia assistido a ambos os filmes apenas na infância e, para mim, não passavam de duas historietas similares — e das mais simplórias e apelativas — sobre um boxeador que se supera e vence, em ambas, o mesmo brutamontes sem coração. Ou seja, fazia décadas que não via esses filmes e minha lembrança deles, no fundo, estava totalmente contaminada pelas besteiras modernetes e pós-modernetes que assimilamos da mídia e desses professores alienados da vida real e dos valores simples e eternos do povo. Mas Stallone não está isolado da realidade: ele vai diretamente à raiz dos valores tradicionais e, com seu Forrest Gump boxeador, mostra que um paspalho honesto e sincero entende mais do sentido da vida que um bando de intelectuais universitários. E não apenas isso: ele também sabe o que uma mulher significa para um homem e o que um homem significa para uma mulher. As pitadas de melodrama atiradas aqui e ali, ao longo de ambos os filmes, são inteiramente justificadas e, por isso, perdoadas: elas têm um sentido maior, justo e verdadeiro. O cinema brasileiro sairia do buraco se possuísse Stallones roteiristas. A partir de agora sou fã incondicional do Garanhão Italiano. E de Sylvester Stallone, esse gênio pop. Depois desses filmes ele pôde, pode e poderá realizar qualquer besteira cinematográfica, pois ambos o redimirão eternamente. Hilda Hilst tinha razão: se o cinema não emociona, não tem razão de ser. Obrigado pelas lágrimas, Sylvester Stallone.