Durante os debates do Encontro de Escritores organizado pelo Olavo de Carvalho nos EUA, mencionei o romance Pastoral Americana, escrito por Philip Roth. Falávamos, se não me falha a memória, sobre como certos acontecimentos na vida social, política e cultural estão prefigurados na literatura. E então comentei sobre como, a meu ver, teria sido a vida de Dilma Rousseff caso ela tivesse nascido nos EUA: basta acompanhar a vida da personagem Merry no referido romance. Para quem estiver sem tempo — a tradução brasileira tem 478 páginas — sugiro o filme Pastoral Americana, de 2016, disponível na Netflix, cuja trama é bastante fiel à do livro. (Claro, o cinema, contrastado à literatura, dificilmente atinge a mesma profundidade de expressão, mas, para quem quiser ter um lampejo sobre o que eu quis dizer, já é um bom começo.)
O romance, obviamente, não retrata apenas um modelo americano da nossa ex-presidente: mostra principalmente a transformação “antes da Federal / depois da Federal”, por assim dizer, de boa parte dos jovens do Ocidente e seu corolário, isto é, a situação na qual terminam seus pais, uma situação muito mais grave do que um mero “choro de chuveiro”.
No Brasil as pessoas babam na gravata há tanto tempo que Merry chegou a ser eleita… presidentA.