palavras aos homens e mulheres da Madrugada

Autor: Yuri Vieira Page 31 of 82

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Por alguma razão irônica — afinal a Google é a empresa que criou a melhor ferramenta de buscas da internet –, meus ebooks podem ser encontrados facilmente na Amazon, na Kobo Books, na Livraria Cultura, na Agbook e no Clube de Autores, contudo, caso você pesquise meu nome no Google Play, não encontrará livro algum! Mas eles estão lá! Enquanto esse problema bizarro não é resolvido, publico abaixo os links para os livros já disponíveis na referida loja online. (Os ebooks adquiridos no Google Play estão no formato EPUB, logo, podem ser lidos em smartphones e tablets com Android, no iPhone, no iPad e em ereaders que aceitem EPUB, tais como o Sony Reader, o Nook e o Kobo.)

Os ebooks:

A Tragicomédia Acadêmica — Contos Imediatos do Terceiro Grau;

A Bacante da Boca do Lixo;

Mestre de um Universo;

Tlön, Urântia, Borges, Deus;

A Visitante do Planeta X.

Para conhecer meus outros livros (impressos) e ebooks, clique aqui.

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Atualização do dia 6 de Junho de 2013: meus ebooks começaram finalmente a aparecer na busca do Google Play.

Cinema e armas: John Huston e a vida numa colméia cinematográfica

John Huston

Quem já dirigiu um filme sabe que dificilmente irá escapar dos mil e um conflitos que costumam surgir entre os membros da equipe e os do elenco. Há sempre uma picuinha, uma invejinha, uma fofoquinha, uma conspiraçãozinha e demais infernidades que podem colocar tudo a perder. (E, se não colocam tudo a perder, ao menos deixam o saco do diretor bastante dolorido.) Sim, o set de filmagem não é senão um microcosmo a refletir o estado da sociedade que pariu toda essa gente. E é por isso que gostei tanto da solução encontrada pelo diretor John Huston (1906–1987) quando das filmagens de The Night of Iguana (1964): preocupado com a possibilidade e com as conseqüências de uma tal desordem em seu longínquo set — uma praia mexicana cuja distância da civilização impedia uma logística adequada –, e logo no primeiro dia, o irônico e ousado cineasta presenteou cada membro do elenco com uma caixa contendo uma pistola (de verdade!) cujas balas (reais!) continham gravados os nomes dos demais atores em seus cartuchos. Ou seja: cada ator era, desde o início das gravações, e em último caso, um cabra marcado para morrer…

Os membros da equipe técnica, em geral bem mais realistas do que os atores, costumam sossegar com o velho e bom dinheiro — seu profissionalismo está sempre acima da vaidade –, o que explica por que no pobre Brasil eles enchem tanto o saco e por que, nos ricos Estados Unidos, trabalham numa boa sem atrapalhar a ordem e sem violar a hierarquia. Mas quando se trata do ego dos atores… ah, o ego… O mero dinheiro não pode com ele!

Os defensores do desarmamentismo certamente esperariam testemunhar um massacre hollywoodiano dos mais sangrentos nesse set mexicano. Ou melhor: nesse set hustoniano. Mas a questão é que, pela primeira vez na vida, John Huston conseguiu o mais pacífico e tranqüilo dos ambientes de trabalho! Ora, quem é que iria arranjar confusão numa colméia cinematográfica onde cada ator possuía seu próprio ferrão? Locos, pero no tontos! Enfim, palmas para esse mestre, palmas para esse grande conhecedor, não apenas do cinema, mas também da natureza humana. (Hoje em dia, o coitado seria crucificado pelos politicamente corretos…)

O que é um bom roteiro?

Assista ao curta "Espelho"

Segue o depoimento que escrevi para a Revista Janela, publicação dedicada à produção audiovisual, respondendo à pergunta: E para você, o que é um bom roteiro?

