Blog do Yuri

palavras aos homens e mulheres da Madrugada

Mário Ferreira dos Santos: as virtudes

“Chamam-se virtudes todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.

É esse o conceito de virtude (de vir, homem). É a potência racional que inclina o homem à prática de operações honestas, tendentes para o bem.

Pode-se, assim, falar de virtudes morais e virtudes intelectuais. As que tendem para o bem honesto são morais, as que tendem para a verdade são as intelectuais. A caridade é uma virtude moral. As virtudes intelectuais, também chamadas especulativas, são a sabedoria, a ciência, etc.”


VIRTUDES CARDEAIS

“A palavra cardeal vem de cardo, cardinis, que, em latim, significa gonzo, em torno do qual gira a porta. As virtude cardeais são as virtudes fundamentais em torno das quais gira o ser humano. Toda virtude é uma capacidade ou aptidão para levar avante ações adequadas ao homem. Entre as virtudes adquiridas pelo homem, estabelecem-se quatro, que são fundamentais, ou capitais, às quais estão subordinadas outras, que são acessórias, ou subordinadas. Desde a antiguidade, classificou-se como virtudes cardeais: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

A prudência é aquela virtude que permite ao entendimento reflexionar sobre os meios conducentes a um fim racional. A prudência manifesta-se, assim, de vários modos. É uma virtude intelectual. Por si só ela não é realizadora de atos morais, mas, por facilitar a escolha, ela pode guiar a vontade, a fim de que esta se dirija, após a seleção feita pelo entendimento, para aqueles fins mais benéficos ao homem. Há uma prudência (sapiência) para conduzir a si mesmo e para conduzir os outros. A prudência exige: reflexão, capacidade atencional, para examinar os juízos e as idéias, e acuidade, para descobrir os meios mais hábeis. Exige, ademais, inteligência, capacidade de resolver com clareza e segurança, de modo a alcançar as melhores soluções.

A segunda virtude é a fortaleza ou valentia. Consiste esta na capacidade de enfrentar os perigos que se oferecem à obtenção dos bens mais elevados, e entre estes perigos, os males e a morte. Chama-se heroísmo a fortaleza quando enfrenta até a morte. Medo é o estado emocional que detém o ser humano ante o perigo. A fortaleza é uma vitória sobre o medo. A audácia é um desafio ao risco e à morte, indo-lhes ao encontro. É ela uma virtude, quando refreada. Os meios de fortalecimento da fortaleza são o exercício, que consiste em enfrentar os riscos e a perseveração na obtenção dos fins. Como as virtudes cardeais conjugam-se, a fortaleza recebe apoio e equilíbrio da prudência, pois, pelo saber, pode o homem empregar esta virtude em termos que lhe sejam mais benéficos possíveis.

A paciência é uma virtude subordinada à fortaleza, e consiste na capacidade constante de suportar as adversidades. Também o é, a generosidade, que é aquela virtude que se caracteriza pela energia e decisão no ataque do homem de brio e de valentia, sobretudo quando ele enfrenta a morte. São ainda virtudes afins à fortaleza, a confiança na sua capacidade de enfrentar os riscos, a munificência, que constitui a pronta decisão de sacrificar seus próprios bens para atingir fins elevados, a tenacidade, que é a disposição firme de enfrentar os obstáculos exteriores, e a constância, que é saber manter-se firme ante os obstáculos interiores.

A terceira virtude cardeal é a temperança. Esta consiste em aperfeiçoar, constantemente, a potência petitiva, sensitiva, de modo a conter o prazer sensitivo dentro dos limites estabelecidos da sã razão. Assim, a moderação é a temperança no comer, a sobriedade, no beber, a castidade, no prazer sexual.

Há virtudes outras auxiliares da temperança, como seja o decoro no modo de vestir e proceder, e o sentimento de honra, a humildade, que é a moderação na tendência a salientar-se, a mansidão, que é a temperança em refrear a ira, a clemência, que se manifesta na indulgência ao castigar, e a modéstia, que é a temperança nas manifestações exteriores.

