É sempre estranho conversar com alguém que — mesmo depois de todos os relatos a respeito dos canibais Tupinambás e quejandos (ou dos Korowai, ainda em plena atividade antropofágica na Papua-Nova Guiné), dos canibais da América do Norte (apud Alexis de Tocqueville), dos relatos a respeito dos Jívaros equatorianos (os famigerados “encolhedores de cabeças”) e dos não menos bizarros “caçadores de pênis” (Sir Francis Richard Burton, em sua primeira viagem para descobrir a nascente do Nilo, ganhou uma cicatriz no rosto ao escapar deles) — ainda acredite na teoria do bom selvagem. A coisa toda atingiu seu ápice nos dias que seguem, quando não apenas os bons selvagens são automaticamente bons, mas até mesmo as feras da selva são boníssimas. No fundo, tudo não passa de vácuo espiritual. Ou o mundo volta para os eixos pelo bem, ou um futuro califado islâmico o fará entender o espírito da coisa pelo outro lado…