Tal como numa excursão a pé, mochila às costas, mapa e bússola à mão, ao dirigir um filme o diretor não espera que todos os detalhes da “viagem” estejam prescritos por outra pessoa. O bom roteiro – tanto no cinema, quanto numa aventura – é aquele que apenas indica onde começa e onde termina a viagem. Ele deve guiar o diretor e o viajante sem impor uma camisa de força à sua imaginação e a seu talento. Quando olhamos o mapa de um Parque Nacional, em geral não fazemos a menor ideia de quais pontos realmente tocarão nosso coração. O que conhecemos é o ponto de partida e a chegada. É preciso estar atento ao percurso, alerta, dando azo a que o acaso seja aproveitado. Se o diretor é também o roteirista, poderá então iniciar seu trabalho de criação já no próprio roteiro, detalhando-o um pouco mais, mas sem esquecer que o frescor e a vitalidade da cena dependerá de seu trabalho no set. Um bom roteiro deve falar sempre ao coração, deve prender o espectador pelo desejo de ver — de ver mais, de ver aonde tal ação irá chegar etc — sem querer fazer discursos à sua mente racional. De fato, um roteiro que confunde ou surpreende nosso intelecto é muito mais marcante do que um roteiro didático e literariamente aborrecido. Um bom roteiro deve ser como a escalada de uma montanha: deve possuir um cume — o clímax — para onde todas as ações e decisões dos personagens empurram a trama. O clímax deve ser um soco no estômago ou uma forte pressão no coração. Se o clímax se atém à revelação de meras idéias pseudo-inteligentinhas, à diarréia verbal sem impacto emocional, o filme falha.

Filme: A Festa de Babette, de Gabriel Axel (1987) .
Yuri Vieira é escritor e cineasta.

Visite a revista para conhecer a opinião de outros cineastas.

Hervé Attia, o turista cinéfilo

Hervé Attia é um turista dos mais originais. E também um videomaker dos mais originais: ele visita as locações de seus filmes prediletos e, mediante comparações plano a plano, mostra em seus vídeos o estado atual dessas locações. Em seu canal no YouTube há dezenas de exemplos. Veja abaixo dois deles: Contatos imediatos do terceiro grau e Os pássaros.

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Mario Vargas Llosa no Roda Viva

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G.K. Chesterton: Sobre a leitura

G.K. Chesterton

A maior utilidade dos grandes mestres da literatura não é a literária; ela está além de seu estilo grandioso e até mesmo de sua inspiração emocional. A maior utilidade da boa literatura reside em impedir que um homem seja puramente moderno. Ser puramente moderno é condenar-se à limitação; assim como gastar o último centavo que há na terra no mais novo lançamento de chapéus é condenar-se a ficar fora de moda. A estrada dos séculos passados está repleta de homens que morreram, mas que de certa forma continuam vivos. A literatura clássica e permanente cumpre sua melhor missão quando nos lembra continuamente o vigor da verdade e quando equilibra idéias mais antigas com idéias atuais, às quais, por um momento, podemos estar inclinados. O modo como ela o faz, no entanto, é suficientemente curioso para valer a pena que o compreendamos perfeitamente.

Na história da humanidade, aparecem de tempos em tempos, de maneira especial em épocas agitadas como a nossa, certas coisas que no mundo antigo se chamavam heresias, mas que no mundo moderno chamam-se modas. Às vezes, são úteis durante certo tempo; outras vezes são completamente nocivas. Porém, sempre são aceitas, graças a uma convergência indevida em torno de uma verdade, ou de uma meia verdade. Assim, é verdade insistir no conhecimento de Deus, porém é herético insistir nele como o fez Calvino, a custo do amor de Deus; dessa maneira, é verdade desejar uma vida simples, porém é uma heresia desejá-la às custas dos bons sentimentos e das boas condutas.

O herege (que também é o fanático) não é um homem que ama demasiadamente a verdade; ninguém ama a verdade demasiadamente. O herege é um homem que ama sua verdade mais que a verdade mesma. Prefere as meias verdades que descobriu à verdade completa que a humanidade tem encontrado. Não lhe agrada ver seu pequeno e precioso paradoxo amarrado com vinte banalidades da sabedoria do mundo.

Às vezes, tais inovações têm uma sombria sinceridade, como Tolstói, outras, uma sensitiva e feminina eloqüência, como Nietzsche, e, às vezes, um admirável humor, ânimo e simpatia pública, como Bernard Shaw. Em todos os casos, provocam uma pequena comoção e talvez criam alguma escola. Porém, sempre se comete o mesmo erro fundamental: supõe-se que o homem em questão descobriu uma nova idéia. Porém, na realidade, o novo não é uma idéia, senão a divisão de uma idéia.