A quarta é a justiça. Consiste ela na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e o valor que são devidos a alguém ou a alguma coisa.

O domínio da justiça permite o equilíbrio da moderação, da temperança, da fortaleza e da própria prudência. Essas quatro virtudes cardeais, que lhes são acessórias, ou subordinadas, nos limites marcados pela interatuação de umas sobre as outras, permitem formar o homem dentro dos mais altos valores. São assim as virtudes cardeais fundamentais, não só para a ordem social, como para a pessoal, pois não pode haver homens sãos nem sociedades sãs, onde a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança não estejam presentes. Todo trabalho pedagógico tem de se fundamentar, primacialmente, na preparação de seres humanos para que adquiram, pelos meios mais aptos e eficientes, estas quatro virtudes, infelizmente tão pouco estudadas pelos modernos, que as esquecem e não lhes dão o valor que elas realmente têm.

Distinguem-se as virtudes cardeais das virtudes teologais, no seguinte: as primeiras são adquiridas e fortalecidas pelo hábito; as segundas, ou nascemos com elas ou não, porque nem a fé, nem a esperança, nem a caridade as obtemos pelo exercício dos hábitos, mas, ou elas moram em nós mesmos, ou não moram.”


VIRTUDES TEOLOGAIS

“Assim como há virtudes cardeais, adquiridas pelo hábito constante, há virtudes que nos parecem espontâneas, que não são produtos de um hábito humano, como sejam a fé, a esperança e a caridade.

Na Ética religiosa, essas três virtudes são chamadas de teologais, porque não são elas produtos de um hábito, pois o homem não as adquire através do seu próprio esforço.

A é o assentimento do intelecto que crê, com constância e certeza, em alguma coisa. A prudência, podemos adquiri-la, a pouco a pouco, como podemos adquirir a fortaleza e alcançar, pelo nosso esforço, a justiça e a moderação, mas, para crer com constância e certeza em alguma coisa, não basta o nosso querer, é preciso que esse assentimento do nosso intelecto se dê espontaneamente. Ninguém gesta dentro de si a fé; ou a tem, ou não. Ou com ela nascemos, ou subitamente ela aflora em nós, sem necessidade de termos dirigido para ela, conscientemente, qualquer de nossos esforços.

A esperança é a expectação de algo superior e perfeito. Tem esperança aquele que aguarda algo de maior, de melhor, de mais perfeito, que venha a suceder.

A esperança não é o produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes nos escapam, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta pelo homem, porque não encontramos na estrutura da nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique.

A caridade é a mãe de todas as virtudes como diziam os antigos, e diziam-no com razão; é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito. A caridade, assim, supera a nossa natureza, porque, graças a ela, o homem avança além de si mesmo, além das suas exigências biológicas. É essa a razão porque, na Religião, essas três virtudes, que Cristo nos apontou, são consideradas como vindas de uma raiz mais longínqua.

A palavra de Cristo é clara. A fé, a esperança e a caridade são aquelas virtudes pelas quais o homem supera a si mesmo, pelas quais o homem tange a suprema perfeição. Todas as tentativas de explicar essas virtudes, com origem nos fatores emergentes e predisponentes, malograram até aqui. Elas não são o produto de uma prática, porque pode o homem praticar a caridade, sem tê-la no coração; pode o homem exibir uma crença firme, sem alimentá-la no seu âmago; pode o homem tentar revelar aos outros que é animado pela esperança, sem ressoar ela em sua consciência. Assim, podem praticar-se atos de fé, atos de esperança e atos de caridade, e estar-se ainda muito distante dessas três virtudes.

Não basta desejar adquiri-las; é preciso tê-las. A ciência é um hábito, como um hábito são também as outras virtudes, mas, sem a presença dessas três, aquelas esmaecem e se apagam. O verdadeiro homem religioso e virtuoso afana-se em adquirir as virtudes cardeais, mas humildemente espera que nele se fortaleçam as três virtudes teologais.

E nesta humilde espera está em grande parte a sua grandeza.”

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Santos, Mário Ferreira. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. São Paulo: Ed. Matese, 1963. Vols 1,4. (págs 1271-1272: “Virtude” e “Virtudes Teologais”; págs 233-235: “Cardiais”).

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A ruína da intuição feminina

Em seu livro Psicologia, escreve o filósofo Mário Ferreira dos Santos:

“…a consciência é gradativa; apresenta uma infinidade de graus.

“Acentuava William James que as naturezas geralmente emotivas, muito acessíveis aos movimentos afetivos, podem caracterizar-se, em linhas gerais, por um mais alto grau e por um campo mais estreito de consciência, que os não-emotivos.

“Reduzindo a extensidade, aumenta-se a intensidade, eis uma lei que registramos em todo o existir tempo-espacial.

“O fato de sempre necessitar o homem um campo mais amplo de atividade, levou-o a dispersar mais a sua consciência atencional.

“A mulher sempre esteve mais ligada à moradia. Enquanto o homem tinha maior campo de ação e por isso generalizava mais, a mulher, por estar mais perto da singularidade dos fatos, captou melhor o heterogêneo. Por isso, é ela mais intuitiva que o homem, sendo este mais racional.”

Psicologia, Mário Ferreira dos Santos, Editora Logos, 5ª edição, 1963.

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Agora que a mulher leva uma vida semelhante à do homem, não se espante por vê-la sempre a meter-se em enrascadas sentimentais — culpando um suposto “dedo podre” — e a vê-la, tal como um homem, incapaz de notar que a amiga tem um corte novo de cabelo ou que o cônjuge tem mais problemas do que se imagina. A “caracterologia” e a atenção em profundidade, tão dependentes da intuição intensista, já não são dons femininos — por outro lado, se ainda são dons naturais, estão reprimidos.

Antes de alguém vir criticar o texto acima, lembre-se de que Mário Ferreira dos Santos certamente tinha uma compreensão mais profunda dos conceitos de “extensidade”, “intensidade”, “generalização”, “razão”, “singularização”, “intuição”, “homogêneo”, “heterogêneo”, e assim por diante, do que julga a vã filosofia de quem nunca levou a sério a filosofia.

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Isentão ou ¿Todo brasileiro é corrupto?

Dias atrás, um amigo — um excelente amigo —, durante uma conversa num grupo do WhatsApp, fazendo o “isentão”, declarou que não é de direita nem de esquerda, nem dá palpites em política, porque “todo brasileiro é corrupto”. Decidi então recorrer ao mais básico dos silogismos, no qual, para efeito de manutenção da amizade, chamarei aqui esse amigo de Fulano, e lhe respondi:

Premissa maior: Todo brasileiro é corrupto.
Premissa menor: Fulano é brasileiro.
Conclusão: Fulano é corrupto.

E então lhe indaguei: ¿há algum erro nesse silogismo? Ele nunca me respondeu…

Comentando o caso com outro amigo, este me disse que eu poderia ter escrito:

Premissa maior: Todo brasileiro é corrupto.
Premissa menor: A mãe de Fulano é brasileira.
Conclusão: A mãe de Fulano é corrupta.

Achei a proposta engraçada, mas indecorosa. Não era minha intenção forçar meu amigo a uma resposta, ainda que motivada emocionalmente, mas apenas fazê-lo pensar. Ora, ao longo da minha vida, conheci um número muito maior de pessoas honestas do que de pessoas desonestas, até mesmo entre esquerdistas. (Neste último caso me refiro a questões práticas, de ética no trabalho, por exemplo, e não à honestidade intelectual.) O número de pessoas corruptas só nos parece demasiado grande apenas porque, quando esses desonestos agem nessa clave, costumam causar grandes danos, os quais sobressaem diante do panorama geral da moralidade saudável. Certos atos desonestos são como um Pão de Açúcar frente às praias da honestidade: nossa vista é automaticamente atraída por eles.