É muito provável que a idéia mesma se encontre distribuída por todos os grandes livros de caráter mais clássico e sensato, desde Homero e Virgílio até Fielding e Dickens. Podem-se encontrar todas as novas idéias em livros antigos, só que ali as encontraremos equilibradas, no lugar que lhes corresponde e, às vezes, com outras idéias melhores que as contradizem e as superam. Os grandes escritores não deixavam de lado uma moda porque não haviam pensado nela, mas porque haviam pensado também nas outras alternativas.

No caso de não ter ficado claro, tomarei dois exemplos, ambos referentes à idéia de ‘moda’ entre alguns dos teorizadores mais imaginativos e jovens. Nietzsche, como todos sabem, pregou uma doutrina que ele e seus seguidores aparentemente consideravam muito revolucionária; sustentaram que a moral altruísta simplesmente havia sido uma invenção de uma classe escrava para evitar que, em tempos posteriores, alguém surgisse para combatê-la e dominá-la. Os modernos, concordando ou não com Nietzsche, sempre se referem a essa idéia como algo novo e jamais visto. Com tranqüilidade e insistência, se supõe que os grandes escritores, digamos Shakespeare, por exemplo, não sustentou essa idéia porque jamais havia pensado nela. Recorramos ao último ato de Ricardo III de Shakespeare e encontraremos não só tudo o que Nietzsche tinha a dizer, resumido em duas linhas, mas também as mesmas palavras de Nietzsche. Ricardo o corcunda, disse:

Consciência é só uma palavra que usam os covardes,

Criada, a princípio, para infundir terror aos fortes.

Como já falei, o fato é evidente. Shakespeare havia pensado na idéia de Nietzsche e na Moralidade Suprema; porém deu-lhe seu próprio valor e a pôs no lugar que lhe corresponde. Este lugar é a boca de um corcunda meio louco nas vésperas da derrota. Essa raiva contra os debilitados só é possível em um homem morbidamente admirável, mas profundamente enfermo; um homem como Ricardo; um homem como Nietzsche. Este caso deveria destruir a fantasia absurda de que estas filosofias modernas são modernas no sentido de que os grandes homens do passado não pensaram nelas. Não é que Shakespeare não tenha visto a idéia de Nietzsche; ele a viu, porém viu além dela.

Tomarei um outro exemplo: o Sr. Bernard Shaw em sua peça marcante e sincera chamada Major Barbara, lança um dos mais violentos dos seus desafios verbais à moralidade proverbial. As pessoas dizem: “A pobreza não é nenhum crime”. “Sim,” diz o Sr. Bernard Shaw, “a pobreza é um crime e é mãe de crimes. É um crime ser pobre se você tem a possibilidade de se rebelar ou de enriquecer. Ser pobre significa ser covarde, servil ou idiota”. O Sr. Shaw mostra sinais de uma intenção de concentrar-se nesta doutrina, e muitos de seus seguidores fazem o mesmo. Agora, é apenas a concentração que é nova, não a doutrina.

Thackeray fez sair da boca de sua personagem, Becky Sharp, que é fácil ser moral com mil libras por ano, difícil é ser com cem. Porém, como no caso de Shakespeare que antes mencionei, o importante não é apenas que Thackeray conhecia esta doutrina, senão que sabia também seu valor. Ela não só lhe ocorreu, mas também ele sabia onde deveria colocá-la. Deveria ocorrer na conversa de Becky Sharp; uma mulher sagaz e mentirosa, porém que desconhecia completamente todas as emoções mais profundas que fazem a vida valer a pena. O cinismo de Becky, com Lady Jane e Dobbin para equilibrar, tem um certo ar de verdade. O cinismo do Undershaft do Sr. Shaw, apresentado com a austeridade de um discurso de campanha, simplesmente não é verdadeiro. Simplesmente não é verdade, em absoluto, dizer que os pobres são menos sinceros e mais covardes do que os ricos. A meia verdade de Becky se tornou primeiro em uma loucura e depois em um credo e, finalmente, em uma mentira. No caso de William Makepeace Thackeray, como no de Shakespeare, a conclusão a que chegamos é a mesma. O que chamamos de idéias novas são, geralmente, fragmentos das antigas idéias. Não é que uma idéia particular não tenha ocorrido a Shakespeare. É que, simplesmente, ele encontrou muitas outras boas idéias para livrá-lo da tolice.

G. K. Chesterton

Tradução: Agnon Fabiano

Fonte: Sociedade Chesterton Brasil.

Meus álbuns prediletos de Miles Davis

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