O fato é que o pensamento revolucionário — tal como comentei numa crônica de 2006, “A culpa é da sociedade” — prega exatamente essa perspectiva, afinal, pretende destruir aquilo que Alain Peyrefitte afirmava ser o liame social por excelência: o par complementar “confiança-esperança”. Num estado totalitário, todos os cidadãos devem ser colocados uns contra os outros, visando um domínio mais eficiente, por parte do Politburo, de suas consciências: dividir para reinar. O que um “isentão” não percebe é que, mesmo declarando-se “não-esquerdista”, ele se move, vive e existe dentro de uma atmosfera cultural moldada, no mínimo, pela Escola de Frankfurt. É por isso que muita gente, por mais que odeie um partido como o PT, ainda assim defende um sem número de princípios e valores semelhantes aos dos membros do partido — se não comunistas ao menos progressistas (que é o comunismo em doses homeopáticas) — e nem sequer se dá conta disso.

Albert Camus, que também estudou o movimento revolucionário, escreveu em O Homem Revoltado:

“No fim desta longa insurreição, em nome da inocência humana, surge, por uma perversão essencial, a afirmação da culpabilidade geral. Todo homem é um criminoso que se ignora. O criminoso objetivo é justamente aquele que se supunha inocente. (…) Trata-se aqui de uma objetividade científica? Científica não, mas sim histórica”, pois, lembra Camus, a História justificará todos os crimes cometidos pelo movimento revolucionário contra esses supostos “criminosos” no caminho para a sociedade socialista perfeita.

E, ao falar das conseqüências dessa conversão de uma condenação subjetiva, por parte dos revolucionários, em um ato objetivo contra o “herege”, Camus resume: “é a definição filosófica do terror”. A mentalidade revolucionária, pois, considera “culpado tudo o que ela própria não aprovar”. Sua ideologia se torna “matéria de fé” e recai na “evangelização forçada”, perseguindo, assim, “os culpados que fabrica”.

Deste modo, continua Camus, “a culpabilidade já não reside no fato, mas sim na simples ausência de fé [na ideologia], o que explica a aparente contradição do sistema objetivo. Num regime capitalista, o homem que se diz neutro é considerado como favorável, objetivamente, ao regime. No regime do Império [revolucionário], o homem que se mostra adepto da neutralidade é julgado hostil, objetivamente, ao regime. (…) Aderir à lei, numa atitude de indiferença, é coisa que não basta; há que vivê-la e que agir em seu serviço; há que se manter o indivíduo sempre vigilante para aderir a tempo quando os dogmas se transformam. Ao menor erro, a culpabilidade em potência torna-se por sua vez objetiva”.

Em suma: quando alguém, meu caro isentão, luta contra a mentalidade revolucionária, esse alguém está lutando por ti; e caso esse alguém saia derrotado, a idéia que os revolucionários te impuseram através da cultura e da educação — a saber, a idéia de que “todos são corruptos” — poderá, mais cedo ou mais tarde, ser usada contra ti.

Reconhecer a possibilidade da corrupção de si mesmo não é abraçar a corrupção, assim como reconhecer-se um pecador não é abraçar o pecado: é prevenir-se contra ambos. Já para a mentalidade revolucionária é sempre uma condenação prévia que visa o momento oportuno da pena capital; para ela, exatamente porque não reconhece uma ética transcendente, as palavras ‘corrupto’ e ‘corruptível’ são sinônimas.

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Pastoral Brasileira: Dilma e Merry

Comentei a respeito durante o II Encontro de Escritores na Virginia, mas não sei se tratei do assunto aqui: se Dilma Rousseff tivesse nascido nos EUA, um país que a duras penas, graças à sua Constituição e à força da tradição judáico-cristã, ainda mantém algum nível de sanidade social, ela teria sofrido o mesmo destino da personagem Merry, filha do “Sueco”, do livro Pastoral Americana, de Philip Roth: uma terrorista de esquerda que apenas destrói a própria família e enlouquece. Só mesmo um país enlouquecido por anos de doutrinação comunista, bombardeado por valores progressistas ‘made in Escola de Frankfurt’, por bizarrices culturais cínicas e niilistas, como o Brasil, para enxergar uma sanidade inexistente em tal mulher e, por cima de tudo, elegê-la presidente da república. Dilma, se vista pelo microscópio da inteligência literária, não passaria de uma ameba revolucionária sem um pingo de virtude na alma.

Só mesmo uma pessoa dotada de má consciência ainda tem a ousadia de defendê-la.

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Antivírus e laranjas

Tradução do “vá estudar” dos esquerdistas: “vá lavar seu cérebro com ideologia semelhante à nossa”. No, gracias.

A verdade é que não adianta discutir com mentalidades revolucionárias. Antes elas precisam passar pela terapia de ler Krishnamurti, cujo discurso formata o cérebro, apaga tudo. (Por isso, se suas convicções e sua fé não forem verdadeiras, pouco importando a natureza delas, cuidado com ele.)

Um debate, aliás, ao qual gostaria de assistir: Sócrates X Krishnamurti. ¿Quem daria um nó em quem? Bom, ainda aposto em Sócrates.

A caminho do “protesto a favor”, um petista é interpelado por Krishnamurti. Dez páginas depois, o petista está catatônico, dando boot no seu sistema mental.¿Reinstalará o mesmo sistema operacional? Não sabemos. Mas já dá para conversar com ele um bocado.

A caminho do “protesto a favor”, um petista passa pela Ágora e é interpelado por Sócrates. Dez páginas mais tarde, o petista não é mais petista. Sócrates desinstala o sistema bugado e reinstala um zero bala ao mesmo tempo.

Mas ambos, Sócrates e Krishnamurti, infelizmente, já não abordam voluntariamente ninguém. Passaram desta para melhor. Exigem atenção voluntária do interessado mediante livros. Por isso…

A caminho do “protesto a favor”, um petista passa por São Bernardo do Campo e é interpelado por Lula em plena calçada. Uma hora depois, o petista vira laranja…

É, o jeito é instalar o antivírus Moro.
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Postado em Março, no Facebook.

10 anos: parece que foi ontem

Em 2006, publiquei cerca de dez horas de entrevista (em áudio) com Olavo de Carvalho, sua primeira aparição no YouTube. Eu procurava, procurava, procurava e não encontrava nada sobre ele ali. ¿Como era possível? ¿Depois de Olavo ter escrito todos aqueles livros?! Absurdo. Então lhe fiz a proposta e ele a aceitou. Nas gravações, a atualidade de tudo o que ele diz é espantosa. Desde então, graças ao movimento revolucionário, o Brasil permaneceu completamente atolado. Ou melhor: afundou mais.

Quem não ouviu essa conversa — que acabou dando origem ao programa True Outspeak — não sabe o que está perdendo…

Caso alguém queira baixar os arquivos MP3, clique aqui.

Ouça a entrevista completa abaixo:

Que larguem o osso!!

Olavo de Carvalho já me disse isto ao telefone dez anos atrás, voltou a repeti-lo milhares de vezes em vídeos, aulas e entrevistas, e já escreveu outras tanto: “Eles não vão largar o osso!”. O Partido dos Trabalhadores não é um partido normal. Ele não pretende revezar-se no jogo democrático. Almejou o poder e, tendo-o alcançado, não se desfará dele… senão coercivamente. Com a jararaca se esgueirando até o único lugar que lhe pareceu seguro — o Palácio do Planalto —, para tornar-se pseudo-assistente de sua ex-assistente chucra (sua atual pseudo-chefa incompetente), ¿o que mais tem de acontecer para os zumbis apolíticos perceberem o que realmente se passa à sua volta? Eu falo daqueles que acham que está tudo bem, que acham que está tudo normal, que tudo se arranja por si só e que, no final, o mocinho ficará com a mocinha e o vilão não permanecerá com o poder nas mãos. Vilão, sim: Lula é um psicopata. Não adianta dizer isso a seus asseclas histéricos: eles comemoram cada uma de suas jogadas criminosas! Quando Mercadante foi pego com a boca na botija, um petista que conheço lamentou apenas que o Ministro da Ignorância tivesse se deixado enganar… Graças a uma consciência moral adormecida, o militante não viu nada de errado nas ações do seu herói! Mercadante agia claramente como um membro da Cosa Nostra! Sim, para essa caterva revolucionária não há moral, não há ética, não há escrúpulos, não há valores eternos, não há vergonha na cara: para atingir seus fins, tudo é permitido. O niilismo no qual vivem mergulhados lhes inspira a mais altiva indiferença, o mais presunçoso cinismo diante dos valores do próximo. Incapazes de conceber algo que transcenda o espaço-tempo, para eles só lhes interessa transformar o aqui e o agora, só lhes interessa o projeto de uma sociedade futura perfeita a ser realizada neste mundo por meio do Estado, uma sociedade tão perfeita que nós, que somos imperfeitos, em algum momento poderemos ser descartados sem qualquer remorso. Não é à toa que o olhar malicioso e irônico que disparam contra famílias vestidas de verde e amarelo, manifestantes “coxinhas”, seja exatamente o mesmo que vemos no rosto dos oficiais das fotografias de campos de extermínio.

Em geral, quando falamos dessa gente imoral com palavras diretas e duras, somos logo tachados pelos zumbis neutros, apolíticos, de caçadores de bruxas, de ‘maniqueístas’: “Ah, um paladino presunçoso a lutar contra os malvados! Como se houvesse realmente diferença entre o bem e o mal, como se essa batalha levasse a alguma coisa…”. Sim, é preciso lutar contra o mal que grassa no mundo — porque é justamente essa luta o contrário do maniqueísmo. O maniqueísmo é a crença de que tanto o bem quanto o mal são absolutos e que, por isso, não há razão para que um princípio combata o outro. Ora, se são ambos princípios eternos e indestrutíveis, ¿qual a razão do combate? Ninguém irá vencer, as coisas se arranjam… E é exatamente essa a posição daqueles que, ignorando o verdadeiro significado do termo, nos chamam de ‘maniqueístas’ — mas eles é que o são! O maniqueísmo gera a indiferença, a passividade, o comodismo e a falta de determinações. Quem permanece nessa posição mais cedo ou mais tarde será engolido pelos niilistas, aqueles cujas almas, incapazes de lidar com um sentimento natural de rebelião que brota diante de um mundo onde há finitude, morte, injustiça, incerteza e dor, e aparentemente nenhuma esperança ou virtude, aderem à religião da força, do poder, a qual, para nascer, exige a razão implacável, a alma fria e vazia, uma filha do Nada.

Devemos nos preparar para mais protestos pontuais ou massivos, manifestações, greves gerais, até mesmo, caso a coisa se estenda e aponte para uma futura Venezuela brasileira, a ação ucraniana, tudo o que for necessário — jamais desrespeitando nossa consciência e as leis eternas — para que nossa liberdade e a vida daqueles a quem amamos possam florescer sem o julgo de um tirano qualquer, seja este tirano uma pessoa, um partido ou uma ideologia revolucionária. O establishment sob o qual vivemos é incapaz de corresponder a nossos anseios e angústias. Ele precisa ser derrubado. Pouco importa se levará uma semana, seis meses, dez, vinte ou trinta anos, pois o ambiente cultural anódino e decadente desta época é hostil, e tampouco cairá logo após os criminosos que ora nos achacam. Se esse partido e se esse governo corrupto não caírem nas próximas semanas, não nos desesperemos. Tenhamos paciência. Estudemos. Cultivemos nossas virtudes. Sobretudo, confiemos em Deus e em nossas forças, porque o trabalho que nos espera é de longo prazo.

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Publicado no Facebook, no dia 16 de Março.

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